Islândia bloqueia envio de gás lacrimogêneo à Venezuela



Avião com 16 toneladas do produto provenientes da China faria escala em solo islandês. Para justificar medida, governo afirma que "direitos humanos fundamentais não são respeitados" no país sul-americano


O Ministério dos Transportes e o governo da Islândia bloqueou o transporte de 16 toneladas de gás lacrimogêneo provenientes da China para a Venezuela.

Segundo o portal de notícias Panam Post, citando informações do governo islandês, um avião que transportaria a carga solicitou um pedido para fazer uma escala no aeroporto de Keflavik, mas as autoridades locais instruíram a Agência de Transportes do país a negar o pedido.

O Ministério recomenda que a agência "rechace as consultas mencionadas sobre a transferência itens militares através do território islandês", afirmando que a Venezuela é uma "zona vulnerável onde os direitos humanos fundamentais não são respeitados".

Não se sabe se a aquisição do produto pela Venezuela ocorreu recentemente ou se faz parte de um acordo mais antigo do país com a China. Este não é o primeiro carregamento de gás lacrimogêneo para a Venezuela a ser bloqueado por um país estrangeiro.

Em julho, o Brasil embargou a exportação do produto, negociada por uma empresa sediada no Rio de Janeiro, para o país vizinho, mencionando o "massacre" promovido pelo regime do autocrata Nicolás Maduro.

Oposição venezuelana recebe prêmio de direitos humanos da UE

A oposição venezuelana foi agraciada nesta quinta-feira (26/10) com o prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, concedido pelo Parlamento Europeu. A principal premiação de direitos humanos da União Europeia (UE) foi dedicada à "oposição democrática" ao governo do autocrata Nicolás Maduro, e a "presos políticos" no país sul-americano, anunciou o Parlamento Europeu. O órgão destacou a coragem de estudantes e políticos que lutam pela liberdade em meio a um governo repressivo.

Entre os homenageados pela premiação estão a Assembleia Nacional venezuelana, dominada pela oposiçaõ, e seu presidente, Julio Borges, além dos opositores Leopoldo López, Antonio Ledezma, Daniel Ceballos, Yon Goicoechea, Lorent Saleh, Alfredo Ramos e Andrea González, representando todos os prisioneiros políticos do país.

Em comunicado divulgado em seu site, o Parlamento Europeu destaca que a Venezuela vem enfrentando uma crise política nos últimos anos. "O partido governista limitou constantemente o Estado de direito e a ordem constitucional e, em março de 2017, a Suprema Corte destituiu a democraticamente eleita Assembleia Nacional de seu poder legislativo", diz o texto.

"Ao mesmo tempo, o número de presos políticos somou mais de 600, de acordo com o mais recente relatório do Foro Penal Venezuelano", acrescenta o comunicado. "O respeito aos direitos humanos é um dos valores fundamentais da União Europeia. Qualquer violação a esses direitos afeta os princípios democráticos sobre as quais nossa sociedade está baseada, ocorram eles dentro ou fora da UE", ressalta o Parlamento Europeu.

O parlamentar Guy Verhofstadt, da Alde, afirmou que o prêmio "apoia a luta das forças democráticas por uma Venezuela democrática" e pediu que a comunidade internacional se una na "luta pela liberdade do povo venezuelano".

A proposta de entrega do prêmio à oposição venezuelana foi feita pelos grupos parlamentares do Partido Popular Europeu (PPE), que detém o maior número de assentos no Parlamento Europeu, e da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (Alde). No ano passado, o prêmio Sakaharov foi dedicado às ativistas yazidis Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar.

Neste ano, estavam entre os finalistas uma cristã paquistanesa condenada à morte há seis anos em seu país, um defensor dos direitos humanos na Guatemala, dois prisioneiros pró-curdos na Turquia, um autor teatral de nacionalidade sueca-eritreia e um ativista de direitos humanos do Burundi.

A distinção, criada em 1988 em homenagem ao dissidente soviético Andrei Sakharov, é concedida anualmente pelo Parlamento Europeu a indivíduos ou grupos que lutam pela defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. O primeiro contemplado foi o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.

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