Russos protestam contra "cortina de ferro" na internet



Manifestação em Moscou convocada por iniciativa do popular aplicativo de mensagens Telegram critica planos do governo Putin de isolar a internet russa do resto do mundo.
Mais de 15 mil pessoas foram às ruas de Moscou neste domingo (10/03), em protesto contra uma planejada lei de internet que, segundo denunciam, vai levar a uma "cortina de ferro” on-line na Rússia.
Aprovada em primeira votação pela câmara baixa do Parlamento russo, a lei basicamente proibirá que o tráfico de internet na Rússia seja redirecionado para servidores externos.
O governo Vladimir Putin defende a medida como de interesse de segurança nacional. Seus detratores veem nela uma janela para aumentar a censura a vozes opositoras.
A lei foi rotulada pelos críticos como a mais recente tentativa do Kremlin de controlar o conteúdo online, e muitos temem que o país esteja no caminho para isolar completamente sua rede, como acontece na Coreia do Norte, por exemplo.
"Se não fizermos nada, vai ficar pior. As autoridades vão continuar seguindo seu próprio caminho, e não haverá mais volta”, disse Dimitri, de 28 anos, durante o protestos.
Pelo menos 16 pessoas foram presas durante a manifestação em Moscou, muitas sem explicação.
A convocação à manifestação foi feita pelo popular aplicativo de mensagens Telegram, que as autoridades russas têm tentado bloquear sem sucesso nos últimos meses.
Uma mensagem em russo na conta oficial do Telegram diz que o projeto de lei sobre a centralização da internet visa "cortar a Rússia do resto do mundo”. O objetivo do projeto de lei é "censura total", diz o Telegram.
O projeto de lei, que deve passar, ainda não foi votado em segunda leitura. Uma nova votação está prevista para o final março, quando também deve ocorrer uma nova manifestação.
A legislação faz parte de um esforço do governo para aumentar a soberania russa sobre o seu segmento da internet. A Rússia introduziu leis de internet mais duras nos últimos anos, exigindo, por exemplo, que as ferramentas de busca eliminem alguns resultados de pesquisa, que serviços de mensagens compartilhem chaves de criptografia com as autoridades de segurança, e que serviços e redes sociais armazenem os dados pessoais dos usuários russos em servidores dentro do país.

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