Aeroporto de Istambul tem fila de passageiros e funcionários assustados









Mais de 40 mortos, centenas de feridos e um clima de medo: cidade turca vê ataques terroristas, como o ocorrido no aeroporto, virarem difícil rotina. E especialista alerta: "EI" tem recursos para conduzir novas ações.
Cacos de vidro ainda estão espalhados pela entrada principal do aeroporto Ataturk de Istambul, lembrando a força da explosão no terminal internacional, nesta terça-feira (28), no mais recente de uma série de ataques terroristas a metrópoles.
No maior aeroporto da Turquia, no acesso aos prédios dos terminais, os passageiros têm que se submeter a um controle de segurança, incluindo detectores de metal e scanners de corpo inteiro, assim como ao controle de passaporte. Foi nessa área que ocorreu a primeira explosão.
Os registros do circuito fechado de TV mostram, no entanto, que pelo menos um atirador também conseguiu penetrar no terminal, portando um fuzil kalashnikov, e detonar um colete explosivo.
Nesta quarta-feira de manhã, os orifícios de balas estavam claramente visíveis no placar de desembarque. Pessoal de segurança adicional, armado com armas automáticas, patrulhava o andar dos desembarques. Para além da área enegrecida do saguão onde ocorrera a detonação, lojas e estandes estavam fechados. Faltavam dezenas dos painéis do teto, passageiros cuja viagem foram interrompidas dormiam pelas cadeiras, envolvidos em cobertores das companhias aéreas.

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Medo de voltar ao trabalho

Ersin Onderoglu, farmacêutico de uma das pequenas lojas da área, conta que o teto desabou completamente na entrada, e tudo ficou preto. "Tenho que dizer: os homens estavam trabalhando bem, em deixar tudo limpo e funcionando novamente. Mas deu muito medo na gente, foi bem ao lado da nossa loja."
Outros empregados revelam ter receio de retornar ao trabalho. "Está tudo simplesmente uma bagunça, tem vidro por toda parte", comenta Mehmet Günes, um dos zeladores do aeroporto. "Eu não estava no turno da noite, mas esta manhã eu tive medo até de vir para o trabalho. É um horror o que eles fizeram aqui."
O andar de embarque, praticamente intocado pelo atentado, mostrava-se mais atribulado do que nunca, com milhares de passageiros em fila para os voos que agora foram retomados.
A maioria dos mortos era de nacionalidade turca, e as autoridades locais creem tratar-se principalmente de pessoal de segurança. Mas já é certo que entre eles encontram-se também 13 estrangeiros, inclusive tunisianos, sauditas, iraquianos e ucranianos.
Ao todo, foram computados 41 mortos e 239 feridos. A maioria está sendo tratada em vários locais da metrópole turca, muitos no hospital estatal Bakirkoy e no Bakirkoy Sadi Konuk, próximos ao aeroporto.

Provável mão do EI

As autoridades turcas afirmaram haver capturado um dos terroristas, mas sem fornecer detalhes sobre sua identidade ou nacionalidade. Em entrevista para a imprensa na noite da terça-feira, o primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, disse haver indicações de que autores fossem simpatizantes da organização terrorista "Estado Islâmico" (EI).
Nos últimos nove meses, o país tem vivenciado uma série de atentados a metrópoles, totalizando dez ataques graves em Istambul, Ancara e Bursa. Simpatizantes do EI são responsáveis pela maior parte dos ataques, ao lado de militantes dos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK).
"Urgimos o mundo, em especial os países ocidentais, a assumir uma posição firme contra o terrorismo", instou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em comunicado. "Apesar de pagar um preço alto, a Turquia dispõe do poder, determinação e capacidade para prosseguir até o fim a luta contra o terrorismo."
Observando que "é impossível se colocar na cabeça dos líderes do EI", Aaron Stein, membro do Centro do Oriente Médio do Conselho Atlântico, reconhece que "o grupo certamente tem meios e recursos para conduzir os ataques terroristas na Turquia".
"As autoridades turcas estão trabalhando duro para evitar ataques futuros, mas nenhuma força de segurança é perfeita. Os atentados certamente estão espalhando medo, e os turcos estão ansiosos para retornar à paz e a segurança", constatou Stein.

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