Regime sírio, um aliado russo, desloca tropas para a fronteira em apoio a milícias curdas, que estão sendo atacadas pela Turquia desde que perderam apoio de Trump. Nova aliança representa reviravolta no conflito.
As Forças Armadas da Síria foram deslocadas nesta segunda-feira (14/10) para a fronteira com a Turquia. O movimento ocorre poucas horas depois de milícias curdas, que eram aliadas dos Estados Unidos, anunciarem um acordo com o regime de Bashar al-Assad, aliado da Rússia, para ajudá-los a conter a ofensiva turca no nordeste sírio, iniciada após a retirada das tropas americanas da região.
O anúncio de um acordo entre curdos e o governo sírio é a principal mudança nas alianças que surgiram após o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenar a retirada das tropas americanas em meio ao caos que se alastra rapidamente na região.
A mudança cria um conflito potencial entre Turquia e Síria e pode fortalecer o ressurgente grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI). Ao renunciarem a qualquer influência no norte da Síria, os EUA acabaram abrindo espaço para Assad e seu principal aliado, a Rússia.
A agência de notícias estatal síria, Sana, afirmou nesta segunda-feira que as forças do regime de Assad se aproximaram da fronteira com a Turquia onde as tropas de Ancara mantêm confrontos contra as milícias curdas. Os militares foram enviados para a periferia de Tal Tamr, localizada a cerca de 20 quilômetros da fronteira entre os países.
De acordo com a Sana, os militares vão combater a "agressão turca". Tal Tamr é uma cidade predominantemente cristã, que foi tomada e controlada pelo EI antes da sua libertação por combatentes curdos. Muitos cristãos, que representavam de cerca de 10% da população síria antes da guerra, fugiram para a Europa durante o conflito que começou em março de 2011.
No domingo, a autoproclamada Administração Autônoma do Norte e do Leste da Síria, órgão executivo das milícias curdas que controlam ambas as regiões, anunciou o acordo com Damasco para "impedir a agressão" contra o país por parte da Turquia, embora o regime de Assad não reconheça o governo autônomo que administra a área, quase toda controlada pelas Forças da Síria Democrática (SDF).
Segundo autoridades curdas, o Exército sírio ajudará as SDF a "impedir a agressão" da Turquia e a "libertar" as áreas que já foram conquistadas durante a ofensiva promovida pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como as cidades de Manjib e Ras al Ain.
O anúncio de um acordo entre curdos e o governo sírio é a principal mudança nas alianças que surgiram após o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenar a retirada das tropas americanas em meio ao caos que se alastra rapidamente na região.
A mudança cria um conflito potencial entre Turquia e Síria e pode fortalecer o ressurgente grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI). Ao renunciarem a qualquer influência no norte da Síria, os EUA acabaram abrindo espaço para Assad e seu principal aliado, a Rússia.
A agência de notícias estatal síria, Sana, afirmou nesta segunda-feira que as forças do regime de Assad se aproximaram da fronteira com a Turquia onde as tropas de Ancara mantêm confrontos contra as milícias curdas. Os militares foram enviados para a periferia de Tal Tamr, localizada a cerca de 20 quilômetros da fronteira entre os países.
De acordo com a Sana, os militares vão combater a "agressão turca". Tal Tamr é uma cidade predominantemente cristã, que foi tomada e controlada pelo EI antes da sua libertação por combatentes curdos. Muitos cristãos, que representavam de cerca de 10% da população síria antes da guerra, fugiram para a Europa durante o conflito que começou em março de 2011.
No domingo, a autoproclamada Administração Autônoma do Norte e do Leste da Síria, órgão executivo das milícias curdas que controlam ambas as regiões, anunciou o acordo com Damasco para "impedir a agressão" contra o país por parte da Turquia, embora o regime de Assad não reconheça o governo autônomo que administra a área, quase toda controlada pelas Forças da Síria Democrática (SDF).
Segundo autoridades curdas, o Exército sírio ajudará as SDF a "impedir a agressão" da Turquia e a "libertar" as áreas que já foram conquistadas durante a ofensiva promovida pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como as cidades de Manjib e Ras al Ain.
