Em meio à escassez de crédito e à retração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento do investimento no país, a China se apresenta como opção de funding com taxas abaixo da média do mercado brasileiro para projetos em vários setores.
O governo chinês e o grupo Huayang, um dos maiores conglomerados empresariais chineses, disponibilizam US$ 3 bilhões por meio de um novo fundo, exclusivo para empreendimentos no Brasil ou empresas nacionais interessadas em expandir suas atividades para a China.
A Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil-China (CCDIBC) representa no país o fundo criado pelo Huayang, com capital estatal e próprio, e opera como um banco de projetos.
Responde pela primeira avaliação do empreendimento e oferece consultoria para adequar a solicitação dos interessados às exigências chinesas, antes do envio para análise de crédito e garantias pelo fundo de investimentos sediado em Hong Kong.
Fabio Hu, presidente da CCDIBC, diz que espera fechar contratos ainda este ano e cita algumas atividades prioritários: infraestrutura e logística, construção civil, agronegócio, parcerias público-privadas (PPPs), concessões públicas, tecnologia, startups, produção de carros e caminhões elétricos e energia (solar, eólica, hidrelétrica, usinas de tratamento de lixo e petróleo e gás).
Segundo ele, a atuação da câmara como banco de projetos dará mais agilidade à concessão de funding. Ele lembra que no Brasil as taxas de mercado são muito altas e que os processos de liberação de empréstimos pelo BNDES ou até instituições chinesas já estabelecidas no Brasil, como Bank of China ou China Construction Bank (CCB), "demoram muito".
Hu argumenta que empresas e investidores brasileiros têm dificuldade para acessar empréstimos de instituições financeiras da China por causa da qualidade e do formato dos projetos. O fundo estatal de US$ 20 bilhões lançado no fim de junho deste ano, numa iniciativa bilateral dos governos brasileiro e chinês, ainda não liberou recursos.
Segundo o presidente da CCDIBC, os US$ 3 bilhões do fundo do Huayang podem financiar até 85% de um projeto, priorizando operações acima de US$ 100 milhões. "Mas isso não quer dizer que valores menores não serão analisados.
Se for um bom projeto, que represente parceria estratégica para a China, podendo gerar exportação de produtos chineses e empregos, também é interessante. O fundo pode financiar até capital de giro", adianta Hu.
Ele não detalha as condições das operações com o fundo chinês, conta apenas que as taxas anuais podem variar a partir de 4% ao ano, "dependendo da rentabilidade de cada projeto", e que as transferências internacionais de recursos serão feitas por canais bancários tradicionais.
José Mauro da Fonseca, sócio-diretor da Ligue Connections, diz que está com pedido de capital de giro em análise pelo fundo Huayang depois de usar a consultoria da CCDIBC.
Na reta final depois de quase três anos de elaboração, o projeto da empresa, parceira no Brasil da operadora de telecomunicações britânica Vodafone, prevê a criação de serviço de telefonia móvel só para empresas.
Além das taxas favoráveis, o que mais chamou atenção do executivo na operação foi a agilidade do processo e a opção por uma taxa de câmbio fixa estipulada em contrato, uma espécie de hedge cambial automático oferecido pelo próprio fundo.
"Para conseguir o valor que queremos do BNDES, por exemplo, precisaríamos de alguma indicação política ou nunca teríamos. Já num banco comercial as taxas inviabilizariam a previsão de rentabilidade do negócio", afirma Fonseca, sem revelar o valor e as condições do contrato. "Assinamos termo de confidencialidade."
O cientista político Paulo Esteves, diretor do Brics Policy Center e professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, diz que o financiamento chinês de projetos por meio de instrumentos financeiros internacionais, seja com capital estatal ou privado, está relacionado com o excesso de reservas acumulado pela China nos últimos 15 anos, 20 anos.
Além disso, acrescenta, essa prática pode ser considerada uma continuação da "exportação de capital" do país asiático, que nos últimos anos foi marcada principalmente por participação de empresas chinesas em projetos "greenfield" (novos) e, mais recentemente, em operações de fusão e aquisição.
"A estruturação de fundos financeiros pode ser algo novo no Brasil, mas a China já vem fazendo isso no mundo todo, via fundos soberanos ou privados. É uma estratégia de exportação de capital para alavancar projetos de interesse chinês no exterior. O que devemos prestar atenção é no foco que esses fundos dão para infraestrutura, em particular projetos na área de energia, sobretudo energia limpa. Esse é um campo em que a China busca um posicionamento de liderança global", explica Esteves.
Fundado em 1984, o conglomerado China Huayang Economic and Trade Group tem sedes em Pequim e Hong Kong e atua em várias atividades, entre elas obras de infraestrutura, comércio exterior, indústria e petroquímica.
No setor financeiro, o Huayang tem sob seu guarda-chuva dois bancos - Bank of Anshan e Xiamen International Bank - e uma dúzia de fundos de investimentos com capital superior a US$ 50 bilhões.
