Enver Hoxhaj
Em Kosovo, os temores são de que os nacionalistas da Sérvia pretendem desestabilizar os Bálcãs, para que possam justificar os jogos de poder em nome da restauração da estabilidade
Por séculos, forças sombrias da história encontraram nos Bálcãs uma região substituta propícia para desencadear grandes planos para proeminência e competição global. Agora, após duas décadas de estabilidade e perspectivas de um futuro próspero, a Sérvia está retornando a uma velha vocação, a busca pela hegemonia regional. Ela o faz por meio da desestabilização dos Bálcãs, ampliando suas forças armadas e trabalhando pelo domínio econômico de um mercado comum regional, algo que Kosovo considera inaceitável e ao qual se opõe fortemente, tudo isso com a Rússia olhando por cima do ombro sérvio.
A Rússia está claramente usando a Sérvia não apenas para reconquistar um ponto de apoio nos Bálcãs, mas também para se vingar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar ocidental), dos Estados Unidos e do Ocidente com esquemas de restauração da proeminência regional que perdeu com o colapso do império soviético.
A Sérvia ainda não reconhece a independência obtida por Kosovo há uma década, em consequência da guerra pela libertação, apoiada pela Otan em 1999, visando evitar uma catástrofe genocida promovida pelo líder despótico da Sérvia na época, Slobodan Milosevic.
Agora, em sua eleição presidencial de 2 de abril, os sérvios não apenas elegeram um governo nacionalista que continua contestando a independência de Kosovo, como também proporcionaram uma vitória necessária para a Rússia, que poucos dias antes autorizou um novo envio de caças e tanques de guerra para a Sérvia, obviamente visando ajudá-la a reconquistar o poder nos Bálcãs.
O novo presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, fez campanha de sua antiga posição com primeiro-ministro com a falsa premissa de que desejava o ingresso da Sérvia na União Europeia e ser um bom vizinho. Nada poderia ser mais distante da verdade.
Por séculos, forças sombrias da história encontraram nos Bálcãs uma região substituta propícia para desencadear grandes planos para proeminência e competição global. Agora, após duas décadas de estabilidade e perspectivas de um futuro próspero, a Sérvia está retornando a uma velha vocação, a busca pela hegemonia regional. Ela o faz por meio da desestabilização dos Bálcãs, ampliando suas forças armadas e trabalhando pelo domínio econômico de um mercado comum regional, algo que Kosovo considera inaceitável e ao qual se opõe fortemente, tudo isso com a Rússia olhando por cima do ombro sérvio.
A Rússia está claramente usando a Sérvia não apenas para reconquistar um ponto de apoio nos Bálcãs, mas também para se vingar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar ocidental), dos Estados Unidos e do Ocidente com esquemas de restauração da proeminência regional que perdeu com o colapso do império soviético.
A Sérvia ainda não reconhece a independência obtida por Kosovo há uma década, em consequência da guerra pela libertação, apoiada pela Otan em 1999, visando evitar uma catástrofe genocida promovida pelo líder despótico da Sérvia na época, Slobodan Milosevic.
Agora, em sua eleição presidencial de 2 de abril, os sérvios não apenas elegeram um governo nacionalista que continua contestando a independência de Kosovo, como também proporcionaram uma vitória necessária para a Rússia, que poucos dias antes autorizou um novo envio de caças e tanques de guerra para a Sérvia, obviamente visando ajudá-la a reconquistar o poder nos Bálcãs.
O novo presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, fez campanha de sua antiga posição com primeiro-ministro com a falsa premissa de que desejava o ingresso da Sérvia na União Europeia e ser um bom vizinho. Nada poderia ser mais distante da verdade.
Apesar de a Sérvia ter iniciado negociações para se juntar à União Europeia, o que sabemos e vemos é que a Sérvia está se distanciando dia a dia dos princípios centrais da Europa democrática. A reaproximação da Sérvia com a Rússia demonstra claramente um desejo não de solidariedade com a União Europeia, mas sim de dominação dos Bálcãs ao estilo russo, obtida por meio da fomentação da instabilidade para reivindicar o poder em nome da restauração da estabilidade.
Para esse fim, pode-se esperar que a Sérvia crie, em nome da Rússia, uma esfera de influência por meio da exploração e incitação das minorias sérvias na Bósnia-Herzagóvina, Kosovo, Montenegro e, por extensão, Croácia e Macedônia, os deixando como Estados fracos a serem dominados, enquanto busca entrada na União Europeia em um momento em que a união está preocupada com seus próprios problemas internos e a própria ordem internacional está exposta a múltiplas incertezas.
Apesar de Kosovo ser um alvo da Sérvia por representar a liberdade da ocupação sérvia, ele também é um lembrete humilhante para a Rússia dos tempos em que, ao final da guerra de 1999, suas forças tentaram ocupar o Aeroporto Internacional de Pristina apenas para serem confrontadas e superadas pelas tropas da Otan. Seus esforços para controlar um setor inteiro de Kosovo fracassaram e a Otan protege Kosovo até hoje.
A estratégia da Sérvia contra Kosovo é usar a minoria sérvia da população daqui para se opor às instituições e provocar tensões. As táticas incluem campanhas de desinformação, tentativas de prender e extraditar cidadãos e líderes políticos kosovares, e o envio de um trem para Kosovo adornado com cartazes dizendo "Kosovo é a Sérvia". Quando Kosovo parou o trem, a Sérvia ameaçou enviar seu exército para Kosovo.
