O secretário americano de Estado, Rex Tillerson, revelou nesta quarta-feira as orientações do novo governo dos Estados Unidos para a América Latina, destacando a preocupação com o crime organizado no México, a crise na Venezuela e as redes terroristas que operam no sul da região.
"Em particular, estamos fazendo muito esforço no México devido aos problemas de imigração e do crime organizado", disse Tillerson em discurso para milhares de funcionários do departamento de Estado, em um exercício raríssimo para o discreto chefe da diplomacia americana.
Tillerson revelou em termos gerais as orientações da política externa de Donald Trump, o presidente que propôs reduzir o orçamento do departamento de Estado.
Para o secretário de Estado, as relações de Washington com México e Canadá, em uma constante montanha russa diante das ameaças de Trump de abandonar o Nafta (tratado de livre comercio da América do Norte), "não são tão acidentadas como parece...".
Tillerson anunciou um encontro no dia 18 de maio, em Washington, com "membros de alto perfil" do governo do presidente Enrique Peña Nieto para discutir maneiras de "desintegrar" os grupos do crime organizado.
Os narcotraficantes "não são uma ameaça apenas para nós ou para a estabilidade do México, mas também fazem parte das redes integradas de financiamento do terrorismo", assinalou o secretário de Estado.
Estas "redes terroristas" também estão surgindo na América do Sul, e "têm nossa atenção".
Tillerson citou ainda a grave crise política na Venezuela, denunciando uma "verdadeira tragédia" no país petroleiro após um mês de protestos contra o governo, que já deixaram 32 mortos.
O secretário de Estado declarou que os EUA esperam trabalhar com outros países em busca de uma solução para a crise na Venezuela.
Tillerson destacou que na América do Sul "temos muitas oportunidades e alguns desafios". "O que queremos fazer é dar um passo atrás e desenvolver uma estratégia para o hemisfério ocidental que pense na América do Sul em sua totalidade e em sua relação com América Central, Cuba e Caribe".
Secretário de Estado dos EUA defende apoio da Europa para ajudar Venezuela
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, afirmou nesta quarta-feira que confia na cooperação com países da Europa para "conseguir avanços" na gestão da crise política da Venezuela e afirmou que está preocupado com as "redes terroristas" que começam aparecer na América do Sul.
Em um discurso aos funcionários do Departamento de Estado, Tillerson disse que o governo de Donald Trump ainda está desenvolvendo a estratégia para a América Latina, mas se mostrou particularmente preocupado com os "problemas de governo" na Venezuela.
"Certamente todos os senhores estão acompanhando a situação na Venezuela, uma verdadeira tragédia. Mas confiamos em que trabalhando com outros, incluído com intervenções da Europa, poderemos conseguir alguns avanços na Venezuela", afirmou.
O Departamento de Estado expressou ontem sua "profunda preocupação" pela intenção do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de convocar uma Assembleia Constituinte para mudar a Carta Magna e advertiu de que poderia estudar novas sanções a funcionários do país por causa desse "passo atrás".
Hoje, Tillerson não falou especificamente sobre as possíveis mudanças na Constituição venezuelana e se limitou a descrever a política geral dos Estados Unidos para a América Latina como um todo.
"Estamos tentando desenvolver uma estratégia para todo a região que pense a América do Sul em seu conjunto, e sua relação com a América Central, Cuba e o Caribe. Existem alguns problemas de financiamento do terrorismo, algumas redes terroristas que estão começando emergir em algumas partes da América do Sul e têm nossa atenção", acrescentou Tillerson, sem dar mais detalhes.
Ele garantiu que, como fará com todos os continentes, o governo de Trump quer "olhar para à região como um conjunto, porque tudo está interconectado", e uma vez que tenha a estratégia definida, começará a desenvolver uma tática "país por país".
Em pouco mais de 100 dias de gestão, Trump não definiu uma estratégia clara para a América Latina. Até o momento, ele teve apenas conversas sobre comércio e imigração com o governo do México e mostrou sua linha dura no tocante à Venezuela.
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