UMA EXPERIÊNCIA REAL: EE-9 Cascavel em combate Líbia e Iraque 2015 – 2017
Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar a história em grande parte desconhecida do público Brasileiro, do veículo blindado sobre rodas mais bem sucedido, projetado, desenvolvido e produzido no país, completando agora em 2017, 40 anos de combates reais em diversos conflitos, principalmente ao longo dos anos de 2015 a 2017 na Líbia e no Iraque, onde inclusive sofreram diversas modificações, tendo inclusive sido empregado com sucesso em combates urbanos, o grande pesadelo de qualquer Exército na atualidade, onde tem cumprido muito bem sua missão. É importante ainda salientar que mesmo transcorridos mais de duas décadas do fim de sua produção, este continua inabalável e íntegro em plena e eficaz atividade, combatendo ao lado de verdadeiros mitos da indústria estrangeira, ficando em nada a dever, além de receber modificações que nunca foram sequer imaginadas pelos seus criadores, mas que impressionam, mostrando ser totalmente viável e operacional, seja pela sua eficácia, efetividade e maneabilidade, seja pela facilidade de peças e manutenção, em nada comprometendo a sua ação de choque e mobilidade tática em combate, cujo propósito deste artigo seja apenas servir de subsídios para novas reflexões, visto que as Forças Armadas Brasileiras não terem compreendido e assimilado as potencialidades deste projeto, sonhando em substituí-lo por outro de concepção e produção estrangeira, a custos estratosféricos, com inúmeros itens modernos que nos tornam a cada dia, mais dependentes de quem os produz, gerando empregos e serviços além-mar, além de não atender em sua plenitude as demandas estratégicas e operacionais, principalmente da Força Terrestre, pois estamos muito mais próximos de situações similares as que ocorreram nestes dois países nos últimos anos, com atores diferentes, mas com grandes problemas que apenas se agravam.
Palavras-chave: Blindado 6x6; Base Industrial de Defesa; Força Terrestre; Operações conjuntas rodas e lagartas; Táticas em conflitos urbanos;
A REAL EXPERIENCE: EE-9 Rattlesnake in combat Libya and Iraq 2015 – 2017
Abstract: This article aims to show the largely unknown story to the Brazilian public, of the most successful armored vehicle on wheels, designed, developed and produced in the country, completing in 2017, 40 years of real fighting in various conflicts, mainly along the years of 2015 to 2017 in Libya and Iraq, where they have even undergone several modifications and been successfully employed in urban battles, the great nightmare of any army at the present time, where it has fulfilled its mission very well. It is also important to point out that even after more than two decades since the end of its production, it continues to be unshaken and intact in full and effective activity, fighting alongside true myths of foreign industry, being in no way inferior to them, as well as receiving modifications that were never even imagined by their creators, but which impressed, proving to be totally feasible and operational, either for their effectiveness, efficiency and maneuverability, or for the availability of parts and easy maintenance, in no way compromising their shock action and tactical mobility. The purpose of this article is only to serve as a basis for new reflections, since the Brazilian Armed Forces did not understand and assimilate the potential of this project, dreaming of replacing it with another one of foreign design and production, at stratospheric costs, with innumerable modern items that make us more and more dependent on who produces them, generating jobs and services beyond the sea, in addition to failing to meet the strategic and operational demands, especially of the Land Force, since we are much closer to situations similar to those that occurred in these two countries in recent years, with different actors, but with problems that only worsen.
Keywords: Armored 6x6; Industrial Defense Base; Land Force; Joint operations wheels and tracks; Tactics in urban conflicts;
1. INTRODUÇÃO
O ENGESA EE-9 Cascavel, começou a ser desenvolvido em 1970, numa parceria que envolveu o Parque Regional de Motomecani-zação da 2ª Região Militar – PqRMM/2, e a Engenheiros Especializados S/A – ENGESA, ambos sediados em São Paulo, SP.
Produzido durante 18 anos (1975/1983), este blindado sobre rodas 6x6, concebido para operações de reconhecimento e segurança, teve como maior trunfo a simplicidade. Durante o projeto foi eliminado qualquer sofisticação desnecessária, utilizando-se ao máximo as peças produzidas pela então indústria automotiva brasileira, esse cuidado o tornou um carro robusto, fácil de operar, com manutenção simples e barata. Sua mobilidade foi outro ponto positivo graças à então suspensão “boomegang”, capaz de realizar manobras rápidas em qualquer tipo de terreno, mantendo as rodas traseiras sempre em contato com o solo.
Também pode alcançar velocidades elevadas, cobrindo grandes distâncias em pouco tempo. Considerado um excelente veículo na sua categoria, possuindo um eficaz poder de fogo, em razão de seu armamento localizado na torre onde opera um canhão de 90 mm e sistemas de direção de tiro, com uma eficácia acima da média. No início de sua produção seriada era equipado com canhão 62 F1 e torre, ambos de origem francesa, sendo que a partir da versão M-2S3 passou a usar canhão e torre de concepção brasileira, modelo EC-90 com canhão de 90 mm e metralhadora 7,62mm.
Sua produção em todas as versões alcançou um total de 1738 unidades, exportadas a doze países, sendo o blindado nacional de maior sucesso. Como curiosidade, seu custo unitário, em 1988 era da ordem de US$243.000,00 (versão motor Mercedes-Benz) e US$258.000,00 (versão motor Detroit diesel).
