O governo turco acusou os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de estar por trás do atentado suicida com carro-bomba que matou 35 pessoas no domingo (13) em Ancara, marcando uma nova escalada no conflito curdo.
Apesar de nenhum grupo ter reivindicado o atentado, o primeiro-ministro turco, o conservador-islâmico Ahmet Davutoglu, assegurou, sem surpresa, que os investigadores dispõem de elementos "muito sérios, quase certos", envolvendo a "organização terrorista separatista", designação habitual utilizada pelo regime para se referir ao PKK.
Poucas horas depois deste ataque, a aviação turca bombardeou várias bases do PKK no norte do Iraque, anunciou o Estado-Maior.
Dez caça-bombardeios atingiram estas bases dos rebeldes curdos nos setores de Kandil e Gara, indicou a mesma fonte.
Nesta segunda-feira, a polícia turca deteve 11 suspeitos de envolvimento com o atentado, segundo Davutoglu.
De acordo com a imprensa, entre quatro e seis foram interpelados na localidade de Sanliurfa (sudeste).
A polícia realizou esta operação em função de informações de que o veículo utilizado no atentado havia sido comprado nesta cidade do sudeste de maioria curda, perto da fronteira com a Síria.
Uma mulher morta, encontrada no local da explosão, foi oficialmente identificada como uma suicida, segundo o porta-voz do governo, Numan Kurtulmus. Segundo a imprensa, trata-se de Seher Cagla Demir, uma mulher que foi identificada por suas impressões digitais e que teria 24 anos.
O atentado de domingo lembra o de 17 de fevereiro no mesmo bairro de Ancara, quando um veículo suicida foi detonado contra um ônibus militar matando 29 pessoas. Desta vez, no entanto, era dirigido contra civis.
Um bairro muito movimentado
O carro-bomba explodiu contra um ônibus em Kizilay, um bairro muito movimentado do centro da capital turca.O atentado de fevereiro havia sido reivindicado pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), um grupo dissidente dos rebeldes do PKK, que ameaçou com novos ataques contra alvos turísticos.
Segundo um novo balanço anunciado pelo ministro da Saúde, Mehmet Müezzinoglu, nesta segunda-feira, ao menos 35 pessoas morreram no ataque e 120 ficaram feridas. Ao menos um dos autores também morreu, indicou.
Nesta segunda-feira, a praça Kizilay estava fechada à circulação, e especialistas forenses seguiam recolhendo indícios no local da explosão, protegido com lonas brancas, segundo um fotógrafo da AFP no local.
No domingo, as autoridades não atribuíram imediatamente o atentado aos rebeldes curdos, como fizeram em 1º de fevereiro, acusando os curdos sírios (as Unidades de Proteção do Povo, YPG) com apoio do PKK. As duas organizações negaram seu envolvimento.
Antes da trégua na Síria que entrou em vigor em 27 de fevereiro, a Turquia bombardeou várias vezes posições em território sírio das YPG, uma organização que Ancara considera aliada do PKK.
Os Estados Unidos condenaram o ataque de domingo e reafirmaram sua solidariedade com a Turquia "na luta contra a ameaça comum do terrorismo", segundo o porta-voz do departamento de Estado, John Kirby.
No ano passado foram retomados os combates entre as forças de segurança e o PKK em muitas cidades do sudeste da Turquia, de população majoritariamente curda.
Os combates colocaram fim à frágil trégua entre o governo e o PKK, que realiza uma insurreição armada desde 1984.
Denunciado como "cúmplice" do PKK pelo governo, o chefe do Partido Democrático dos Povos (HDP, pró-curdos), Selahattin Demirtas, condenou o atentado e criticou o regime.
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