Trump reimpõe sanções ao Irã



EUA elevam pressão econômica sobre Teerã ao restabelecer série de sanções levantadas com pacto nuclear de 2015. Presidente defende novo acordo que englobe "atividades malignas" do regime. Europeus expressam preocupação.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto reimpondo várias sanções ao Irã nesta segunda-feira (06/08), três meses depois de retirar os EUA, de forma unilateral, do acordo nuclear fechado com a República Islâmica em 2015.
Trump destacou que sua estratégia é elevar ao máximo a pressão econômica sobre o país, ao mesmo tempo que ressaltou estar aberto a um acordo mais amplo com o Irã, que não se limite ao programa nuclear e englobe todas "as atividades malignas" do regime, incluindo os apoios dados a governos e grupos na região.
"Estou aberto a conseguir um acordo mais amplo que aborde toda a gama de atividades malignas do regime, entre elas seu programa de mísseis balísticos e seu apoio ao terrorismo", afirmou o presidente americano, tachando o atual pacto de "horrível e unilateral".
Ele também conclamou as demais nações a seguir o exemplo dos Estados Unidos "para deixar claro que o regime iraniano tem de tomar uma decisão: ou muda seu comportamento ameaçador e desestabilizador e se reintegra à economia global, ou continua descendo por um caminho de isolamento econômico".
Segundo Trump, aqueles que não reduzirem seus laços econômicos com o Irã "correm o risco de sofrer severas consequências" sob as sanções reimpostas.
Pouco depois, o presidente do Irã, Hassan Rohani, refutou a oferta de novas conversações feita por Trump. "Se você é um inimigo que apunhalou outra pessoa com uma faca e diz que quer negociar, a primeira coisa a fazer é remover a faca", declarou. Segundo ele, combinar negociações com sanções não faz sentido.
Em entrevista à televisão estatal do Irã, Rohani ainda acusou os Estados Unidos de quererem lançar uma "guerra psicológica contra a nação iraniana".
No domingo, o secretário de Estado, Mike Pompeo, afirmara que a medida contra Teerã será rigorosamente aplicada e permanecerá em vigor até que o governo iraniano mude radicalmente seu comportamento.
"Estamos esperançosos de encontrar uma maneira de avançar, mas isso vai exigir uma enorme mudança por parte do regime iraniano", afirmou Pompeo a caminho de uma viagem ao sudeste da Ásia. "Eles têm que se comportar como um país normal. É isso que pedimos. É bem simples."
Autoridades europeias, que também integram o acordo nuclear firmado em 2015, disseram nesta segunda-feira que "lamentam profundamente" a reimposição das sanções por parte dos Estados Unidos.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, e os ministros do Exterior de Alemanha, França e Reino Unido insistiram que o acordo nuclear de 2015 está funcionando e cumprindo seu objetivo de restringir o programa nuclear iraniano. Segundo o texto, o pacto com o Irã é crucial para a segurança da Europa, da região e do mundo inteiro.
Pelos termos do acordo – que segue em vigor, mas sem os EUA – sanções ao Irã foram levantadas em troca de o país desistir de seu programa nuclear e concordar com inspeções internacionais.
As sanções que os Estados Unidos reimpõem, a partir desta terça-feira, proíbem o Irã de comprar dólares e metais preciosos, o que integra uma tentativa mais ampla de cortar o país do sistema financeiro internacional.
Outras sanções que voltam a valer afetam o setor automotivo iraniano e incluem ainda a proibição das importações de tapetes e alimentos produzidos no Irã. Negócios com aço, carvão e alumínio também foram vetados.
No início de novembro, os Estados Unidos planejam levantar um segundo pacote de sanções, que visam desta vez o setor petrolífero, a indústria naval e o Banco Central do Irã, anunciou Washington.
As sanções valem apenas para americanos (pessoas, empresas ou organizações), mas afetam também empresas de outros países, já que elas podem ser multadas, excluídas do mercado americano ou impedidas de fazer negócios com empresas americanas se não respeitarem as sanções dos EUA.
Empresas estrangeiras podem ser afetadas também de forma indireta. Uma empresa alemã que venda produtos para o Irã, por exemplo, pode ter dificuldades para encontrar um banco que transfira seus euros para a Alemanha, pois os bancos temem ser excluídos do sistema financeiro americano.
Sanções internacionais também criam um ambiente de instabilidade que afasta investidores por dificultar o planejamento de longo prazo.