Seu batismo de fogo se deu em 1977 e continua em operação em diversos conflitos na África, Oriente Médio e América do Sul.
Protótipo do CRR, futuro EE-9 Cascavel, em testes, armado com canhão de 37 mm e torre derivada do M-8 Greyhound. (Crédito da foto: Coleção autor
EE-9 Cascavel M3-S1 - Exército do Chade, operacionais nos anos iniciais de 1980, capturados dos Líbios. (Crédito da foto: Militaryphotos.net)
2. DESENVOLVIMENTO
Nas décadas de 1970 e 1980 o Brasil possuía uma Base Industrial de Defesa com grande capacidade produtiva acreditando-se que teria um futuro promissor, e sem dúvida os de maior sucesso, seja pelo seu desenho, desempenho, custo e produção, foi o blindado ENGESA EE-9 Cascavel, que no momento atual completa 40 anos de combates reais ao lado de ícones da industrial de defesa mundial.
Havia naquele momento no país, diversas empresas produtoras de materiais voltados para a atividade militar, desde uniformes a carros de combate de diversos tipos e modelos, concebidos em sua grande maioria dentro de unidades militares voltados desde o estudo de projetos até a fase de concepção dos protótipos que muito beneficiou as empresas privadas brasileiras.
Sem dúvida a de maior êxito foi a ENGESA – Engenheiros Especializados S/A, aqui não desmerecendo as demais, mas a Engesa foi capaz de absorver todo o estudo vindo da área militar e criar os principais produtos militares, muitos inclusive exportados, de caminhões a blindados. Seu corpo técnico era extraordinário e estava muito à frente de seu tempo nas inovações e conceitos, e que atualmente muitos são empregados por diversos países, com sucesso extraordinário.
O Grupo ENGESA chegou a ter 11.000 empregados, destes 600 eram técnicos, projetistas e engenheiros, só a parte de Engenharia de Pesquisas – ENGEPEQ absorvia 220 deles, porém o “Império” ruiu por uma série de fatores que vão desde a má administração e gestão, a problemas econômicos vividos pelo país no início da década de 1990, e com alguns projetos modernos demais, que não foram bem compreendidos e assimilados pelas Forças Armadas Brasileiras.
Na área de blindados sobre rodas o maior sucesso de vendas foi sem dúvida o EE-9 Cascavel, desenvolvido inicialmente no Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar - PqRMM/2, em São Paulo, cuja produção total, incluindo todas as suas versões alcançou a cifra de 1738 unidades, das quais o maior comprador foi o Exército Brasileiro com 409 unidades, seguido da Líbia (400), do Iraque (364), Colômbia (128), Chipre (124), Chile (106), Zimbabwe (90), Equador (32), Paraguai (28), Bolívia (24), Uruguai (15), Gabão (12) e Suriname (6).
Vale ainda salientar que a Engequímica, subsidiária da ENGESA S/A, antiga FEEA – Fábrica de Estojos e Espoletas, atual Imbel FJF – Fábrica de Juiz de Fora, quando sob administração do Grupo Engesa, nos anos 1980, produziu mais de um milhão de munições 90 mm, a maioria para exportação, somente para o Iraque foram mais de quatrocentos mil unidades, largamente empregados em combates.
Outro ponto que merece destaque foi a solução encontrada pela Engesa ao comprar o projeto do canhão 90 mm Cockerill Belga, enviando engenheiros para aprender como fabricá-lo, bem como adquirir as máquinas necessárias para sua produção. A partir daí foi produzido em larga escala no país, ultrapassando a casa dos dois mil, a duras penas. Aqui cabe ressaltar que aquele projeto tinha muitos erros em seu desenho, e que o corpo técnico da Engesa conseguiu corrigir através da pior maneira, logo após a apresentação do defeito.
Dentre as modificações, foi necessário ainda redefinir a cinemática da culatra. Uma nova câmara do mecanismo de recuo passando de 500 mm para 300 mm foi desenvolvida com o objetivo de utilizar a Torre 90 na viatura Urutu. Outra modificação importante foi realizada no freio de boca para que pudesse atirar a munição APFSDS 90 (Flecha), a qual foi desenvolvida pela Engequímica de Juiz de Fora, MG, chegando à produção de um lote piloto, o qual foi testado e aprovado, mas nunca produzido seriadamente.
