Em 2016, uma dupla de astrofísicos constatou que alguns objetos transnetunianos localizados no Cinturão de Kuiper tinham orbitas muito peculiares, deformadas pela interação gravitacional provocada por algum objeto invisível e de grande massa. Agora, uma nova descoberta reforça ainda mais essa possibilidade.
Os pesquisadores identificaram o novo objeto - possivelmente um planeta anão - em dados do DES, um projeto que investiga a aceleração da expansão do universo, examinando uma região bem acima do plano do sistema solar.
Muitos Planetas
Existem teorias que mostram que pode haver muitos planetas escondidos na borda do Sistema Solar. Neste caso, Planeta Nove seria apenas um dos objetos de uma série que ainda não encontramos.
Utilizando dados obtidos pelo projeto Dark Energy Survey (DES), cientistas da Universidade de Michigan descobriram um novo objeto dentro da mesma região do Sistema Solar e cuja orbita anômala coincide com aquela já obervada e prevista por Konstantin Batygin e Michael Brown, ligados ao Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Segundo Batygin e Brown, esse achatamento orbital observado só é possível se um grande planeta com 10 vezes a massa da Terra estiver agindo nas proximidades do Cinturão de Kuiper. Eles batizaram esse suposto mundo de Planeta Nove.
"Se o esse planeta existir dentro do Sistema Solar será uma descoberta inigualável", disse Gregory Laughlin, coautor do estudo recente, ligado à Universidade de Yale.
Segundo o paper (trabalho científico), esse novo objeto, batizado de 2015 BP519, é único, pois sua órbita é inclinada 54 graus em relação ao plano do Sistema Solar, algo nunca visto anteriormente naquela região, mas previsto pelos trabalhos de Batygin e Brown dois anos antes, que afirmavam que a gravidade do Planeta Nove empurraria alguns objetos do Cinturão de Kuiper para fora de seu plano inicial para inclinações orbitais cada vez maiores.
"Não há uma maneira real de colocar algo em uma órbita como essa, a não ser que exista de fato um objeto muito grande interagindo nas proximidades", disse Brown. Por sua vez, seu colega Batygin observa que o novo objeto se encaixa tão perfeitamente com o modelo que quase parece um dos parâmetros usados nas simulações.
O DES detectou pela primeira vez evidências do novo objeto no final de 2014 e desde então os pesquisadores passaram a rastrear sua órbita, tentando entender sua origem e evolução.
Foram feitas muitas simulações, retrocedendo o relógio em 4.5 bilhões de anos. De acordo com o estudo, nada explica como o novo objeto adquiriu essa orbita tão inclinada. Essa anomalia só foi obtida após a inserção simulada de um novo planeta, com as características previstas Batygin e Brown. Quando esse objeto foi inserido nos modelos, a órbita maluca finalmente fez sentido.
Para os pesquisadores, Uma interação forte e sustentada com o Planeta Nove parece ser a única maneira de aumentar a inclinação do objeto, afastando-o do plano do sistema solar. "Não há outra maneira razoável de povoar o Cinturão de Kuiper com corpos tão inclinados", disse Batygin.
Seja como for, é certo que existe algo relativamente grande em termos planetários que está de fato mexendo com a órbita de alguns objetos no Cinturão de Kuiper. No entanto, a falta de conclusões definitivas e observações diretas não permite afirmar o que estaria causando essa anomalia e qualquer conclusão precipitada só serviria para alimentar a ideia de existência de novos planetas.
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