As autoridades curdas afirmaram ainda que o acordo abre caminho para "libertar os demais territórios e cidades ocupadas pelos turcos", citando especificamente Afrin, no noroeste da Síria, tomada em 2018.
Ofensiva controversa
A Turquia já promoveu outras ofensivas no norte da Síria contra as milícias curdas, consideradas pelo governo de Erdogan como terroristas, e agora quer expulsá-las de uma área na fronteira. O objetivo é levar ao local os 3,5 milhões de refugiados sírios que fugiram para o território turco devido ao conflito na região.
Membro da OTAN, a Turquia tem sido duramente criticada por sua ofensiva militar contra combatentes curdos no nordeste da Síria, iniciada poucos dias depois de os Estados Unidos terem anunciado a retirada de tropas americanas da região.
Forças turcas visam atingir posições da milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG), considerada organização terrorista por Ancara, e que controla uma grande área no lado sírio da fronteira.
A ofensiva foi alvo de pesadas críticas por parte da comunidade internacional, não só por abrir uma nova frente de combate num país assolado há oito anos por uma guerra civil, mas também porque os curdos são considerados aliados importantes na luta contra o EI.
Os confrontos já resultaram na fuga de pelo menos 950 combatentes do "Estado Islâmico"e simpatizantes e familiares do campo de Ain Issa, na Síria. O fato alimenta ainda mais o temor que a retirada americana e o avanço turco no norte sírio permitirá que o grupo jihadista se reconstitua, após ter sido praticamente derrotado.
Nesta sexta-feira, a ONU alertou em comunicado que, em apenas três dias, a ofensiva da Turquia levou cerca de 100 mil a abandonarem suas casas, e que "o impacto humanitário já está sendo sentido".
O êxodo é o mais recente na guerra síria, que já forçou cerca de 11 milhões – a metade da população nacional – a se deslocarem. A Turquia criticou o alerta de crise humanitária iminente, que teria sido "fabricado para desacreditar os esforços antiterroristas do país".
Invasão da Turquia ressuscita Estado Islâmico, dizem curdos¹
As Forças Democráticas Sírias (SDF, sigla em inglês) disseram que o ataque turco ao norte da Síria ressuscitou o Estado Islâmicos e pediu que estados aliados que ajudaram a lutar contra o grupo jihadista fechassem o espaço aéreo para aviões de guerra turcos.
Em um comunicado pela televisão, o oficial sênior da SDF, Redor Xelil, disse que a SDF continuava a cooperar com a coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, embora agora também tenha que enfrentar o ataque turco no norte da Síria.
“A invasão turca não está mais ameaçando o renascimento do Daesh (Estado Islâmico), mas já o reviveu e ativou suas células em Qamishli e Hasaka e em todas as outras áreas”, afirmou Xelil, acrescentando que carros-bomba foram acionados em cada uma dessas cidades no último dia.
“Ainda estamos cooperando com a coalizão internacional para enfrentar o Daesh, mas agora, estamos lutando em duas frentes: uma contra a invasão turca e uma contra o Daesh”, disse.
Xelil afirmou que soldados da SDF que protegeram forças da coalizão na Síria há quatro anos agora estão “sendo martirizadas por aviões de guerra turcos debaixo dos olhos dos aliados” os quais, disse ele, “de repente e sem aviso nos abandonaram”, em uma aparente referência à medida dos EUA de retirar suas forças de parte da fronteira que agora está sendo alvo da Turquia.
“Não queremos que eles enviem suas tropas às linhas de frente. Tudo que queremos é que fechem o espaço aéreo para aviões turcos e eles podem fazer isso facilmente”, disse.
Citando os ataques com carros-bomba do Estado Islâmico em Qamishli e Hasaka, e o bombardeio turco em uma prisão em Qamishli que a SDF afirmou ter permitido que presos do EI escapassem, Xelil afirmou: “Apesar de tudo isso, o mundo ainda está ignorando essa realidade e ignorando o inferno que está por vir”.
Se o ataque turco continuar, as prioridades da SDF mudarão, em relação a vigiar presos do Estado Islâmico, e “moveremos para proteger nossas cidades e nosso povo”, disse Xelil, em resposta a uma pergunta.
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