Resumo: Este artigo tem como objetivo mostrar a história em grande parte desconhecida do público Brasileiro, do veículo blindado sobre rodas mais bem sucedido, projetado, desenvolvido e produzido no país, completando agora em 2017, 40 anos de combates reais em diversos conflitos, principalmente ao longo dos anos de 2015 a 2017 na Líbia e no Iraque, onde inclusive sofreram diversas modificações, tendo inclusive sido empregado com sucesso em combates urbanos, o grande pesadelo de qualquer Exército na atualidade, onde tem cumprido muito bem sua missão. É importante ainda salientar que mesmo transcorridos mais de duas décadas do fim de sua produção, este continua inabalável e íntegro em plena e eficaz atividade, combatendo ao lado de verdadeiros mitos da indústria estrangeira, ficando em nada a dever, além de receber modificações que nunca foram sequer imaginadas pelos seus criadores, mas que impressionam, mostrando ser totalmente viável e operacional, seja pela sua eficácia, efetividade e maneabilidade, seja pela facilidade de peças e manutenção, em nada comprometendo a sua ação de choque e mobilidade tática em combate, cujo propósito deste artigo seja apenas servir de subsídios para novas reflexões, visto que as Forças Armadas Brasileiras não terem compreendido e assimilado as potencialidades deste projeto, sonhando em substituí-lo por outro de concepção e produção estrangeira, a custos estratosféricos, com inúmeros itens modernos que nos tornam a cada dia, mais dependentes de quem os produz, gerando empregos e serviços além-mar, além de não atender em sua plenitude as demandas estratégicas e operacionais, principalmente da Força Terrestre, pois estamos muito mais próximos de situações similares as que ocorreram nestes dois países nos últimos anos, com atores diferentes, mas com grandes problemas que apenas se agravam.
Palavras-chave: Blindado 6x6; Base Industrial de Defesa; Força Terrestre; Operações conjuntas rodas e lagartas; Táticas em conflitos urbanos;
A REAL EXPERIENCE: EE-9 Rattlesnake in combat Libya and Iraq 2015 – 2017
Abstract: This article aims to show the largely unknown story to the Brazilian public, of the most successful armored vehicle on wheels, designed, developed and produced in the country, completing in 2017, 40 years of real fighting in various conflicts, mainly along the years of 2015 to 2017 in Libya and Iraq, where they have even undergone several modifications and been successfully employed in urban battles, the great nightmare of any army at the present time, where it has fulfilled its mission very well. It is also important to point out that even after more than two decades since the end of its production, it continues to be unshaken and intact in full and effective activity, fighting alongside true myths of foreign industry, being in no way inferior to them, as well as receiving modifications that were never even imagined by their creators, but which impressed, proving to be totally feasible and operational, either for their effectiveness, efficiency and maneuverability, or for the availability of parts and easy maintenance, in no way compromising their shock action and tactical mobility. The purpose of this article is only to serve as a basis for new reflections, since the Brazilian Armed Forces did not understand and assimilate the potential of this project, dreaming of replacing it with another one of foreign design and production, at stratospheric costs, with innumerable modern items that make us more and more dependent on who produces them, generating jobs and services beyond the sea, in addition to failing to meet the strategic and operational demands, especially of the Land Force, since we are much closer to situations similar to those that occurred in these two countries in recent years, with different actors, but with problems that only worsen.
Keywords: Armored 6x6; Industrial Defense Base; Land Force; Joint operations wheels and tracks; Tactics in urban conflicts;
1. INTRODUÇÃO
O ENGESA EE-9 Cascavel, começou a ser desenvolvido em 1970, numa parceria que envolveu o Parque Regional de Motomecani-zação da 2ª Região Militar – PqRMM/2, e a Engenheiros Especializados S/A – ENGESA, ambos sediados em São Paulo, SP.
Produzido durante 18 anos (1975/1983), este blindado sobre rodas 6x6, concebido para operações de reconhecimento e segurança, teve como maior trunfo a simplicidade. Durante o projeto foi eliminado qualquer sofisticação desnecessária, utilizando-se ao máximo as peças produzidas pela então indústria automotiva brasileira, esse cuidado o tornou um carro robusto, fácil de operar, com manutenção simples e barata. Sua mobilidade foi outro ponto positivo graças à então suspensão “boomegang”, capaz de realizar manobras rápidas em qualquer tipo de terreno, mantendo as rodas traseiras sempre em contato com o solo.
Também pode alcançar velocidades elevadas, cobrindo grandes distâncias em pouco tempo. Considerado um excelente veículo na sua categoria, possuindo um eficaz poder de fogo, em razão de seu armamento localizado na torre onde opera um canhão de 90 mm e sistemas de direção de tiro, com uma eficácia acima da média. No início de sua produção seriada era equipado com canhão 62 F1 e torre, ambos de origem francesa, sendo que a partir da versão M-2S3 passou a usar canhão e torre de concepção brasileira, modelo EC-90 com canhão de 90 mm e metralhadora 7,62mm.
Sua produção em todas as versões alcançou um total de 1738 unidades, exportadas a doze países, sendo o blindado nacional de maior sucesso. Como curiosidade, seu custo unitário, em 1988 era da ordem de US$243.000,00 (versão motor Mercedes-Benz) e US$258.000,00 (versão motor Detroit diesel).
Seu batismo de fogo se deu em 1977 e continua em operação em diversos conflitos na África, Oriente Médio e América do Sul.
Protótipo do CRR, futuro EE-9 Cascavel, em testes, armado com canhão de 37 mm e torre derivada do M-8 Greyhound. (Crédito da foto: Coleção autor
EE-9 Cascavel M3-S1 - Exército do Chade, operacionais nos anos iniciais de 1980, capturados dos Líbios. (Crédito da foto: Militaryphotos.net)
2. DESENVOLVIMENTO
Nas décadas de 1970 e 1980 o Brasil possuía uma Base Industrial de Defesa com grande capacidade produtiva acreditando-se que teria um futuro promissor, e sem dúvida os de maior sucesso, seja pelo seu desenho, desempenho, custo e produção, foi o blindado ENGESA EE-9 Cascavel, que no momento atual completa 40 anos de combates reais ao lado de ícones da industrial de defesa mundial.
