O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, concordou neste domingo (22/04) em anular uma reforma altamente controversa das leis de previdência do país, que desencadeou quatro dias de violência, deixando pelo menos 24 mortos e dezenas de feridos.
Conversando com líderes econômicos, Ortega declarou que o Instituto de Seguridade Social da Nicarágua decidiu retirar a reforma, que elevaria o valor das contribuições e reduziria o valor das aposentadorias, num esforço para frear o déficit nacional crescente.
Através de duas resoluções, o país havia decidido aumentar de 6,25% para 7% a alíquota que os trabalhadores pagam à previdência social, além de elevar de 19% para 21% a cota patronal. Além disso, os aposentados teriam que fornecer 5% do valor de suas pensões em conceito de cobertura de doenças.
Quatro dias de protestos violentos
As propostas da reforma da previdência desencadearam uma onda de prostestos que começaram na última quarta-feira, na capital, Manágua, e em León, espalhando-se para outras regiões do país.
Os protestos endureceram na sexta-feira, com confrontos com a polícia e danos em edifícios governamentais em Manágua e outras cidades. Na véspera, quatro canais de televisão independentes haviam sido impedidos pelo Executivo de fazer a cobertura das manifestações.
O aumento do custo de vida, os atos de corrupção e ações contra a liberdade de expressão na Nicarágua, entre outros, são alguns dos fatores que motivaram os protestos.
No sábado, o presidente havia quebrado o silêncio que tinha mantido desde o início das manifestações, afirmando estar aberto a dialogar sobre as planejadas reformas.
"O governo está totalmente de acordo em retomar o diálogo pela paz, pela estabilidade, pelo trabalho, para que o nosso país não enfrente o terror que estamos vivendo neste momento", afirmou na televisão nacional. O diálogo, no entanto, seria apenas com lideranças do setor privado, e não com outras parcelas da sociedade, disse.
O presidente afirmou que as manifestações foram apoiadas por grupos políticos que se opõem a seu Executivo e são financiados por organizações extremistas dos Estados Unidos, sem dar mais detalhes ou identificar os movimentos.
Seu objetivo, prosseguiu Ortega, é "semear o terror, semear a insegurança e destruir a imagem da Nicarágua", depois de 11 anos de paz em seu governo. Após o discurso, centenas de jovens envolveram-se novamente em confrontos violentos com a polícia na capital.
Repórter é morto durante transmissão ao vivo no Facebook na Nicarágua
Repórter é morto durante transmissão ao vivo no Facebook na Nicarágua
Um repórter foi baleado e morto durante uma transmissão ao vivo pelo Facebook em meio a uma onda de violentos protestos antigoverno na Nicarágua, noticiaram a mídia local e agências de notícias neste domingo (22/04).
O repórter morto, identificado como Ángel Gahona, fazia uma transmissão via rede social com seu celular na cidade de Bluefields, quando foi atingido por um tiro e caiu no chão. Imagens mostram pessoas gritando seu nome e correndo para ajudá-lo. Uma jornalista que estava no local confirmou que o colega morreu antes de ser hospitalizado.
Não ficou claro quem disparou o tiro que atingiu Gahona. Segundo um jornalista citado pelo jornal nicaraguense La Prensa, somente policiais e grupos que lutavam contra os manifestantes estavam armados.
Além de Gahona, organizações de direitos humanos contabilizaram mais de 20 mortos nas manifestações, iniciadas na última quarta-feira, enquanto os últimos dados do governo apontaram dez vítimas. Foram contabilizados dezenas de feridos e detidos.
Os protestos têm como alvo planos do governo do presidente Daniel Ortega de reformar o sistema previdenciário do país, aumentando o valor das contribuições e diminuindo as aposentadorias. Neste sábado, Ortega quebrou o silêncio que tinha mantido desde o início das manifestações e afirmou que seu governo está aberto a dialogar sobre as planejadas reformas.
"O governo está totalmente de acordo em retomar o diálogo pela paz, pela estabilidade, pelo trabalho, para que o nosso país não enfrente o terror que estamos a viver neste momento", afirmou na televisão nacional. O diálogo, no entanto, será apenas com lideranças do setor privado, e não com outras parcelas da sociedade, disse.
O presidente afirmou que as manifestações foram apoiadas por grupos políticos que se opõem a seu Executivo e são financiados por organizações extremistas dos Estados Unidos, sem adiantar ou identificar os movimentos.
O seu objetivo, prosseguiu Ortega, é "semear o terror, semear a insegurança e destruir a imagem da Nicarágua" depois de 11 anos de paz em seu governo. Após seu discurso, centenas de jovens envolveram-se novamente em confrontos violentos com a polícia na capital.
As manifestações tiveram início na última quarta-feira na capital do país, Manágua, e em León, espalhando-se para outras regiões do país. Os protestos endureceram na sexta-feira, com confrontos com a polícia e danos em edifícios governamentais em Manágua e outras cidades.
Quatro canais de televisão independentes foram impedidos pelo Executivo, na quinta-feira, de fazer a cobertura das manifestações.
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