UE age para proteger empresas de sanções dos EUA ao Irã


A União Europeia (UE) lamentou a reimposição de sanções ao Irã pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira (07/08), e introduziu medidas para proteger empresas do bloco.
As sanções americanas entraram em vigor à meia-noite (horário de Washington) e, ao mesmo tempo, um Estatuto de Bloqueio foi instaurado para impedir que empresas europeias cumpram as medidas punitivas dos EUA.
Segundo o estatuto, companhias europeias que decidam se retirar do Irã devido às sanções só poderão fazê-lo se autorizadas pela Comissão Europeia. Caso contrário, governos da UE poderão impor "penalidade efetivas, proporcionais e dissuasivas" contra as empresas.
O estatuto também bloqueia os efeitos de ações judiciais americanas na Europa e permite que empresas europeias prejudicadas pelas sanções processem o governo dos EUA.
Trump assinou um decreto reimpondo uma série de sanções ao Irã três meses depois de retirar os EUA, de forma unilateral, do acordo nuclear fechado com a República Islâmica em 2015, ao lado de França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China. O presidente americano classificou o acordo de "o pior da história" e destacou que sua estratégia agora é elevar ao máximo a pressão econômica sobre o país.
Após a decisão de Trump, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, e os ministros do Exterior de Alemanha, França e Reino Unido insistiram que o acordo nuclear de 2015 está funcionando e cumprindo seu objetivo de restringir o programa nuclear iraniano.
Segundo comunicado conjunto, o pacto com o Irã é crucial para a segurança da Europa, da região e do mundo inteiro. Pelos termos do acordo – que segue em vigor sem os EUA – sanções ao Irã foram levantadas em troca de o país desistir de seu programa nuclear e concordar com inspeções internacionais.
"Estamos determinados a proteger operadores econômicos europeus envolvidos em negócios legítimos com o Irã", disse o comunicado. "É por isso que uma versão atualizada do Estatuto de Bloqueio entrará em vigor em 7 de agosto."
O Estatuto de Bloqueio, que proíbe empresas europeias de obedecer a certas sanções externas, foi criado em 1996 quando os EUA ameaçavam punir empresas estrangeiras que realizassem negócios com Cuba, mas nunca chegou a ser implementado.
A Comissão Europeia já havia anunciado uma atualização do estatuto para proteger empresas do continente em maio, dias após Trump se retirar do acordo e anunciar a reimposição de sanções.
As sanções 
As sanções que os Estados Unidos reimpuseram proíbem o Irã de comprar dólares e metais preciosos, o que integra uma tentativa mais ampla de cortar o país do sistema financeiro internacional.
Outras sanções que voltam a valer afetam o setor automotivo iraniano e incluem ainda a proibição das importações de tapetes e alimentos produzidos no Irã. Negócios com aço, carvão e alumínio também foram vetados.
As medidas valem apenas para americanos (pessoas, empresas ou organizações), mas afetam também empresas de outros países, já que elas podem ser multadas, excluídas do mercado americano ou impedidas de fazer negócios com empresas americanas se não respeitarem as sanções dos EUA.
Empresas estrangeiras podem ser afetadas também de forma indireta. Uma empresa alemã que venda produtos para o Irã, por exemplo, pode ter dificuldades para encontrar um banco que transfira seus euros para a Alemanha, pois os bancos temem ser excluídos do sistema financeiro americano.
Devido às sanções impostas por Trump, a montadora francesa Renault, por exemplo, que não vende veículos nos EUA, afirmou que permanecerá no Irã. Já o grupo francês de petróleo Total e a montadora PSA indicaram que gostariam de deixar o país.

Comentários