Havia naquele momento no país, diversas empresas produtoras de materiais voltados para a atividade militar, desde uniformes a carros de combate de diversos tipos e modelos, concebidos em sua grande maioria dentro de unidades militares voltados desde o estudo de projetos até a fase de concepção dos protótipos que muito beneficiou as empresas privadas brasileiras.
Sem dúvida a de maior êxito foi a ENGESA – Engenheiros Especializados S/A, aqui não desmerecendo as demais, mas a Engesa foi capaz de absorver todo o estudo vindo da área militar e criar os principais produtos militares, muitos inclusive exportados, de caminhões a blindados. Seu corpo técnico era extraordinário e estava muito à frente de seu tempo nas inovações e conceitos, e que atualmente muitos são empregados por diversos países, com sucesso extraordinário.
O Grupo ENGESA chegou a ter 11.000 empregados, destes 600 eram técnicos, projetistas e engenheiros, só a parte de Engenharia de Pesquisas – ENGEPEQ absorvia 220 deles, porém o “Império” ruiu por uma série de fatores que vão desde a má administração e gestão, a problemas econômicos vividos pelo país no início da década de 1990, e com alguns projetos modernos demais, que não foram bem compreendidos e assimilados pelas Forças Armadas Brasileiras.
Na área de blindados sobre rodas o maior sucesso de vendas foi sem dúvida o EE-9 Cascavel, desenvolvido inicialmente no Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar - PqRMM/2, em São Paulo, cuja produção total, incluindo todas as suas versões alcançou a cifra de 1738 unidades, das quais o maior comprador foi o Exército Brasileiro com 409 unidades, seguido da Líbia (400), do Iraque (364), Colômbia (128), Chipre (124), Chile (106), Zimbabwe (90), Equador (32), Paraguai (28), Bolívia (24), Uruguai (15), Gabão (12) e Suriname (6).
Vale ainda salientar que a Engequímica, subsidiária da ENGESA S/A, antiga FEEA – Fábrica de Estojos e Espoletas, atual Imbel FJF – Fábrica de Juiz de Fora, quando sob administração do Grupo Engesa, nos anos 1980, produziu mais de um milhão de munições 90 mm, a maioria para exportação, somente para o Iraque foram mais de quatrocentos mil unidades, largamente empregados em combates.
Outro ponto que merece destaque foi a solução encontrada pela Engesa ao comprar o projeto do canhão 90 mm Cockerill Belga, enviando engenheiros para aprender como fabricá-lo, bem como adquirir as máquinas necessárias para sua produção. A partir daí foi produzido em larga escala no país, ultrapassando a casa dos dois mil, a duras penas. Aqui cabe ressaltar que aquele projeto tinha muitos erros em seu desenho, e que o corpo técnico da Engesa conseguiu corrigir através da pior maneira, logo após a apresentação do defeito.
Dentre as modificações, foi necessário ainda redefinir a cinemática da culatra. Uma nova câmara do mecanismo de recuo passando de 500 mm para 300 mm foi desenvolvida com o objetivo de utilizar a Torre 90 na viatura Urutu. Outra modificação importante foi realizada no freio de boca para que pudesse atirar a munição APFSDS 90 (Flecha), a qual foi desenvolvida pela Engequímica de Juiz de Fora, MG, chegando à produção de um lote piloto, o qual foi testado e aprovado, mas nunca produzido seriadamente.
Munição Engesa APFSDS 90 mm (Flecha) de-senvolvida na Engequímica de Juiz de Fora, MG. (Crédito da foto: autor) | Logomarca dos veículos Engesa. (Foto: autor) |
Linha de produção ENGESA dos blindados EE-9 Cascavel em São José dos Campos, SP, nos anos de 1980. (Foto: Coleção autor)
3. TESTADO EM COMBATES REAIS
Os veículos EE-9 Cascavel cumpriram muito bem as missões que lhe foram incumbidas, tanto que o seu primeiro batismo de fogo se deu na Líbia em 1977, contra tropas Egípcias, e pela primeira vez houve um contra ataque usando os EE-9 Cascavel recém-adquiridos, os quais destruíram por completo as forças invasoras, despertando desta maneira grande interesse dos Líbios e dos Iraquianos, motivo este, que nos levou a fornecê-los em grande quantidade ao Exército de Saddam Hussein, então vistos com bons olhos, principalmente pelo Ocidente.
No Iraque terão seu batismo de fogo em plena guerra contra o Iran (1980/88), onde foram empregados com relativo sucesso, devido a forma de utilização, pois o Exército Iraquiano nunca foi doutrinado em guerra de movimento, passando a usar os EE-9 Cascavel de três formas: como proteção de flancos das unidades blindadas, como veículos de reconhecimento, razão principal de sua existência e como artilharia, enterrados no chão.
A Engesa estava no caminho certo, tinha sérios problemas de administração e gerenciamento, uma grande dívida, que poderiam ter sido sanados, mas o nosso maior erro foi a falta de visão estratégica que infelizmente permitiu que ela desaparecesse por completo, tendo pedido de concordata em 1990 e decretada sua falência em 1993, sendo boa parte de todo o conhecimento ali desenvolvido e adquirido perdido por completo.
