Itamaraty diz que eleições na Venezuela reforçam caráter autoritário de regime Maduro



O Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou nesta segunda-feira que a eleição de domingo na Venezuela careceu de legitimidade e credibilidade, e aprofunda a crise política no país ao reforçar o caráter autoritário do regime do presidente reeleito, Nicolás Maduro.
Em nota, o Itamaraty afirmou que o governo brasileiro “lamenta profundamente que o governo venezuelano não tenha atendido aos repetidos chamados da comunidade internacional pela realização de eleições livres, justas, transparentes e democráticas”.
A chancelaria brasileira acrescentou, ainda, que o Brasil continuará atuando, inclusive na Organização dos Estados Americanos (OEA), em favor do restabelecimento da institucionalidade democrática, do estado de direito e do respeito aos direitos humanos na Venezuela.
“Também seguirá empenhado em seus esforços de mitigar os efeitos da crise humanitária que vivem os venezuelanos e acolher, de acordo com a legislação nacional e nossas obrigações internacionais, os que ingressem em território brasileiro”, acrescentou.
Ao lado dos demais países do Grupo de Lima, formado por mais de uma dezena de países das Américas, o Brasil já havia condenado mais cedo a eleição venezuleana, depois que Maduro foi reeleito no domingo em uma votação polêmica e marcada por denúncias de fraudes.

Brasil e demais países do Grupo de Lima não reconhecem legitimidade de eleição na Venezuela


O Grupo de Lima, formado pelo Brasil e mais de uma dezena de outros países das Américas, não reconhece o resultado das eleições realizadas no domingo na Venezuela, disse o grupo em comunicado nesta segunda-feira.
Os governos de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia não reconhecem a legitimidade do processo eleitoral que teve lugar na República Bolivariana da Venezuela, afirmou o grupo em comunicado.
Os integrantes do Grupo de Lima concordaram em reduzir o nível de suas relações diplomáticas com a Venezuela após a eleição e chamar para consultas seus embaixadores em Caracas.
Os países também reiteraram “sua preocupação com o aprofundamento da crise política, econômica, social e humanitária que deteriorou a vida na Venezuela, o que se reflete na migração em massa de venezuelanos que chegam a nossos países em condições difíceis, na perda de instituições democráticas, do estado de direito e na falta de garantias e liberdades políticas dos cidadãos”.
O grupo de países decidiu, ainda, apresentar uma nova resolução à Organização dos Estados Americanos (OEA) sobrea situação da Venezuela, depois que o presidente Nicolás Maduro foi reeleito em uma votação polêmica e marcada por denúncias de fraudes.

Maduro enfrenta condenação internacional e ameaças de sanções à Venezuela após reeleição


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enfrentou nesta segunda-feira uma nova onda de condenação internacional depois de ter sido reeleito em uma votação denunciada por seus críticos como uma “farsa” para legitimar seu regime autocrático.
Apesar de sua baixa popularidade e da crise grave que o país petroleiro vive, Maduro, um ex-motorista de ônibus de 55 anos, derrotou com facilidade dois rivais pouco conhecidos devido à ausência das principais figuras de oposição na disputa, à proibição imposta a alguns partidos e à entrega de alimentos subsidiados e bônus.
As eleições registraram a menor participação em mais de duas décadas, segundo o pesquisador Félix Seijas, e Maduro obteve 1,7 milhão de votos a menos que na eleição anterior de 2013.
Seus dois adversários no pleito, o ex-governador Henri Falcón e o pastor evangélico Javier Bertucci, criticaram os resultados, denunciaram irregularidades e pediram novas eleições.
“A revolução chegou para ficar!”, disse Maduro, exultante depois de ter sido declarado vencedor, diante de milhares de seguidores que festejavam e dançavam perto do palácio presidencial de Miraflores em Caracas, cantando “Vamos, Nico”.
Embora não tenha dado detalhes, o presidente se comprometeu a resgatar uma economia que sofre com estagnação, hiperinflação e uma escassez crônica de produtos, e que se depara com grandes compromissos de dívida enquanto sua produção de petróleo despenca.
“Se o que podemos comprar agora é mandioca e sardinha, com outros seis anos com Maduro como presidente não comeremos nada, essa é a pátria que nos deram hoje os chavistas”, se queixou a dona de casa Luisa Madrid, de 61 anos, na cidade de San Félix, no sul da Venezuela.
Vários países disseram que não reconhecerão os resultados das eleições, inclusive os Estados Unidos, que disseram no domingo que estudam novas sanções sobre o vital setor petroleiro, algo que poderia complicar ainda mais a economia venezuelana, dependente da exportação do produto.
“Ao próprio império eu digo, a sério, um passo atrás. Império gringo, um passo atrás”, afirmou Maduro em seu discurso de vitória. “Já basta de tanto ataque e ameaça”.
A América Latina e a União Europeia já haviam advertido que tampouco consideram o processo democrático.
“A farsa eleitoral (na Venezuela) não muda nada”, escreveu no domingo no Twitter o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.
O G20, que realizará uma reunião de chanceleres nesta segunda-feira em Buenos Aires, também emitirá uma resposta sobre os resultados das eleições venezuelanas.

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