Turquia nega ter enviado tropas à Síria










Ancara rejeita acusação de Damasco de que forças turcas teriam cruzado a fronteira. Primeiro-ministro, porém, ressalta que país não vai deixar que cidades sírias próximas caiam nas mãos de milícias curdas.

O governo turco negou nesta segunda-feira (15/02) ter enviado tropas ao norte da Síria, onde o regime de Bashar al-Assad realiza ofensivas com o apoio da Rússia.
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, afirmou que não há nenhum contingente das forças de segurança de seu país no território do país vizinho, confirmando as declarações do ministro turco da Defesa, Ismet Yilmaz.
"Não é verdade", afirmou o ministro no domingo ao Parlamento, ao ser indagado sobre uma possível intervenção turca na província síria de Aleppo. "As forças militares turcas não têm qualquer intenção de intervir na Síria".
O governo sírio alega quem, no último sábado, 12 camionetes equipadas com armamentos pesados e munições teriam cruzado a fronteira entre os dois países. Os veículos estariam "acompanhados de cerca de cem homens armados, alguns destes, militares e mercenários turcos", segundo afirmou a agência estatal síria Sana, citando informações do ministério do Exterior.
Davutoglu, porém, destacou que seu país não vai permitir que a cidade de Azaz, no norte da Síria, caia nas mãos de milícias curdas, prometendo reagir com força caso esses grupos voltem a investir contra a localidade.
Uma ofensiva de grande porte, apoiada por bombardeios russos e milícias xiitas sustentadas pelo Irã, fez com que o Exército sírio chegasse a uma distância de apenas 25 quilômetros da fronteira com a Turquia.
A milícia curda YPG teria se beneficiado da situação para ganhar terreno de grupos rebeldes sírios e aumentar sua presença ao longo da fronteira com a Turquia, gerando revolta no governo em Ancara. O país teme que isso possa encorajar as ambições dos separatistas curdos em seu território.
O YPG, que a Turquia considera uma organização terrorista, controla quase a totalidade da fronteira do país com a Síria.
O primeiro-ministro turco disse que, se não fosse pelos ataques de artilharia por parte das forças turcas, o YPG já teria conquistado Azaz, controlada pelos rebeldes sírios, e a cidade de Tal Rifaat.
"Membros do YPG foram forçados a abandonar a região de Azaz. Caso se aproximem novamente, vão enfrentar as mais duras reações. Não deixaremos que Azaz caia", afirmou Davutoglu.
 

Bombardeios na Síria deixaram 50 mortos, diz ONU

As Nações Unidas afirmaram nesta segunda-feira (15/02) que cerca de 50 civis foram mortos em ataques aéreos a pelo menos cinco hospitais, incluindo um da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), e duas escolas nas províncias de Idlibo e Aleppo, no norte da Síria. Várias pessoas ficaram feridas nos bombardeios, e há crianças entre as vítimas.
O secretário-geral Ban Ki-Moon afirmou que os ataques violam leis internacionais, além de destruir ainda mais o já devastado sistema de saúde sírio e dificultar o acesso à educação no país.
"Esses incidentes lançaram uma sombra sobre o acordo assumido pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria na reunião do dia 11 de fevereiro em Munique", acrescentou Ban.
Um dos dois hospitais era apoiado pela Médicos Sem Fronteiras na província de Idlib. Ao menos nove pessoas morreram no ataque que, segundo denuncia a ONG, foi um ato deliberado.
"Foi um ataque deliberado contra um estabelecimento de saúde", afirmou Massimiliano Rebaudengo, chefe da missão local da MSF. "A destruição priva cerca de 40 mil pessoas de tratamentos na zona de conflito."
O hospital, que tem 54 funcionários e 30 leitos e é financiado pela MSF, teria sido atingido por quatro mísseis, em dois ataques num intervalo de poucos minutos. A ONG apoia cerca de 150 hospitais na Síria.
Um outro ataque desta segunda-feira atingiu um hospital para crianças na cidade de Azaz, perto da fronteira com a Turquia. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, dez pessoas morreram – entre elas três crianças e uma mulher grávida – e mais de 30 ficaram feridas.
Na quinta-feira, representantes do grupo, do qual fazem parte a Rússia e os Estados Unidos, haviam concordado com o cessar-fogo e, no prazo de uma semana, em ampliar o acesso da ajuda humanitária no país.
Os bombardeios que destruíram dois hospitais no norte da Síria foram atribuídos às forças russas pelo grupo de monitoramento Observatório Sírio de Direitos Humanos. O embaixador da Síria na Rússia, porém, acusou os Estados Unidos pelos ataques.
A Síria sofre há quase cinco anos um conflito que já custou a vida de mais de 260 mil pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Caças russos realizam bombardeios na Síria desde 30 de setembro do ano passado, em apoio ao regime do presidente Bashar al-Assad.

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