O curioso de tudo isto é que passado vinte e quatro anos desde o fechamento definitivo da empresa, que os produziu seriadamente, em diversas versões e séries, eles continuam em plena atividade, no Brasil e exterior, participando de combates reais, e em alguns casos com diversas modi-ficações que nem sequer teriam sido previstas ou pensadas, obtendo resultados importantes para seus operadores, tanto em regiões desérticas e habitadas, como combatendo em área urbana, o pesadelo de qualquer veículo blindado. Seus conceitos ainda são relativamente modernos para os dias atuais, embora com alguma defasagem tecnológica, mas estão cumprindo com louvor a missão para a qual foram projetados.
Eles são os símbolos de uma época em que possuíamos capacidade de criar e produzir nossos próprios veículos blindados suprindo nossas necessidades operacionais e estratégicas, e ainda aumentando a nossa balança comercial em exportações. Possuíamos projetos que poderiam muito bem substitui-los, mas que simplesmente foram descartados e sucateados, como fizeram com a própria empresa, assim como todo o seu acervo.
O blindado EE-9 Cascavel não foi bem entendido e compreendido pelo Exército Brasileiro, nas suas carac-terísticas operacionais em combate, por ter sido usado apenas dois deles em uma operação de paz em Angola, na segunda metade dos anos de 1990.
3.1. NO IRAQUE
No Iraque, ao contrário da Líbia, que veremos posteriormente, perce-bemos que as modificações em-preendidas nos blindados EE-9 Cascavel foram mais elaboradas, pois ficou incumbida a uma unidade que possuía um corpo de engenharia, supervisionado pelo Professor Zia Hasnawi, onde cada modificação foi pensada, elaborados, testada e posteriormente levados à frente de combate para se avaliar a sua real viabilidade e eficácia, tudo isto a cargo da Brigada 26 Al-Abbas.
Interessante notar que algumas modificações só foram aplicadas a um único veículo e não resultaram em adoção ou melhorias, como por exemplo, o caso de se acoplar um canhão de 106 mm sem recuo, de origem americana modelo M40A1 sobre o canhão original de 90 mm, tudo na mesma torre, que aparece junto a outros dois EE-9 Cascavel em uma demonstração, embora todos os três veículos possuírem saias laterais, frontais e traseiras que protegem seus pneus e rodas, com uma camuflagem padrão em dois tons, sendo as manchas em verde sobre um fundo areia acinzentado. É possível notar ainda que um dos veículos possui um conjunto de lançadores de foguetes chineses de 107 mm com quatro tubos em paralelos, montados sobre a torre do veículo podendo ser operado a partir da escotilha do comandante do veículo.
Notamos também que pelo menos um sofreu modificações do canhão original Engesa de 90 mm substituído por um de 73 mm 2A28 Grom, de procedência russa, retirado de um blindado sobre lagartas modelo BMP-1 ou BMD-1.
Uma outra modificação bem estranha foi a realizada em outro EE-9 Cascavel que teve seu canhão original de 90 mm retirado da torre, sendo esta recortada na sua parte de cima e traseira, sendo inserido um assoalho no seu interior e sobre ele foi acoplado um canhão de 106mm M40A1, o qual recebeu na parte frontal e lateral chapas de aço como uma proteção e na parte traseira outra chapa que funciona como uma porta, sendo a mesma aberta no momento em que o canhão é municiado e disparado, ficando o seu operador na parte externa da torre, este veículo aparece com dois tipos de camuflagem, sendo uma delas o padrão do Exército Iraquiano de 2008 e logo em seguida com camuflagem areia e manchas verdes, com saias laterais, frontais e traseira, como forma de proteger suas rodas.
Outra modificação curiosa aparece em apenas um veículo lançador de foguetes com doze tubos no calibre de 107 mm, montados sobre a torre do veículo e protegido por chapas de aço nas laterais, das quais parte frontal e traseira funcionam como portas, que são abertas no momento do disparo, neste veículo foi mantido o canhão original de 90 mm.
O padrão mais clássico e frequente de modificação, usado principalmente nos combates ocorridos nos anos de 2016 e 2017, é a substituição do canhão original de 90 mm por metralhadoras russas, com um tubo ou dois, modelo ZPU-1 e 2 no calibre 14,5mm, em veículos que não possuem saias laterais e em outros que as possuem protegendo as seis rodas ou apenas as duas traseiras.
Nos combates em que a Brigada 26 Al-Abbas participa como parte de uma grande força que envolve mais de quarenta milícias, em suas maiorias xiitas, com algumas sunitas, combinado com o Exército Iraquiano, na libertação da cidade de Mosul e arredores, ocupada desde 2014 pelo ISIS/Daesh, é possível vermos um EE-9 Cascavel com saias protetoras laterais, frontal e traseira, o qual teve seu canhão de 90 mm substituído por uma metralhadora russa DShK (Dushka) no calibre 12,7 mm, com um suporte metálico, que substitui o mantelet, que contem um vidro blindado, possibilitando assim, uma visão do atirador do interior do veículo. Em todas as versões do Cascavel com metralhadora, estes possuem o vidro blindado, variando apenas o acabamento.
