Relatório Otálvora: os EUA veem a Venezuela como um problema de segurança hemisférica


A manhã de sexta-feira (17AGO2018), começou no Palácio de Nariño, Sede da Presidência da Colômbia, com um breakfast de trabalho oferecido pelo presidente Ivan Duque ao Secretário de Defesa americano, James N. Mattis. Duque com seus ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, Guillermo Botero e Carlos Holmes Trujillo e embaixador nomeado em Washington Francisco Santos eram os anfitriões. Duque foi acompanhado, também com os secretários da Presidência Jorge Mario Eastman e Maria Paula Correa, os mesmos que o acompanharam, em 14JUL2018, no seu encontro com o chefe do Comando Sul (SOUTHCOM), Almirante Kurt Tidd, em Doral, Florida.


 

Para Mattis, era a última etapa de uma jornada que começou, segunda-feira (13AGO2018), em Brasília e o levou ao Rio de Janeiro, Buenos Aires, Santiago do Chile e Bogotá. Para Duque, a atenção especial a Mattis confirmou a relação especial que o novo governo da Colômbia busca com os EUA.
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O novo Ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, ofereceu sua primeira entrevista coletiva na qual apresentou os aspectos relevantes da política externa que o governo de Ivan Duque pretende realizar. Em sua apresentação, Holmes mencionou expressamente apenas três países: EUA, Venezuela e Nicarágua. "Fortalecimento das relações com os EUA", "maior diversificação da agenda bilateral" e "trabalho conjunto, estreito e coordenado" sobre a questão das drogas, disseram que eram seus objetivos em relação a Washington.
Durante a reunião de Duque com James N. Mattis, de acordo com a versão oficial, foram tratados aspectos do "fortalecimento" das relações bilaterais em operações de defesa e de combate às drogas, mas também foi discutida a questão da "segurança hemisférica". Sob esse conceito geral, foi abordada a questão da crise humanitária na Venezuela e a migração em massa de venezuelanos para países vizinhos, que já é conceituada como um problema para a segurança nacional de vários países sul-americanos.

O tema "Venezuela" nas reuniões entre líderes sul-americanos e ministros das Relações Exteriores está focado em dois aspectos: manter a pressão internacional para buscar mudanças políticas na Venezuela e responder à onda de migrantes venezuelanos pobres que não apenas entram na Colômbia e no Brasil, mas que já estão convergindo no Equador e no Peru. O governo colombiano está solicitando a criação de um fundo humanitário de emergência e a designação de um enviado especial da ONU para tratar da questão dos migrantes venezuelanos. "É uma questão que tem um impacto regional e que deveria ter um impacto multilateral" é a tese que o governo de Duque usa, assim como até recentemente adotava-a o governo de Juan Manuel Santos.
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Durante sua viagem à América do Sul, James N. Mattis foi recebido por seu colega brasileiro Joaquim Silva e Luna e pelo chanceler Aloysio Nunes. Em Buenos Aires, o chefe militar dos EUA foi recebido por seu colega Oscar Aguad e pelo alto comando militar naquela que foi a primeira visita em treze anos de um Secretário de Defesa dos EUA à Argentina. O governo Kirchner, desde 2003, paralisou a cooperação militar com os EUA e flertou com o plano de Chávez de criar uma "Otan del Sur", baseada na Argentina. No Chile e na Colômbia, Mattis foi recebido por seus respectivos líderes Sebastián Piñera e Iván Duque. Além das questões específicas de cada país, em todas as reuniões que a Mattis realizou com os altos funcionários sul-americanos, foi discutida a "questão da Venezuela".


 
Secretário Mattis o Ministro da  Defesa Aguad e a cúpula militar da Argentina
Em seu voo entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires, em 14AGO2018, Mattis disse a repórteres que "a crise na Venezuela não é uma questão militar", mas nas conversas com seus anfitriões oficiais, a Venezuela é vista como uma geradora de crescente de insegurança e instabilidade potencial na região. Mattis transmitiu o que se tornou a posição pública oficial do governo dos EUA: a administração Trump não tem em mente uma intervenção militar na Venezuela.
O ministro da defesa brasileiro Silva e Luna afirmou, após seu encontro com Mattis, que a posição dos EUA é "muito prudente" e que Washington encoraja o Brasil a liderar as ações sul-americanas sobre a migração em massa de venezuelanos.
Enquanto Mattis ainda estava na Colômbia, o Departamento de Estado emitiu uma declaração 17AGO18 na qual afirmou que "o governo venezuelano é responsável pela instabilidade e pelo sofrimento generalizado na Venezuela". O comunicado divulgado pela porta-voz Heather Nauert se refere e condena a "repressão do regime de Maduro após o incidente de 4 de agosto", quando um drone explodiu durante uma parada militar em Caracas, no que o governo chavista descreveu como "magnicídio" em grau de frustração".

