A execução de um proeminente clérigo xiita pela Arábia Saudita realimentou a antiga rivalidade entre sauditas e iranianos, e pode dar fôlego a tensões entre sunitas e xiitas no Oriente Médio.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, alertou que a Arábia Saudita enfrentará uma "revanche divina" pela execução de Nimr al-Nimr, e descreveu-o como um "mártir" que agia pacificamente.
Al-Nimr era conhecido por verbalizar o sentimento da minoria xiita na Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminada, e foi crítico persistente da família real saudita.
O clérigo e outras 46 pessoas foram executados no sábado (2), após serem condenadas por crimes de terrorismo na Arábia Saudita.
Num sinal do agravamento da situação entre os dois países, o governo saudita anunciou no domingo o rompimento das relações diplomáticas com o Irã.
O ministro de Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, anunciou que diplomatas iranianos deverão deixar o país em 48 horas e que funcionários sauditas seriam retirados de Teerã.
Al-Jubeir disse que Arábia Saudita não irá permitir que o Irã coloque em risco sua segurança, e acusou o país de "distribuir armas e plantar células terroristas na região".
"A história do Irã é cheia de interferência negativa e hostilidade em assuntos árabes, e é sempre acompanhada por destruição", disse ele entrevista coletiva.
Não é a primeira vez em anos recentes que a relação piora entre os dois países. Mais recentemente, a tensão aumentou devido o programa nuclear iraniano e as mortes de iranianos na peregrinação do Hajj em 1987 e em 2015.
Revanche divina
A medida foi anunciada após o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, alertar que a Arábia Saudita enfrentará uma "revanche divina" pela execução de al-Nimr, que foi descrito como um "mártir" que agia pacificamente."Este estudioso reprimido nunca convocou ninguém para movimentos armados ou esteve envolvido em tramas secretas", disse o aiatolá em mensagem no Twitter. "O único ato do xeique Nimr era a crítica aberta".
O aiatolá Khamenei disse também que a morte do xeique foi devido à oposição que ele fazia aos governantes sunitas sauditas.
A execução de Al-Nimr gerou fortes reações oficiais, lideradas pelo Irã, e manifestações foram registradas na Arábia Saudita, no Iraque, no Barein - onde a maioria xiita reclama de marginalização promovida pelos governantes sunitas - e em outros países.
Sunitas x xiitas
A execução expõe as delicadas relações entre sunitas e xiitas. A sunita Arábia Saudita é rival tradicional do Irã por influência na região. Já o Irã é o poder xiita no Oriente Médio, e observa com grande interesse a questão de minorias xiitas em outros países.A divisão tem origem numa disputa logo após a morte do profeta Maomé sobre quem deveria liderar a comunidade muçulmana.
A grande maioria dos muçulmanos é sunita - estima-se que entre 85% e 90%. Eles
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