Outra modificação chamativa é o uso de diversos escudos protetores para a metralhadora do atirador, existente sobre a torre do canhão 90 mm, que em muitos veículos apenas foram acrescentados. Já em outros, a torreta original foi removida e substituída por outras bem maiores e mais altas com diversas configurações, mas todas mantendo o uso de metralhadora pesada DShK (Dushka) de calibre 12,7 mm.
Alguns blindados Cascavel também receberam sobre o canhão de 90 mm, duas metralhadoras germinadas russas ZPU-2 de 14,7mm com um escudo protetor, que pode ser disparada pelo motorista ou em alguns casos por um membro da guarnição, interna e externamente.
Estes veículos sempre operam como uma seção (duplas), con-juntamente aos demais veículos que compõem a unidade, dando proteção à infantaria que os acompanha em grupo de oito a doze homens, ou em outras missões, cobrem os flancos dos carros de combate T-54 e T-55 ou ainda dando cobertura de fogo para as tropas que estão prestes a ocupar aldeias e vilas.
Fascinante notar que os veículos EE-9 Cascavel mesmo com saias laterais, frontais e traseiras não perderam sua mobilidade e maneabilidade, o que pode ser observados em diversos vídeos que os mostram em plena operação, tanto em estradas como no terreno acidentado, onde mostram toda a sua agilidade nos momentos de ação. Normalmente são transportados em carretas para a linha de frente junto com os demais veículos blindados da unidade.
O EE-9 Cascavel é um veículo empregado na varredura e limpeza de aldeias, em razão de sua mobilidade e velocidade, dando apoio de fogo aos carros de combate T-54 e T-55, ao veículo blindado multitarefas MT-LB e proteção à progressão da infantaria, neste emprego são utilizados como uma seção de combate, ou seja, operando com dois veículos.
Ao longo da progressão de toda a tropa uma seção de engenharia com máquinas se faz presente, pois ao receber contato forte com o inimigo, estas imediatamente constroem um “baluarte” com montanhas de terra ou areia como forma de proteger os demais veículos e tropas, ficando ambos protegidos do fogo direto de armas pessoais e anticarro, podendo os carros de combate e demais veículos e tropas responderem ao fogo imediatamente.
Após intervenção aérea ou fogo de artilharia que reduz a capacidade de fogo do inimigo, principalmente as armas anticarro, as máquinas abrem brechas no “baluarte” para que a progressão dos veículos continue, sendo que cada veículo é acompanhado por grupos de combate em torno de 8 a 12 homens que seguem sob a cobertura do veículo blindado, tendo o cuidado de só se movimentar no rastro dos veículos, evitando assim minas terrestres e IEDs (Artefato Explosivo Improvisado). Os carros de combate seguem à frente, seguidos dos EE-9 Cascavel que cobrem os flancos, podendo em razão de sua mobilidade efetuar manobras de cerco e neutralizar possíveis ataques.
Chegando nas cercanias das aldeias a infantaria progride para realizar o reconhecimento no interior das aldeias e realizando, se necessário o combate casa a casa apoiado pelo fogo dos veículos blindados. Estes não entram diretamente nas aldeias, fazendo-o somente após a limpeza pelos grupos de combate.
Sua experiência tem sido alvo de distinta consideração, tanto que nas operações para a retomada de Mosul, em 2016 e 2017, eles estão operando com outras brigadas e também com o Exército Iraquiano, inclusive estão adaptando outros blindados EE-9 Cascavel M4, fruto dos resultados obtidos, visto serem a única unidade com grande experiência nestas operações.
EE-9 Cascavel M4 da Brigada 26 Al-Abbas utilizando, além do canhão de 90 mm, um lançador de foguetes chinês, calibre 107 mm, munição HE, com quatro tubos lançadores montados na torre do veículo. (Crédito da foto: Al Abbas Squad)
Dois EE-9 Cascavel M4 da Brigada 26 Al Abbas (Iraque), utilizando saias laterais, uma grande torreta sobre a torre principal com metralhadora russa DShK (DUSHKA) 12.7 mm (.50 cal), em operações de limpeza das aldeias ao sul de Mossul em 13 de novembro de 2016, dando apoio a um carro de combate T-55 e uma MT-LB modificada. (Crédito da foto: War Media Team)
Explosão nos arredores da aldeia Alshaji (Iraque) no combate da 26 Brigada Al-Abbas em 22 de fevereiro de 2017. Foto da chamada para o vídeo onde se vê um EE-9 Cascavel M-4 sobrevivendo a um ataque de um VBIED (Dispositivo Explosivo Veícular) do ISIS/Daesh, neutralizado por um T-55 da mesma unidade. (Crédito da foto: Al Abbas Squad)
EE-9 Cascavel M4 da Brigada 26 Al Abbas (Iraque), operando na área de Mossul, em 23 de janeiro de 2017, utilizando no lugar do canhão de 90 mm, uma metralhadora dupla ZPU-2 de fabricação russa e calibre 14,5 mm em sua segunda versão. Notar que possui saias laterais protegendo as rodas traseiras. Sua cadência de disparos é da ordem de 150 por minuto, com alcance eficaz de 1400 metros. Junto se encontra um M-113 e uma MT-LB modificada. (Crédito da foto: Iman Al-Holy Shrine)
EE-9 Cascavel M4 da Brigada 26 Al-Abbas (Iraque) utilizando além do canhão de 90 mm, um lançador de foguetes chinês instalado sobre a torre, calibre 107 mm, munição HE, com doze tubos lançadores sobrepostos em seção de quatro, efetuando testes de tiro antes de ser enviado ao front. (Crédito da foto: Al Abbas Squad)
EE-9 Cascavel M4 da 26 Brigada Al-Abbas (Iraque) com saias laterais, equipado com um canhão russo de 73 mm modelo 2A28 Grom, oriundo de uma BMP-1 ou BMD-1 no lugar do original Engesa EC-90 de 90 mm, operando em Tal-Afar em 14 de agosto de 2017. (Crédito da foto: Al Abbas Squad)
Três EE-9 Cascavel M4 da 26 Brigada Al-Abbas, um T-55 e um BMP-1 dando apoio a um M-1A1 Abrans da Nona Divisão do Exército Iraquiano em operações nos arredores de Tal-Afar, logo após a vitória sobre Mosul, próximo à fronteira da Síria em 21 de agosto de 2017. (Crédito da foto: Al-Abbas Squad)
3.2. NA LÍBIA
Diferentemente do Iraque, o uso do EE-9 Cascavel na Líbia é bem mais complexo, pois ele atua em área urbana, dando apoio aos carros de combate mais pesados e a veículos transporte de tropas que se movimentam ao longo de avenidas largas ou em ruas estreitas nas principais cidades líbias, como Sirte, Misrata, Trípoli, Bengasi e outras.
