Assustadas com o risco de violação de dados, a segurança cibernética foi apontada por executivos globais e brasileiros como maior prioridade em seus investimentos nos últimos 12 meses, conforme a nova edição do CEO Global Outlook, pesquisa feita anualmente pela consultoria KPMG e que será divulgada hoje.
Foram ouvidas 1.261 lideranças empresariais em dez países-chave, além de 50 no Brasil, entre os dias 21 de fevereiro e 11 de abril - pouco antes do ataque que afetou 300 mil computadores em todo o mundo.
Superando qualquer outro item de investimentos regulares, como infraestrutura física e treinamento da força de trabalho, a proteção no ambiente digital foi prioridade para 86% dos executivos brasileiros e 72% dos entrevistados em outros países.
O presidente da KPMG Brasil e América do Sul, Pedro Melo, associa isso ao fato de a cibersegurança ter despontado no ano passado como principal fator de risco para os CEOs globais.
Desta vez, riscos operacionais e de tecnologias emergentes roubaram a cena como maiores fatores de preocupação no horizonte, mas prevalece o sentimento de desconforto com as ameaças digitais: 88% dos brasileiros afirmam que suas empresas estão apenas "relativamente preparadas" para lidar com os riscos cibernéticos e 74% admitem não estar "totalmente preparados" para uma eventual violação de dados pelos próprios colaboradores, seja por má intenção ou negligência.
Para Melo, o risco cibernético tem duas vertentes. Uma é a extração indevida de dados sigilosos, para espionagem industrial ou para chantagem. Outra diz respeito à paralisação das atividades. "Isso tem grande visibilidade quando acontece em larga escala, mas impactos fortes também quando são casos individuais.
A grande pergunta que as empresas se fazem é em quanto tempo, e de que forma, conseguem retornar à normalidade depois de um ataque." A pesquisa lança ainda um importante olhar sobre o ânimo dos executivos com as perspectivas da economia.
Enquanto o otimismo dos CEOs globais encolheu, a confiança dos brasileiros aumentou de 12 meses para cá, reforçando a percepção de que o fundo do poço já foi alcançado e refletindose em maior disposição com a economia nos próximos três anos.
É sutil, mas consistente, a mudança de humor nos últimos 12 meses. No caso do mundo, sutilmente para pior, embora prevaleça uma visão otimista. Em 2016, questionados sobre o panorama dos próximos três anos, 80% estavam confiantes no desempenho da economia global e 86% acreditavam no crescimento em seus países.
Agora, os índices baixaram para 65% e 77%, respectivamente. No caso do Brasil, o humor muda para melhor. Na última pesquisa, 46% dos CEOs entrevistados se diziam confiantes com as perspectivas internacionais e 76% demonstravam crença no crescimento da economia brasileira ao longo dos três anos seguintes.
Desta vez, são 96% aqueles que revelam otimismo tanto sobre o contexto doméstico quanto o internacional. As entrevistas foram feitas antes do terremoto político causado pela delação do empresário Joesley Batista. Mesmo desconsiderando isso, o próprio Pedro Melo faz uma leitura que busca conter qualquer interpretação eufórica. "Ninguém acredita em percentuais magníficos de crescimento. O otimismo relativo é porque batemos no fundo do poço", ressalta.
Comentários
Postar um comentário