Escândalo ameaça derrubar chefe da inteligência alemã



Merkel já teria decidido demitir Hans-Georg Maassen, que está no centro de uma polêmica após minimizar a violência de extrema direita no leste do país.
O chefe da inteligência alemã, Hans-Georg Maassen, deve perder o cargo, segundo noticia a imprensa local, após ter dado declarações minimizando protestos xenófobos e a violência de extrema direita em Chemnitz, no leste do país.

A decisão já teria sido tomada pela chanceler federal Angela Merkel. O jornal Die Welt noticiou a decisão da líder alemã nesta segunda-feira (17/09), citando fontes do governo.

Segundo a publicação, Merkel considera que Maassen, presidente do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV), não é mais aceitável no cargo por ter interferido na política nacional, algo que não está de acordo com o seu posto.

De acordo com o Die Welt, a demissão de Maassen foi definida antes mesmo de uma reunião de crise entre membros da coalizão de governo marcada para esta terça. A agência de notícias DPA não conseguiu confirmar a informação.

O governo federal também não quis se manifestar oficialmente sobre o assunto ao Die Welt, afirmando que uma decisão será anunciada nesta terça-feira.

Após Merkel condenar a violência em manifestações de extrema direita em Chemnitz, Maassen questionou a autenticidade de imagens que mostraram agressões por parte de manifestantes, numa polêmica entrevista concedida no início deste mês ao tabloide Bild.

A chanceler federal havia criticado imagens dos protestos em que se viam dois homens árabes sendo atacados, denunciando tal comportamento como uma "caça" a estrangeiros. Maassen contradisse a chanceler federal, afirmando não haver evidências para tal afirmação e levantando dúvidas sobre a autenticidade do vídeo.

Após a polêmica, ele voltou atrás e disse que as imagens são verdadeiras. Chemnitz, na Saxônia, foi palco de uma série de violentos protestos anti-imigrantes após 26 de agosto, quando um alemão de 35 anos foi esfaqueado e morto durante uma briga na cidade.

Os três suspeitos pelo crime são requerentes de refúgio da Síria e do Iraque. Após a morte, simpatizantes da extrema direita, neonazistas e críticos da política de refugiados de Merkel saíram às ruas de Chemnitz, e foram registrados ataques xenófobos.

Além da polêmica envolvendo os protestos em Chemnitz, Maassen esteve no centro de mais um escândalo na semana passada, após revelações de que ele teria passado informações do relatório anual de sua agência, antes de sua publicação, para o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Membros do Partido Social-Democrata (SPD) – parceiro da União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, e da União Social Cristã (CSU) na coalizão de governo – vêm fazendo pressão para que Maassen renuncie ao cargo.

No entanto, o ministro do Interior, Horst Seehofer (CSU), a quem cabe demitir ou não o chefe da inteligência, manifestou apoio a Maassen – fazendo do futuro dele um possível novo foco de crise no governo.

Na última quinta-feira, Merkel já havia realizado uma reunião com Seehofer e a presidente do Partido Social-Democrata, Andrea Nahles, para discutir o assunto, mas informações sobre o encontro não foram divulgadas. Nesta terça, os três se reúnem novamente.

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