Atuam no ataque direto a integrantes do ISIS/ Daesh que dominam grandes áreas dentro das cidades mais importantes e de onde precisam ser desalojados ou mesmo neutralizados como forma de acabar com seu domínio e ocupação de áreas compostas por bairros muito bem construídos do ponto de vista urb-nístico.
Inicialmente o uso de drones é de vital importância para a localização dos combatentes do ISIS/Daesh e seus veículos bombas que se encontram escondidos nos mais variados pontos de prédios e residências. Localizados e identificados, permanecem sendo monitorados e imediatamente um grupo de milícias apoiados por integrantes do Exército Líbio iniciam a operação de deslocamento das forças.
Como a região é muito plana, e na maioria das vezes as ruas e avenidas pavimentadas ficam muito difícil em se criar os “baluartes” com terra e areia como acontece no Iraque, a solução então encontrada foi bastante interessante, a utilização de containers vazios, os quais são carregados por pás carregadeiras, empurrados por tratores de lagartas blindados ou não e até mesmo rebocados por obuseiro autopropulsado Palmaria de 155mm e M-109, carros de combate T-54 - 55 e 72, os mesmos são posicionados como barreiras que fecham as grandes avenidas, impedindo não só os tiros do inimigo, como também evitando os carros bombas com grande quantidade de explosivos que podem vir em sua direção pilotados por suicidas do ISIS. Quando os veículos blindados sobre rodas, lagartas, e as pick-up Toyotas armadas com metralhadoras pesadas em sua carroceria estão posicionadas, um container é retirado e inicia-se o avanço, às vezes os containers são puxados por aqueles blindados dando proteção à infantaria que seguem ao seu lado, em seu avanço.
Desta forma os imóveis são cercados e atacados inicialmente pelas pick-up, que são protegidas pelos EE-9 Cascavel, acompanhados pelos blindados mais pesados, incluindo os transportes de tropas, à medida que a área urbana aumenta os meios das milícias vão nas mesmas proporções, primeiro os EE-9, depois os T-55 e T-72 e em seguida os obuseiros auto-propulsados Palmaria e M-109 empregados como se fossem carros de combate, efetuando disparos direto contra os prédios a curta distância, e logo em seguida a infantaria apoiados pelos blindados sobre rodas EE-9 Cascavel iniciam a varredura e a tomada destes prédios em combates francos contra os integrantes do ISIS/Daesh, numa luta mortal para aquele grupo, praticamente sem prisioneiros.
Quando as ruas são mais estreitas, usa-se o Cascavel para contornar os quarteirões, onde na intercessão das ruas ele faz tiro direto contra os alvos indicados pelos drones e dando cobertura à infantaria que os acompanham, com as máquinas blindadas e em alguns casos com os carros de combate e veículos auto-propulsados até que o inimigo seja definitivamente neutralizado.
Como o EE-9 Cascavel possui grande mobilidade e velocidade e pouca blindagem eles foram recebendo acréscimos em suas carcaças como proteções laterais de todos os tipos, aço e borracha, como forma de proteger suas rodas e pneus, mesmo possuindo o sistema run-flat (pneus à prova de balas).
Excepcionalmente os veículos se deslocam com as escotilhas da torre abertas, devido principalmente ao calor, e em situação de combate a tripulação anda escotilhada como no Iraque.
Normalmente operam como seção de carros (duplas), que compõem o apoio das milícias, sendo iden-tificadas, na maioria das vezes, com adesivos coloridos (vermelho, azul, amarelo, etc.), colados nos veículos que os apoiam, bem como nas roupas dos combatentes, facilitando assim a identificação do grupo que está atuando naquele setor. Toda a comunicação é realizada por veículos pick-up fechados que levam grandes antenas e conjuntos de rádio.
