Alemanha ameaça reavaliar exportação de armas à Arábia Saudita









Ministro da Economia, Sigmar Gabriel, admite a necessidade de rever envio de armamento ao reino sunita. Oposição alemã exige suspensão imediata. Ministério do Exterior rejeita impor sanções contra Riad pelas execuções

 

Soldados do Exército saudita com fuzil de assalto Heckler & Koch G36, fabricados na Alemanha
A Alemanha pode vir a olhar com mais atenção às suas exportações de armas à Arábia Saudita, após o reino sunita ter realizado sua maior execução em massa ao longo de décadas, disse o ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, nesta segunda-feira (04/01).
Berlim não está planejando impor sanções contra Riad depois das execuções, que levaram a um aumento de tensões no Oriente Médio e ao rompimento de laços diplomáticos, garantiu um porta-voz do Ministério do Exterior. Mas, no passado, o ministério de Gabriel rejeitou alguns envios de armas à Arábia Saudita e pode voltar a reter licenças de exportação.
"Podemos ver agora que foi correto não entregar tanque nem fuzil de assalto G36 à Arábia Saudita", disse Gabriel, em comunicado. "Agora temos que analisar se precisamos avaliar também armamento defensivo mais criticamente no futuro."
O Departamento Federal de Controle Econômico e de Exportações (Bafa, sigla em alemão), subsidiária do Ministério da Economia, é responsável pelo licenciamento de acordos de exportação de armas e, em 2014, Gabriel prometeu uma abordagem muito mais cautelosa na permissão de tais exportações para regiões instáveis como o Oriente Médio.
Nos primeiros seis meses de 2015, a Alemanha permitiu a exportação de armas no valor de mais de 178 milhões de euros à Arábia Saudita, segundo relatório do próprio Ministério da Economia, divulgado em outubro .
Ambos os partidos de oposição no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), os Verdes e A Esquerda, exigiram a suspensão imediata às exportações de armas ao reino saudita, após a execução de 47 pessoas, entre elas um proeminente clérigo xiita.
As execuções levaram a protestos generalizados no Oriente Médio, especialmente em Iraque e Irã. Manifestantes iranianos chegaram a saquear a embaixada saudita em Teera, no sábado. Em reação, Riad suspendeu as relações diplomáticas com Irã, medida apoiada pelos aliados sauditas Bahrein, Sudão e Emirados Árabes Unidos.
Até mesmo alguns membros da União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal alemã Angela Merkel, que anteriormente já enfatizou o importante papel da Arábia Saudita como parceiro estratégico na região, pediram por uma reavaliação das relações.
"A moratória sobre as exportações de armas seria o sinal correto agora. Negócios, como de costume, não é uma opção", disse o deputado Michael Hennrich, líder do grupo parlamentar que defende os interesses das relações entre Berlim e Riad, ao jornal alemão Rheinische Post.

 

Comentários