Possíveis problemas de saúde mental e ligação com o extremismo de direita estão na linha de investigação da polícia de West Yorkshire como causas para o assassinato da deputada britânica Jo Cox, 41.
A parlamentar foi atacada na rua, nesta quinta-feira (16), por um homem de 52 anos, em Birstall (cerca de 350 km de Londres). Identificado como Thomas Mair, o homem agrediu Cox com tiros e facadas e está preso desde ontem.
"Nós estamos cientes da especulação pela mídia em respeito à ligação do suspeito com serviços de saúde mental e esta é uma linha clara de investigação que estamos seguindo. Também estamos cientes da dedução pela mídia de ligação do suspeito com extremismo de direita, que é também uma linha prioritária no inquérito que nos ajudará a definir o motivo para o ataque a Jo", disse nesta sexta-feira (17), em entrevista coletiva, Constable Dee Collins, da chefia de polícia.
De acordo com informações de agências internacionais de notícias, o irmão de Mair disse que ele sofre de doença mental e passava por tratamento. Scott Mair afirmou ao jornal "Daily Telegraph" que seu irmão "não é violento e não é tão envolvido com a política".
Segundo a organização antirracismo Southern Poverty Law Center (SPLC, na sigla em inglês), o agressor de Cox tinha ligações com ideias de extrema-direita.
Mair seria apoiador da organização neonazista norte-americana National Alliance e também teria adquirido um livro para aprender como fazer uma arma caseira."Vizinhos o descrevem como 'solitário', mas ele também tem um longo histórico com o nacionalismo branco [ideologia que defende a superioridade dos brancos]."
Deputada pelo Partido Trabalhista britânico, Cox defendia a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE). O referendo para decidir o 'Brexit' (combinação das palavras Britain e Exit em referência à saída britânica da UE) será realizado no dia 23 de junho. A campanha a favor e contra foi suspensa, pelo menos até amanhã, em decorrência do assassinato de Cox.
Testemunhas relataram que Mair gritou "Britain first" ("Reino Unido primeiro"), em referência a um slogan utilizado pela extrema-direita, que é contrária à imigração e a favor da saída da UE.
Homenagens
Com flores depositadas em frente ao Parlamento britânico, centenas de pessoas fizeram homenagens hoje à deputada. Moradores de Birstall, onde Cox foi morta, fizeram uma vigília na madrugada desta sexta-feira.Entre os políticos que manifestaram seu pesar pela morte da deputada, o primeiro ministro britânico, David Cameron, disse que o país "perdeu uma grande estrela". "Ela era uma excelente parlamentar, com enorme compaixão e um grande coração", afirmou.
Em Berlim, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse que a morte de Cox foi "dramática".
Alvo de ameaças
Além de se opor à saída do Reino Unido da UE, a deputada era defensora dos direitos de refugiados sírios. Em seu primeiro discurso no Parlamento britânico, ela defendeu a imigração e a diversidade.Em um comunicado, a polícia britânica informou que Cox havia denunciado ameaças. Em março, um suspeito ligado às investigações foi preso, mas não teria relação com o agressor que matou a deputada.
"O homem posteriormente aceitou uma advertência policial. O homem que aceitou a advertência policial não é a pessoa sob custódia em West Yorkshire", divulgou a polícia.
A seis dias do referendo sobre o futuro do Reino Unido na UE, discussões sobre identidade nacional e imigração têm sido acaloradas em meio ao risco do chamado "Brexit". Pesquisas recentes de opinião mostram uma vantagem do "Leave" (saída).
(Com agências internacionais)
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