Um EE-9 Cascavel, pelo menos, foi todo preparado com proteção blindadas ao seu redor, tendo sido todo pintado em preto, tornando-se assim o mais bem elaborado até o momento visto em combate. Os combates acabam sendo travados de rua em rua e casa em casa, e a varredura se faz necessária, pois ao abandonarem os prédios o ISIS/Daesh sempre deixa uma grande quantidade de Artefatos Explosivos Improvisados (IED) como armadilhas para os seus opositores, o que amplia em muito o trabalho de reocupação destas áreas. Um detalhe curioso é que estão sempre acompanhados da imprensa que cobre todo o conflito.
Normalmente a maior parte dos combates são travados durante o dia, mas não raramente eles acontecem a noite, tanto que pelos menos um EE-9 Cascavel foi posto fora de ação conjuntamente com um T-55 totalmente destruído, por uma arma do tipo lança-rojão, em Trípoli.
O mais interessante é que para um veículo concebido, desenvolvido e produzido há mais de 40 anos, cujo projeto iniciou-se dentro do Exército Brasileiro, concebido por seus engenheiros e técnicos militares, no início dos anos de 1970, produzido um protótipo, testado e logo em seguida produzido uma pré-série, de oito veículos, novamente testada nas mais severas condições e imediatamente repassada à uma indústria privada que os produziu seriadamente numa escala industrial ampla para os padrões da época, não ficando muito atrás de seus concorrentes e congêneres cuja escala de produção em muitos casos ficou abaixo da sua.
EE-9 Cascavel M3-S2 (Líbio) operando junto a um carro de combate de fabricação russa T-72 durante a tomada da cidade de Sirte, em novembro de 2016. (Crédito da foto: Misrata TV)
EE-9 Cascavel M3-S2 (Líbio) todo pintado de preto e com saias de proteção laterais, frontal e traseira, confeccionadas em chapas de aço, as quais podem ser abertas para acesso aos pneus, operando na cidade de Sirte em 22 de novembro de 2016. O interessante é que sua mobilidade não foi prejudicada. Nas laterais pintados em branco: Batalhão Al-Jazira. (Crédito da foto: Misrata FM 99.9)
Uso do EE-9 Cascavel M3-S2 (Líbio) em ambiente urbano dando cobertura à infantaria e aos carros de combates e outros veículos blindados, atuando rapidamente para neutralizar posições inimigas do ISIS/Daesh. Notar que o mesmo se encontra em sua configuração original, nos arredores de Sirte. (Crédito da foto: Misrata TV)
EE-9 Cascavel M3-S2 (Líbio) operando lado a lado, em 21 de novembro de 2016, em Sirte, com um obuseiro autopropulsado Oto-Melara Palmaria de 155 mm. Em diversas ocasiões ambos fazem tiro direto contra edificações onde estão integrantes do ISIS/Daesh. (Crédito da foto: Alwasatnews.com)
EE-9 Cascavel M3-S2 (Líbio) disparando seu canhão de 90 mm, dando cobertura a um obuseiro autopropulsado Palmaria de 155 mm na cidade de Sirte, em 26 de novembro de 2016, atacando combatentes do Estado Islâmico ISIS/Daesh, que se encontravam entrincheirados nos prédios à sua frente. É interessante notar que ambos fazem tiro direto sobre o alvo. (Crédito da foto: Misrata TV)
EE-9 Cascavel M3-S2 pró-Kadafi destruído nos arredores do aeroporto de Trípoli em 2014. (Crédito da foto: Misrata TV)
3. CONCLUSÃO
Sem dúvida, foi o EE-9 Cascavel o mais expressivo produto produzido e amplamente melhorado em suas versões mais modernas, mantendo sua simplicidade e fácil manutenção, sendo o que melhor representou os anseios da Cavalaria Brasileira, como um produto genuinamente nacional que mesmo transcorridos mais de quarenta anos continua inabalável e íntegro em plena e eficaz atividade, combatendo ao lado de verdadeiros mitos da indústria estrangeira, ficando em nada a dever, além de receber modificações que nunca foram sequer imaginadas pelos seus criadores.
Finalizando, podemos afirmar que dos estudos, fontes pesquisadas e analisadas sobre o emprego do EE-9 Cascavel foi possível observar, e que muito chamou atenção, que na Líbia muitos veículos foram capturados de grupos pró-Kadafi por volta de 2014 e reincorporados ao Exercito Nacional Líbio (2015/2016), que os passou a diversas milícias, com diversos Batalhões sem precisar sofrer modificações significativas, diferente-mente do que ocorreu no Iraque, lembrando que existe uma Brigada, a 26 Al-Abbas, designada para o uso e emprego dos EE-9 Cascavel, testando e aplicando as diversas modificações em armamento e melhorando a blindagem.
Os EE-9 Cascavel da Líbia, mesmo não sofrendo modificações complexas, auxiliaram em muito no combate urbano de forma expressiva e eficaz, dando escolta, suporte de fogo e cobertura as tropas (milícias) na retomada de cidades estratégicas de relevante importância que se encontravam nas mãos do ISIS/Daesh, onde esta fase da luta está chegando ao final.
No Iraque ainda se tem um grande desafio na tomada completa da área de Mosul e seus arredores com a vitória sobre o ISIS/Daesh, em virtude do diversos grupos que apoiam o Novo Exército do Iraque.
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