MONUSCO - General brasileiro vai comandar missão de paz da ONU no Congo







O secretário-geral da ONU, António Guterres, nomeou o general brasileiro Elias Rodrigues Martins Filho como novo comandante da Missão de Paz das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco). Ele sucede o general Derrick Mbuyiselo Mgwebi, da África do Sul, que encerrou sua missão em 31 de janeiro passado. O resultado do processo de seleção, que durou quase quatro meses, foi anunciado sexta-feira passada (13). A informação é da ONU News.
O general Martins, que atualmente ocupa a chefia do Escritório das Organizações Internacionais do Ministério da Defesa, tem mais de 35 anos de experiência nas Forças Armadas brasileiras e já serviu nas Nações Unidas em Nova Iorque.
Longa carreira
Nascido em Fortaleza, Martins Filho já ocupou, entre outros cargos, o de chefe de inteligência do Ministério da Defesa do Brasil e de Oficial de Comando do Batalhão da Guarda Presidencial, de 2009 a 2011.
Elias Rodrigues Martins Filho também foi o encarregado de planejamento do Departamento das Operações de Paz entre 2005 e 2008, e vice conselheiro militar da Missão Permanente do Brasil, em Nova Iorque. Na década de 1990, ele serviu na Missão III da ONU de Verificação em Angola.
O novo comandante da Monusco é pós-graduado em Relações Internacionais e formado pela Escola Superior de Guerra. Ele será o segundo comandante brasileiro na Missão de Paz das Nações Unidas na República Democrática do Congo. O primeiro foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Martins Filho conversou com a ONU News em Nova York e falou sobre as expectativas para seu novo cargo, como os esforços para “permitir que o processo político acordado entre as lideranças do Congo avance, inclusive o processo eleitoral no país previsto para o final deste ano”.
A MONUSCO reúne mais de 18 mil pessoas e recebe contribuições de mais de 30 países.
Martins Filho foi nomeado após mais de 35 anos de carreira militar e deixa o cargo de subchefe do Escritório de Organismos Americanos do Ministério da Defesa do Brasil. Também já atuou como vice-conselheiro militar da Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas (2001-2003) e oficial de Equipe da Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola em 1995 e 1996.
Boinas-azuis da Missão de Paz das Nações Unidas em ação na República Democrática do CongoONU/Sylvain Liechti
Fome e violência¹
A República Democrática do Congo, localizada na África Central, é rica em recursos naturais, mas enfrenta graves conflitos e a maior parte de sua população vive em situação de pobreza extrema.
Segundo a BBC, ao longo de 2017, 1,7 milhão foram forçados a abandonar suas casas, de acordo com grupos de ajuda humanitária - que ressaltam que a República Democrática do Congo é um dos países mais afetados pelo chamado deslocamento em decorrência de conflitos (“conflict displacement”, na expressão em inglês).
Uma grande guerra civil entre 1997 e 2003 ceifou milhões de vidas como resultado dos combates, de doenças ou da fome.
Muitos outros países vizinhos foram atraídos para essa guerra civil, que ficou conhecida como a Grande Guerra da África. Depois que ela terminou, os conflitos não pararam, com grupos armados ainda espalhando violência.
Em 2015, pessoas foram mortas em protestos contra mudanças na lei que opositores do governo afirmavam que serviriam para tornar mais fácil a permanência do Presidente Joseph Kabila no poder. A recusa dele em deixar o cargo após o fim do seu mandato também é apontada como ponto crucial para que as tensões e a violência permaneçam na área.
A segunda gestão de Kabila – que seria, portanto, a gestão final – terminou oficialmente em dezembro de 2016, mas não foram realizadas eleições para decidir quem assumiria seu lugar.
Um acordo político foi alcançado, o que significava que Kabila permaneceria até o final de 2017, contanto que trabalhasse em conjunto com outras pessoas.
Mas as eleições foram remarcadas para o final de 2018.

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