Crise da Venezuela entra em semana crucial, adversários de Maduro protestam



Maduro diz que votação para Constituinte venezuelana está mantida apesar de ameaça "imperial"
A oposição da Venezuela planeja encher as seções eleitorais do país de cartazes e realizar passeatas em homenagem a manifestantes mortos nesta segunda-feira, um esforço final de uma semana para forçar o presidente Nicolás Maduro a abortar a convocação de uma eleição para uma Assembleia Constituinte.
O impopular líder está levando adiante o plano de realizar a votação para a Assembleia no próximo domingo, apesar da rejeição da maioria dos venezuelanos, críticas internacionais crescentes e alguma dissidência dentro do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Críticos dizem que a Assembleia Constituinte, cujas regras parecem concebidas para garantir uma maioria para Maduro, pretende institucionalizar uma ditadura no país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Mas Maduro, de 54 anos insiste se tratar da única maneira de empoderar o povo e pacificar a nação depois de quatro meses de distúrbios antigoverno que causaram mais de 100 mortes e abalaram ainda mais uma economia em colapso.
"Esta é uma semana crucial para o futuro de nosso país. A democracia, a liberdade e a paz dependem de nós", disse o parlamentar e líder de protestos Juan Andres Mejia, estimulando as pessoas a irem às ruas.
A oposição, que atualmente desfruta de um apoio majoritário depois de anos de abatimento sob o governo do antecessor de Maduro, Hugo Chávez, pediu a seus apoiadores que demonstrem sua rejeição à Assembleia se reunindo na manhã desta segunda-feira em locais que serão usados para a votação de domingo.
De tarde haverá uma manifestação em uma rua de Caracas onde um jovem manifestante morreu.

Maduro diz que votação para Constituinte venezuelana está mantida apesar de ameaça "imperial"

Desafiando a pressão externa e interna, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse no domingo que será mantida a eleição no próximo fim de semana do polêmico novo Congresso, que seus inimigos dizem vai institucionalizar a ditadura.
"A direita imperial acredita que pode dar ordens à Venezuela, os únicos que dão ordens aqui são as pessoas", disse Maduro em referência a uma ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor sanções econômicas se a votação não for abortada.
"Dentro de uma semana, os venezuelanos vão votar para uma Assembléia Constituinte", acrescentou o líder esquerdista em seu programa de TV semanal.
A oposição da Venezuela tem protestado nas ruas desde abril contra o impopular Maduro a quem acusa de destruir a economia da nação produtora de petróleo e esmagar a democracia.
Os oponentes estão boicotando a votação para a Assembléia Constituinte, que eles veem como uma farsa destinada a garantir a maioria de um governo com apoio popular minoritário, e exigem eleições livres convencionais, inclusive para um novo presidente.
A União Europeia e as principais nações da América Latina também manifestaram sua oposição à constituinte, que terá o poder de reescrever a constituição da Venezuela de 1999 e sobrepor outras instituições.
"Precisamos do apoio de outras democracias para evitar a transformação em outra Cuba", disse Julio Borges, que comanda a Assembléia Nacional liderada pela oposição e que as autoridades dizem será substituída pelo novo órgão constituinte de Maduro.
Os líderes da oposição estão planejando uma semana de protestos, incluindo uma greve nacional de dois dias na quarta e na quinta-feira. Maduro diz que os opositores são "terroristas" trabalhando para Washington para tentar controlar o petróleo da Venezuela.
Mais de 100 pessoas morreram em quatro meses de turbulência e centenas foram feridas e presas.
Em seu longo programa de TV, Maduro exortou a oposição a deixar os venezuelanos votarem em paz no próximo domingo, mas também disse que serão criados centros eleitorais especiais para acomodar aqueles que forem bloqueados por "fascistas" em seus locais de votação.
Transporte será fornecido gratuitamente para maximizar a participação, acrescentou Maduro.
"Eles não me derrubaram nem vão me derrubar", disse ele.

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