Blue Helmets: 70 anos da contribuição dos boinas-azuis da ONU




A contribuição feita por homens e mulheres de todo o mundo para a construção e o apoio da paz está sendo celebrada no 70° aniversário do estabelecimento das operações de paz das Nações Unidas.


O envio de observadores militares ao Oriente Médio em 1948 foi a primeira missão de paz da ONU. Seu papel era monitorar o acordo de trégua entre Israel e países árabes vizinhos, uma operação que ficou conhecida como a Organização das Nações Unidas de Supervisão da Trégua, Untso. 
 

Foto: ONU/JG
Major-general Carl C. von Horn, chefe da Untso
Um total de 71 operações de paz já foram enviadas pela ONU, 57 desde 1988. As Operações de Paz da ONU nasceram quando rivalidades da Guerra Fria paralisavam com frequência o Conselho de Segurança, o órgão com a função de estabelecer as missões e definir seus mandatos. 
 
Foto: ONU/SC
Major Emilio Altieri (Uruguai) faz uma patrulha a cavalo na linha de cessar-fogo em 1955.
No princípio, a manutenção da paz estava limitada a observar acordos de cessar-fogo, como no caso de Jammu e Caxemira onde o Grupo de Observação Militar da ONU na Índia e no Paquistão (foto) foi enviado em janeiro de 1949. 
 

Foto: ONU/GJ
Soldados do contingente sueco da Unef na Peninsula do Sinai, Egito, 1957

Os primeiros soldados de paz a carregar armas foram enviados em 1956 como  Força de Emergência das Nações Unidas para tratar da Crise de Suez. A missão era garantir e supervisionar a pausa nas hostilidades, incluindo a saída das forças armadas da França, Israel e Reino Unido do território egípcio, além de servir como “mediador” entre as forças egípcias e israelenses. Os soldados de paz utilizaram todos os meios de transporte disponíveis para poder fazer seu trabalho. 
Foto: ONU
Integrantes do contingente indiano da ONUC

A Operação da ONU no Congo, Onuc, 1960, foi a primeira missão de larga escala, enviando quase 20 mil militares no seu auge. A experiência da Onuc demonstrou os riscos envolvidos quando se tenta levar estabilidade para regiões destruídas pela guerra: 250 funcionários da ONU morreram durante a missão, incluindo o secretário-geral Dag Hammarskjold, morto numa queda de avião quando tentava negociar um acordo de paz. Integrantes do contingente da Índia (foto) ajudam um boina-azul indiano a entrar num veículo blindado. Atualmente, os soldados de paz estão novamente atuando na República Democrática do Congo.
 
Foto: ONU/Pernaca Sudhakaran
Tropas holandesas da ONU no Camboja em maio de 1993

Com o fim da Guerra Fria, o contexto estratégico para as Missões de Paz da ONU mudou de forma dramática, passando da observação para a garantia da implementação de acordos de paz. Os boinas azuis (incluindo os holandeses da foto) foram enviados ao Camboja com o fim da guerra civil do país, em 1991, para apoiar os trabalhos de direitos humanos, as eleições, para manter a lei e a ordem, restaurar a infraestrutura destruída na guerra e ajudar no repatriamento e reassentamento das pessoas que haviam deixado suas casas. 

Foto: ONU/Staton Winter
Soldado de paz do Gana em 2012. Cerca de 16 mil soldados de dezenas de países serviram a Libéria entre 2003 e 2018

Já houve mais operações de manutenção da paz na África do que em qualquer outro continente. As missões em países do oeste africano que foram afetadas por conflito como Libéria, Serra Leoa e Côte d’Ivoire (Costa do Marfim) foram encerradas assim que seus mandatos foram cumpridos com sucesso. Na Libéria (foto), esforços para o desarmamento supervisionados pela missão contribuíram para a estabilidade de longo prazo. Atualmente, existem sete missões de paz no continente. 
Foto: ONU/Martine Perret
Unpol e policiais timorenses investigam um caso de abuso doméstico

Os soldados de paz chegaram no Timor-Leste em 1999, após anos de conflito, para apoiar um processo de consulta popular que determinaria o futuro status do Timor. Após um referendo apoiado pela ONU, o país tornou-se independente em 2002. A Missão, que acabou por deixar um Timor-Leste pacífico em 2012, teve uma série tarefas no país, incluindo investigações feitas pela ONU. Aqui, uma oficial de polícia tailandesa discute um caso com uma policial nacional. 
Foto: ONU/Logan Abassi
Missão da ONU no Haiti, Minustah, durante a entrega de material para as eleições de 2016

No Haiti, os capacetez-azuis ajudaram o país na transição para a democracia, além de apoiar a reconstrução e a estabilidade após o terremoto de janeiro de 2010, que causou a morte de 220 mil pessoas, incluindo 96 soldados de paz. 

Foto: Minusma/Harandane Dicko
A força em ação: contingente de Burkina Fasso na Minusma

Um número cada vez maior de mulheres tem sido enviado como capacetes-azuis em áreas de conflito.  No Mali, existem 38 mulheres do contingente de Burkina Fasso. Instaladas no no norte do Mali, elas garatem a logística dos comboios, as operações militares para a segurança dos civis e a proteção dos alojamentos da ONU. 

Foto: Unmiss
Reconstrução de estrada no Sudão do Sul durou 22 dias.
No Sudão do Sul, que após dois anos de independência caiu num conflito civil em 2011, as tropas de engenharia da ONU reconstruíram centenhas de milhas de estradas. O acesso humanitário melhorou e o aumento das patrulhas dos soldados de paz fez com que as pessoas se sentissem mais seguras. Essa estrada perto de Pibor, no leste do país, que foi reparada por engenheiros da Coreia do Sul, ajudou na revitalização do comércio e no aumento dos produtos disponíveis nos mercados.

Foto: ONU/Harandane Dicko
Memorial no Mali para boinas-azuis mortos em abril
Setenta anos depois da primeira operação de país, existem 14 missões ao redor do mundo. A manutenção da paz continua sendo uma ocupação perigosa. Mais de 3,7 mil soldados de paz morreram em serviço desde 1948. 
Ataques terroristas contra a organização fizeram do Mali um dos países mais arriscados para servir à ONU. Em abril, um memorial foi feito para três soldados de paz, dois chadianos e um nigerino, mortos em ataques ocorridos em 5 e 6 de abril no norte do país.

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