 Secretário Mattis e delegação em reunião com o Ministro da Defesa Silva e Luna e a cúpula militar do Brasil, Brasília 13AGO2018.
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Pela segunda vez desde que assumiu o cargo, em 07AGO2018, Iván Duque visitou a área de fronteira com a Venezuela. Em 14AGO18 para ver in loco as consequências das inundações nas distantes populações da Orinoquia colombiana, Duque visitou Puerto Carreño e Inírida, as capitais dos departamentos de Vichada e Guainía localizados a poucos quilómetros do território venezuelano. Puerto Carreño foi inundado pelas águas do rio Meta, assim como a cidade gêmea venezuelana de Puerto Páez, localizada na margem esquerda do poderoso rio que marca a fronteira.
No dia seguinte, em sua primeira viagem ao exterior como presidente da Colômbia, Duque viajou para Assunção para acompanhar a posse de Mario Abdo Benítez. Além de um encontro com Abdo, Duque manteve encontros com o argentino Mauricio Macri, o chileno Sebastián Piñera e o brasileiro Michel Temer. Nicolás Maduro não foi convidado para tomar posse de Abdó.
Macri, Piñera, Abdó e Duque são quatro dos presidentes que estariam considerando denunciar Nicolás Maduro perante o Tribunal Penal Internacional por violações dos direitos humanos.
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A propósito, o estado de saúde do Rei Emérito Juan Carlos I, a curta idade da Princesa das Astúrias e a decisão do Rei Felipe VI de não comparecer a esses eventos, fez a representação da Espanha nas posses de Ivan Duque, na Colômbia, e Mario Abdo Benítez, no Paraguai, serem chefiadas pelo presidente do Congresso dos Deputados Ana Pastor. Juan Carlos, durante seu reinado, tornou-se rotina em sua presença ou na de seu herdeiro nos altos eventos políticos da América Latina, em resposta ao papel especial que a Espanha busca nas relações entre a Europa e a América Latina.
Enquanto a Casa Real e o presidente do governo espanhol do socialista Pedro Sanchez se recusaram a viajar para Bogotá, o novo chefe do Partido Popular Pablo Casado não perdeu a oportunidade de acompanhar a posse de Ivan Duque, com quem ele realizou uma reunião, em 06AGO2018.
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O Partido dos Trabalhadores apresentou, em 15AGO2018, perante as autoridades eleitorais em Brasília o pedido de registro da candidatura presidencial de Lula da Silva. O ato foi acompanhado por vários milhares de ativistas trazidos para a capital de várias regiões do Brasil em uma mobilização onerosa executada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), com fontes de financiamento não reveladas.
O Procurador-Geral da República, Raquel Dodge, que também é o chefe do Ministério Público em matéria eleitoral, pediu na noite, 15AGO2018, ao  Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), rejeitou o pedido de registro do ex-presidente.
O líder do PT por ter sido condenado por corrupção por um tribunal colegiado em grau de recurso está em inelegibilidade de acordo com a lei da "Ficha Limpa" aprovado pelo próprio Lula em 2010. Esse é o critério do imposto de rodeio e o argumento de seis outras ações movidas por partidos políticos e candidatos. O TSE já nomeou o juiz relator que terá que responder ao pedido do Ministério Público.
O 17AGO18 circulou uma comunicação do Comitê de Direitos Humanos da ONU, amplamente divulgada pelos seguidores de Lula, solicitando que o Estado brasileiro permitisse a participação do ex-presidente nas eleições. A opinião do Comitê não parece ser vinculante para o Brasil e há sérias dúvidas sobre o poder desse órgão em emitir medidas cautelares que se sobrepõem à legislação brasileira anticorrupção.
Tudo indica que Lula não será candidato e o PT, junto com o Partido Comunista do Brasil (PC do B), deve designar um novo candidato antes de 17SEP18. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que estava inscrito como candidato a vice-presidente com Lula, deve assumir a candidatura presidencial do PT. A comunista Manuela d'Ávila seria a candidata à vice-presidência. Lula continua fingindo ser candidato à presidência, enquanto em seu partido inicia uma campanha eleitoral que se baseará em convencer os seguidores de Lula a endossarem seus votos a Haddad.
As eleições no Brasil são convocadas para o 07OCT2018 e o segundo turno em, 28OUT2018, e uma opção vencedora ainda não é claramente visível.

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