Ataques transformam Aleppo em uma prisão mortal para crianças







Membros da Defesa Civil socorrem crianças após ataque em Aleppo
Membros da Defesa Civil socorrem crianças após ataque em Aleppo
Elas não podem brincar, dormir ou frequentar a escola e, cada vez mais, elas não podem comer. Ferimentos ou doenças podem ser fatais. Muitas delas só ficam com seus pais, em abrigos subterrâneos sem janelas, que não oferecem nenhuma proteção das potentes bombas que transformaram Aleppo em uma zona de alvo militar.
Entre as cerca de 250 mil pessoas presas no reduto insurgente da cidade dividida do norte da Síria estão 100 mil crianças, as vítimas mais vulneráveis dos bombardeios intensivos por forças sírias e seus aliados russos.
Embora o mundo seja abalado periodicamente pelo sofrimento das crianças no conflito sírio --as fotografias do corpo de Alan Kurdi, que morreu afogado, e do rosto sujo de sangue de Omran Daqneesh são grandes exemplos disso--, crianças mortas e traumatizadas têm sido cada vez mais comuns.
A rotina no leste de Aleppo, onde crianças traumatizadas com a guerra são desenterradas dos destroços e deixadas se contorcendo com roupas sujas de sangue em macas imundas de hospitais, é uma confluência da população jovem da Síria, de uma diplomacia fracassada e da realidade de uma guerra que parece estar piorando depois de mais de cinco anos.
"Elas estão presas e não têm como escapar", disse Alun McDonald, porta-voz para as operações no Oriente Médio da Save the Children, uma ONG internacional. "Esse é um motivo pelo qual estamos vendo números tão elevados de mortes entre crianças".
As pessoas que vivem em áreas de Aleppo tomadas por rebeldes mostraram um alto grau de resiliência, transferindo escolas e hospitais para baixo da terra para se protegerem. Da mesma forma, a vida continuou na parte oeste da cidade, controlada pelo governo, onde, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, só em julho 49 crianças foram mortas por tiros de morteiros de rebeldes.
Mas, ultimamente, na parte leste, de acordo com McDonald, "os bombardeios se tornaram tão intensos, com essas bombas tão potentes, que até abrigos subterrâneos  deixaram de ser seguros."
A Save the Children disse que, em vários hospitais e ambulatórios que ela apoia no leste de Aleppo, metade das mortes foram de crianças desde que os bombardeios se intensificaram após o fim de um breve cessar-fogo na semana passada.
A batalha pelo controle de Aleppo pareceu se intensificar na terça-feira (28). As forças pró-governamentais começaram uma nova ofensiva por terra, atacando a partir de quatro direções diferentes e avançando em uma área central perto da antiga cidadela da cidade, reduzindo ainda mais as áreas controladas pelos insurgentes.

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