A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, advertiu o subsecretário de Estado americano John J. Sullivan, nesta terça-feira (20), que seu país terá de lançar uma invasão militar na Venezuela para conseguir impor uma resolução da OEA sobre a crise política no país.
"Seu grupo de contato que você está apresentando me parece completamente inútil, desnecessário (...). A única forma que poderia impor isso seria com seus marines, que teriam na Venezuela uma resposta contundente, se se atreverem a dar esse passo em falso", declarou a ministra.
Na 47ª Assembleia Geral da OEA que acontece no balneário de Cancún, no Caribe mexicano, Rodríguez e Sullivan travaram um debate sobre a crise política na Venezuela, tema dominante do encontro do qual participam 34 delegações.
Sullivan convidou a que se adote uma resolução, por modesta que seja, "para ajudar a facilitar uma solução da crise na Venezuela, é o mínimo que podemos fazer".
O subsecretário americano defendeu uma iniciativa promovida pelo México e que busca criar um "grupo de contato" para acompanhar um diálogo na Venezuela, onde os protestos contra o governo Nicolás Maduro se arrastam desde 1º de abril. Até agora, o número de mortos chega a 74.
A Sullivan, Rodríguez disse que os Estados Unidos e seus aliados ambicionam a riqueza petroleira de seu país. A ministra garantiu que, na Venezuela, "não há crise humanitária, não há presos políticos, há violentos que cometeram crimes graves".
O americano resumiu a resposta da chanceler em três palavras: "Distrações, distorções e irrelevâncias".
O projeto descrito por Sullivan como um "modesto passo" pede ao presidente Nicolás Maduro que reconsidere sua convocação para uma Assembleia Constituinte, que garanta o respeito aos direitos humanos e que trave diálogo com a oposição facilitado por um grupo de países.
Chanceler da Venezuela ameaça nunca mais voltar à OEA¹
Países da OEA negociam resolução sobre Venezuela na Assembleia em Cancún²
Países da OEA negociam resolução sobre Venezuela na Assembleia em Cancún²
A ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, disse nesta terça-feira que seu governo nunca mais voltará à Organização dos Estados Americanos (OEA), mas deixou a porta aberta para participar de outras reuniões.
A Venezuela prometeu deixar a OEA, mas a chanceler ressaltou que há um período administrativo de dois anos para finalizar a saída, no qual ainda poderia participar.
Falando em uma entrevista coletiva em Cancún, Delcy Rodríguez também disse que o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, estava tentando desencadear uma guerra civil na Venezuela.
Governos de todas as Américas criticaram a liderança do governo socialista da Venezuela pela forma como lida com uma crise política e econômica, levando a chanceler a chamar os críticos de "cadáveres do imperialismo".
Um grupo de países da Organização dos Estados Americanos (OEA) liderado pelo México negocia um projeto de resolução sobre a crise da Venezuela para aprová-lo na 47ª Assembleia Geral de Cancún, após não conseguir acordo ontem em uma reunião de chanceleres.
Essas nações, entre elas as mais potentes da região como Estados Unidos, Canadá e Brasil, tentam convencer pelo menos três países a se somarem aos 20 que ontem apoiaram sua proposta e assim reunir uma maioria incontestável de dois terços, segundo explicaram à Agência Efe várias fontes diplomáticas.
De acordo com o regulamento da Assembleia, só seriam necessários 18 votos, mas o grupo quer mostrar que tem o apoio requerido na reunião de chanceleres, de dois terços dos 34 Estados representados nesse encontro.
Ainda não há uma proposta final de texto, mas este pode ser similar ao que foi votado na segunda-feira sem sucesso, rebaixado talvez para conseguir o apoio de nações para as demandas que, como a cessação da Assembleia Nacional Constituinte ou a liberdade dos políticos presos, não são assumptíveis.
Os pontos que sem dúvida estariam incluídos são o pedido ao governo venezuelano para que inicie um novo processo de diálogo com a oposição, acompanhado por um grupo de países ou outro mecanismo, bem como para abrir um canal humanitário.
O grupo liderado pelo México manteve reuniões tanto ontem à noite quanto hoje de manhã para que a Assembleia Geral de Cancún, que termina amanhã, não se encerre sem um grande acordo regional com propostas sobre a crise venezuelana.
Alguns dos países que trabalham para convencer são Trinidad e Tobago, Granada, El Salvador e Haiti, explicaram à Efe fontes diplomáticas.
No início da reunião de chanceleres de ontem sobre a crise da Venezuela, o grupo de 14 países liderado pelo México confiava em ter os 23 apoios necessários, mas acabou conseguindo 20.
O Caribe está dividido entre os países que são críticos à Venezuela - Bahamas, Guiana, Barbados, Jamaica, Belize e Santa Lúcia, que apoiaram esse texto - e os que seguem fiéis ao chavismo, que lhes subvencionou petróleo durante anos com a Petrocaribe.
Tanto o grupo dos 14 como a Venezuela fazem há meses um intenso trabalho diplomático para tentar inclinar a balança para seu lado, mas por enquanto a profunda divisão da OEA sobre o tema bloqueia qualquer acordo com propostas de projeto.
Isso é o que ocorreu ontem, quando a proposta deste grupo fracassou com 20 votos a favor, oito abstenções, cinco contra e uma ausência - a da Venezuela -, enquanto a de São Vicente e Granadinas - aliado de Caracas - conseguiu oito apoios, 11 abstenções, 14 rejeições e a mesma ausência.
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