Alemanha diz que Rússia pode estar por trás de ataque cibernético



O governo alemão tem que partir do princípio que o recente ciberataque a seu Ministério do Exterior foi perpetrado por Moscou, declarou o chefe da diplomacia da Alemanha, Heiko Maas, em entrevista à TV ZDF, neste domingo (15/04).
O ministro listou, além disso, uma série de "ações problemáticas" da liderança russa, incluindo a falta de progresso na implementação de um cessar-fogo no Leste da Ucrânia; um atentado empregando agente químico tóxico no Reino Unido; o apoio do país ao governo de Bashar al-Assad, na Síria; assim como seus esforços para influenciar eleições ocidentais.
"Tivemos um ataque ao Ministério do Exterior, sobre o qual temos que concluir que partiu da Rússia. Não podemos simplesmente desejar que não fosse assim. [...] E acho que não é só razoável como necessário enfatizar que não vemos essas como contribuições positivas", comentou Maas.
Em 28 de fevereiro, Berlim informou que um grupo de hackers conseguira penetrar na rede governamental de computadores, num ciberataque isolado, que pôde ser controlado. Na época, a imprensa alemã especulou se a invasão fora obra de um coletivo russo de hackers.
Steinmeier adverte contra demonização da Rússia
Por sua vez, falando ao jornal Bild am Sonntag, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, alertou para a necessidade de não desistir dos esforços diplomáticos junto à Rússia, sobretudo em face das tensões crescentes com aquela nação.
"Independente de [presidente Vladimir] Putin, não podemos declarar como inimiga a Rússia como um todo, o país e sua gente. Isso vai contra a nossa história e coloca coisas demais em jogo."
O político social-democrata admitiu que o atentado químico contra o ex-agente duplo Sergei Skripal no Reino Unido é preocupante, "mas deve nos preocupar pelo menos na mesma medida o galopante estranhamento entre a Rússia e o Ocidente, cujas consequências vão bem mais longe do que esse caso".

Alemanha não participará de ação militar contra a Síria, diz Merkel


A chanceler federal Angela Merkel disse na quinta-feira passada (12/04) que a Alemanha não vai tomar parte em uma eventual ação militar contra o regime sírio em resposta ao ataque químico contra uma área rebelde no último final de semana.
Os EUA, a França e o Reino Unido apontaram que o governo de Bashar al-Assad pode ter cometido o ataque e ainda estudam uma possível retaliação militar contra as forças do ditador.
Diante da escalada de tensão na região, Merkel tratou de esclarecer a posição da Alemanha.
 "A Alemanha não participará de uma possível – ainda não houve nenhuma decisão, quero enfatizar isso – ação militar”, disse, após reunião com o primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, em Berlim.
"Mas, nós apoiamos tudo que está sendo feito para mostrar que o uso de armas químicas não é aceitável”, disse Merkel, acrescentando que, se for necessário, a Alemanha vai procurar ajudar os EUA, a França e o Reino Unido por meio de ajuda que não envolva militares.
No momento, a Alemanha participa na Síria e no Iraque junto com os EUA e outros países dos esforços militares para combater as forças terroristas do Estado Islâmico (EI). A operação foi iniciada em 2015 e desde então a Alemanha vem empregando aviões de reconhecimento e de reabastecimento na região. 
Merkel também apontou "há muito indícios de que o regime sírio empregou armas químicas novamente, como já fez há cerca de um ano”.
A chanceler também criticou brevemente a Rússia – aliada do regime sírio –, que nesta semana vetou no Conselho de Segurança uma resolução dos EUA para a formação de uma equipe de inquérito para investigar o ataque químico. Para Merkel, esse tipo de ação "não conta a favor da Rússia”.
Também nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Mass, disse que nem os franceses nem os americanos procuraram os alemães para pedir assistência militar.
Merkel foi questionada por repórteres sobre o que pensava sobre a linguagem belicosa e por vezes contraditória do presidente dos EUA, Donald Trump, que em dado momento pareceu anunciar um ataque iminente contra a Síria e depois moderou o tom. Merkel, no entanto, evitou responder.

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