Reino Unido denuncia ação do Irã no Estreito de Ormuz




Marinha Real britânica afirma que fragata que acompanhava petroleiro no Golfo Pérsico teve de intervir para impedir aproximação de embarcações paramilitares iranianas. Teerã nega, mas não descarta ação futura.

A Marinha do Reino Unido disse ter evitado que três embarcações paramilitares iranianas impedissem a passagem de um petroleiro britânico no Estreito de Ormuz nesta quinta-feira (11/07).

O episódio ocorreu no dia seguinte a um alerta feito pelo presidente iraniano, Hassan Rohani, sobre consequências após o Reino Unido aprender um petroleiro do país em Gibraltar na semana passada.

O navio iraniano Grace 1, que navegava com bandeira panamenha, era suspeito de transportar petróleo para a Síria em violação a sanções impostas pela União Europeia (UE). A Guarda Revolucionária do Irã negou ter investido contra o petroleiro britânico e afirmou que se tivesse recebido ordens para apreender algum navio, o teria feito imediatamente.

O governo britânico afirmou em comunicado que a fragata HMS Montrose acompanhava o petroleiro British Heritage durante a passagem pelo estreito de Ormuz, quando teve de se posicionar entre as embarcações iranianas e o navio e "lançar alertas verbais" aos barcos, que acabaram se afastando. "Estamos preocupados com essa ação e continuamos a pedir às autoridades iranianas por uma desescalada da situação na região", afirmou um porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.

O ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, disse que as alegações britânicas não têm valor, dizendo que "estão sendo feitas para criar tensões", segundo a agência de notícias Fars.

Em junho, dois navios petroleiros foram atingidos por explosões no estreito de Ormuz. Os Estados Unidos culparam o Irã, que negou envolvimento. Dias depois, um drone americano foi abatido sobre o território iraniano, acirrando ainda mais a crise.

O presidente americano, Donald Trump, disse que cancelou de última hora um bombardeio a alvos iranianos em represália à derrubada da aeronave não tripulada.

As tensões entre o Irã e o Ocidente se agravaram ainda mais nos últimos dias, após Teerã confirmar o enriquecimento de urânio acima dos níveis permitidos pelo acordo nuclear de 2015.

A medida seria uma forma de pressionar os parceiros europeus signatários do pacto a defender o país das sanções impostas pelos Estados Unidos, que deixaram o acordo no ano passado.

O vice-comandante da Guarda Revolucionária do Irã disse que o Reino Unido e os EUA se arrependerão de terem apreendido o petroleiro Grace 1 em Gibraltar. "Uma ação que não requer habilidade, mas sim alguma estupidez, foi realizada por eles", disse o almirante Ali Fadavi.

"O governo americano e e a Inglaterra não deveriam ter agido se tivessem feito o menor dos cálculos." "Alugamos esse navio e estávamos transportando a carga. A ação deles foi bastante tola, e eles certamente se arrependerão. Nossa ação recíproca ainda será anunciada", ameaçou Fadavi.

O HMS Motrose realiza uma missão de três anos na base de apoio da Marinha britânica no Bahrein, que é o centro das operações navais do país a leste do Canal de Suez. O petroleiro British Heritage é operado pela empresa petrolífera British Petroleum (BP) e registrado na ilha britânica de Man.

A publicação Lloyd's List, especializada em assuntos náuticos, disse que o navio desviou de sua rota para levar 140 toneladas de petróleo bruto para Basra, no Iraque, no dia 4 de julho, quando o petroleiro iraniano foi apreendido em Gibraltar. A embarcação britânica teria permanecido por vários dias em águas territoriais da Arábia Saudita.

Em nota, a BP agradeceu à Marinha Real Britânica pelo apoio e disse que sua prioridade é "a segurança de nossas tripulações e navios". Em torno de 20% de todo o petróleo comercializado em todo o mundo passa pelo Estreito de Ormuz, vindo de países produtores do Oriente Médio.

O Irã já ameaçou em diversas ocasiões fechar o estreito caso as sanções americanas impeçam o país de exportar petróleo, o que já vem ocorrendo em consequência das sanções.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, trabalha para criar uma coalizão com os países aliados na região, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, pedindo que esses países contribuam financeiramente e militarmente para uma estratégia que Washington batizou de Programa Sentinela. O objetivo seria garantir a livre circulação e a segurança marítima no Golfo Pérsico, mantendo o Irã sob vigia.

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