Membros das forças do governo líbio de unidade nacional (GNA) são vistos em Sirte, no dia 28 de agosto de 2016
As forças do governo líbio de unidade
nacional (GNA) lançaram neste domingo "a última fase" da ofensiva contra
as posições ainda controladas pelo grupo extremista Estado Islâmico
(EI) em seu reduto em Sirte, norte da Líbia.
Cerca de 1.000 soldados foram mobilizados
para expulsar totalmente os extremistas que resistem nos bairros da
cidade costeira, em grande parte retomada pelas forças do GNA desde o
início do verão (hemisfério norte).
"Nossas forças entraram nos dois últimos
bairros do Daesh (acrônimo árabe do grupo EI) em Sirte", anunciou à AFP
Reda Issa, porta-voz das forças pró-governo. "A última batalha de Sirte
começou", afirmou.
A reconquista total da cidade, situada
450 quilômetros a leste de Trípoli, seria um grande revés para o EI, que
tomou o controle da localidade em junho de 2015, desde onde liderou sua
expansão para fora da Síria e do Iraque.
As forças pró-governo, formadas
principalmente por ex-rebeldes que rejeitaram entregar as armas após a
revolta de 2011, lançaram uma ofensiva em 12 de maio. Entraram em 9 de
junho na cidade, lugar de nascimento do ex-ditador Muammar Kadafi, onde
tomaram o controle do porto e do centro administrativo.
O hospital de campanha de Sirte contou 34
mortos entre as tropas leais ao governo, enquanto que o hospital
central de Misrata, cidade situada a cerca de 200 km a oeste e sede do
Centro de Comando de Operações, disse ter recebido 150 feridos das
forças do GNA.
Um fotógrafo da AFP em Sirte presenciou "violentos combates" durante o dia, que se tornaram esporádicos ao cair da noite.
As tropas pró-governo empregam todo tipo
de armamento, especialmente artilharia pesada, enquanto os extremistas
têm como ataque principal o uso de veículos com carga explosiva. Ao
longo do domingo utilizaram até cinco, segundo o Exército.
"Um de nossos tanques conseguiu destruir
um carro-bomba que apontava contra nossas forças, que foi neutralizado
antes que cumprisse seu objetivo", explicou Reda Issa.
O porta-voz acrescentou que as forças
terrestres aproveitaram "uma noite de bombardeios da força aérea" dos
Estados Unidos, que apoiam as tropas pró-governo em Sirte desde 1º de
agosto, a pedido do GNA. Contudo, o fotógrafo da AFP declarou que não
ocorreram bombardeios aéreos durante o dia.
Tanques e franco-atiradores
Há dias, as tropas leais se preparavam
para esta "batalha decisiva" contra o EI, depois de expulsarem os
extremistas de seus últimos redutos.
As forças pró-governo haviam se
reagrupado na periferia da cidade e na entrada de dois bairros do norte e
do centro da mesma, segundo declarações de soldados colhidas pelo
correspondente da AFP na frente.
"Limpamos nossas armas [...] e as
preparamos para a fase decisiva, que, com a ajuda de Deus, ocorrerá
amanhã [domingo] ou depois de amanhã [segunda-feira]", informou no
sábado à AFP o soldado Usama Mohamad Mosbah.
Uma calma instável reinava na frente
desde a manhã de quinta-feira em Sirte. No sábado, começaram os
enfrentamentos nas imediações do bairro residencial número 1, onde as
forças do GNA usaram metralhadoras e lança-foguetes contra os
extremistas do EI, segundo o correspondente da AFP.
Também foram mobilizados
franco-atiradores sobre os telhados das casas, cujas paredes estavam
pintadas com as cores da bandeira preta do EI.
Após um avanço rápido em maio, a
progressão das forças do GNA se viu perturbada pela estratégia de
guerrilha colocada em ação pelo EI, cujas "armas são as minas (...) e os
cinturões de explosivos", segundo o soldado Faraj Ben Said.
As explosões de carro-bomba, de suicidas e
de minas terrestres deixaram vários mortos entre as tropas leais ao
governo, que perderam mais de 350 combatentes, segundo fontes militares.
Quase 2.000 teriam ficado feridos. É desconhecido o balanço de mortos
entre os combatentes do grupo EI.
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