O governo chinês e o grupo Huayang, um dos maiores conglomerados empresariais chineses, disponibilizam US$ 3 bilhões por meio de um novo fundo, exclusivo para empreendimentos no Brasil ou empresas nacionais interessadas em expandir suas atividades para a China.
A Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil-China (CCDIBC) representa no país o fundo criado pelo Huayang, com capital estatal e próprio, e opera como um banco de projetos.
Responde pela primeira avaliação do empreendimento e oferece consultoria para adequar a solicitação dos interessados às exigências chinesas, antes do envio para análise de crédito e garantias pelo fundo de investimentos sediado em Hong Kong.
Fabio Hu, presidente da CCDIBC, diz que espera fechar contratos ainda este ano e cita algumas atividades prioritários: infraestrutura e logística, construção civil, agronegócio, parcerias público-privadas (PPPs), concessões públicas, tecnologia, startups, produção de carros e caminhões elétricos e energia (solar, eólica, hidrelétrica, usinas de tratamento de lixo e petróleo e gás).
Segundo ele, a atuação da câmara como banco de projetos dará mais agilidade à concessão de funding. Ele lembra que no Brasil as taxas de mercado são muito altas e que os processos de liberação de empréstimos pelo BNDES ou até instituições chinesas já estabelecidas no Brasil, como Bank of China ou China Construction Bank (CCB), "demoram muito".
Hu argumenta que empresas e investidores brasileiros têm dificuldade para acessar empréstimos de instituições financeiras da China por causa da qualidade e do formato dos projetos. O fundo estatal de US$ 20 bilhões lançado no fim de junho deste ano, numa iniciativa bilateral dos governos brasileiro e chinês, ainda não liberou recursos.
Segundo o presidente da CCDIBC, os US$ 3 bilhões do fundo do Huayang podem financiar até 85% de um projeto, priorizando operações acima de US$ 100 milhões. "Mas isso não quer dizer que valores menores não serão analisados.
Se for um bom projeto, que represente parceria estratégica para a China, podendo gerar exportação de produtos chineses e empregos, também é interessante. O fundo pode financiar até capital de giro", adianta Hu.
Ele não detalha as condições das operações com o fundo chinês, conta apenas que as taxas anuais podem variar a partir de 4% ao ano, "dependendo da rentabilidade de cada projeto", e que as transferências internacionais de recursos serão feitas por canais bancários tradicionais.
José Mauro da Fonseca, sócio-diretor da Ligue Connections, diz que está com pedido de capital de giro em análise pelo fundo Huayang depois de usar a consultoria da CCDIBC.
Na reta final depois de quase três anos de elaboração, o projeto da empresa, parceira no Brasil da operadora de telecomunicações britânica Vodafone, prevê a criação de serviço de telefonia móvel só para empresas.
Além das taxas favoráveis, o que mais chamou atenção do executivo na operação foi a agilidade do processo e a opção por uma taxa de câmbio fixa estipulada em contrato, uma espécie de hedge cambial automático oferecido pelo próprio fundo.
"Para conseguir o valor que queremos do BNDES, por exemplo, precisaríamos de alguma indicação política ou nunca teríamos. Já num banco comercial as taxas inviabilizariam a previsão de rentabilidade do negócio", afirma Fonseca, sem revelar o valor e as condições do contrato. "Assinamos termo de confidencialidade."
O cientista político Paulo Esteves, diretor do Brics Policy Center e professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, diz que o financiamento chinês de projetos por meio de instrumentos financeiros internacionais, seja com capital estatal ou privado, está relacionado com o excesso de reservas acumulado pela China nos últimos 15 anos, 20 anos.
Além disso, acrescenta, essa prática pode ser considerada uma continuação da "exportação de capital" do país asiático, que nos últimos anos foi marcada principalmente por participação de empresas chinesas em projetos "greenfield" (novos) e, mais recentemente, em operações de fusão e aquisição.
"A estruturação de fundos financeiros pode ser algo novo no Brasil, mas a China já vem fazendo isso no mundo todo, via fundos soberanos ou privados. É uma estratégia de exportação de capital para alavancar projetos de interesse chinês no exterior. O que devemos prestar atenção é no foco que esses fundos dão para infraestrutura, em particular projetos na área de energia, sobretudo energia limpa. Esse é um campo em que a China busca um posicionamento de liderança global", explica Esteves.
Fundado em 1984, o conglomerado China Huayang Economic and Trade Group tem sedes em Pequim e Hong Kong e atua em várias atividades, entre elas obras de infraestrutura, comércio exterior, indústria e petroquímica.
No setor financeiro, o Huayang tem sob seu guarda-chuva dois bancos - Bank of Anshan e Xiamen International Bank - e uma dúzia de fundos de investimentos com capital superior a US$ 50 bilhões.
Comentários
Postar um comentário