A Sérvia mantém agências paralelas ilegais para atender os sérvios dentro do território de Kosovo, prejudicando a soberania doméstica e impedindo a integração dos sérvios kosovares. Ela utiliza suas visitas oficiais a Kosovo para fazer propaganda e disseminar o antagonismo étnico. Ela promoveu a construção de um muro em Mitrovica, para separar fisicamente a população mista da cidade do norte de acordo com divisões étnicas. A barreira foi finalmente removida por insistência do governo kosovar.
Atos semelhantes de provocação, apoiados pela Rússia, ocorreram na Bósnia-Herzegóvina e em Montenegro, que experimentou uma tentativa fracassada de golpe que abalaria as instituições democráticas daquele país e impediriam o ingresso de Montenegro na Otan, um processo em andamento.
O desdobramento mais preocupante é a rápida militarização da Sérvia, com a Rússia fornecendo sistemas de defesa antiaérea e outros equipamentos militares sofisticados. A expansão das forças armadas sérvias serve como ferramenta para coerção preventiva de seus vizinhos, enquanto a Rússia afirma sua própria influência na região.
Esses jogos geopolíticos perigosos ocorrem em um momento em que os países dos Bálcãs deveriam estar em uma caminho para a estabilidade e o progresso. Em vez disso, a Sérvia está bloqueando esse caminho.
Para esse fim, pode-se esperar que a Sérvia crie, em nome da Rússia, uma esfera de influência por meio da exploração e incitação das minorias sérvias na Bósnia-Herzagóvina, Kosovo, Montenegro e, por extensão, Croácia e Macedônia, os deixando como Estados fracos a serem dominados, enquanto busca entrada na União Europeia em um momento em que a união está preocupada com seus próprios problemas internos e a própria ordem internacional está exposta a múltiplas incertezas.
Apesar de Kosovo ser um alvo da Sérvia por representar a liberdade da ocupação sérvia, ele também é um lembrete humilhante para a Rússia dos tempos em que, ao final da guerra de 1999, suas forças tentaram ocupar o Aeroporto Internacional de Pristina apenas para serem confrontadas e superadas pelas tropas da Otan. Seus esforços para controlar um setor inteiro de Kosovo fracassaram e a Otan protege Kosovo até hoje.
A estratégia da Sérvia contra Kosovo é usar a minoria sérvia da população daqui para se opor às instituições e provocar tensões. As táticas incluem campanhas de desinformação, tentativas de prender e extraditar cidadãos e líderes políticos kosovares, e o envio de um trem para Kosovo adornado com cartazes dizendo "Kosovo é a Sérvia". Quando Kosovo parou o trem, a Sérvia ameaçou enviar seu exército para Kosovo.
A Sérvia mantém agências paralelas ilegais para atender os sérvios dentro do território de Kosovo, prejudicando a soberania doméstica e impedindo a integração dos sérvios kosovares. Ela utiliza suas visitas oficiais a Kosovo para fazer propaganda e disseminar o antagonismo étnico. Ela promoveu a construção de um muro em Mitrovica, para separar fisicamente a população mista da cidade do norte de acordo com divisões étnicas. A barreira foi finalmente removida por insistência do governo kosovar.
Atos semelhantes de provocação, apoiados pela Rússia, ocorreram na Bósnia-Herzegóvina e em Montenegro, que experimentou uma tentativa fracassada de golpe que abalaria as instituições democráticas daquele país e impediriam o ingresso de Montenegro na Otan, um processo em andamento.
O desdobramento mais preocupante é a rápida militarização da Sérvia, com a Rússia fornecendo sistemas de defesa antiaérea e outros equipamentos militares sofisticados. A expansão das forças armadas sérvias serve como ferramenta para coerção preventiva de seus vizinhos, enquanto a Rússia afirma sua própria influência na região.
Esses jogos geopolíticos perigosos ocorrem em um momento em que os países dos Bálcãs deveriam estar em uma caminho para a estabilidade e o progresso. Em vez disso, a Sérvia está bloqueando esse caminho.
Durante um encontro de primeiros-ministros dos Bálcãs ocidentais no mês passado em Sarajevo, foi proposto um mercado comum nos Bálcãs. Mas a integração econômica regional não seria viável até que a Sérvia e a Bósnia-Herzegóvina reconhecessem a independência de Kosovo e aceitassem sua participação e representação igual em todas as entidades regionais.
Assim, as políticas agressivas da Sérvia desviam fundamentalmente de qualquer compromisso genuíno de normalização das relações com Kosovo. Elas vão contra a integração europeia e representam uma nova ameaça à segurança de todos os países nos Bálcãs ocidentais.
Por que a Sérvia retornou aos seus velhos hábitos beligerantes? Além de sua colaboração com a Rússia, ela nunca lidou de forma apropriada com seu passado genocida. A Sérvia permanece não disposta a lidar com os crimes de guerra do regime de Milosevic, do qual muitos dos atuais líderes nacionalistas da Sérvia foram associados. As negações de responsabilidade pelos crimes de guerra no Kosovo apenas enraizam uma cultura de impunidade, que por sua vez encoraja a Sérvia a aumentar seu poderio militar, desafiar qualquer integração europeia e cumprir seu papel como guarda avançada da Rússia.
A segurança de nossa região não pode ser garantida pela ostentação do poderio militar e pelo apanhar dos países em armadilhas. Ela só pode ser garantida por um compromisso conjunto com a integração euroatlântica e a paz democrática.
Logo, é importante que todos vejam a Sérvia como ela é, não como finge ser. É importante ver o uso da Sérvia pela Rússia em seu grande esquema para retomada de poder. As provocações de ambos os países na região não podem ser minimizadas ou ignoradas. Esses atos representam a mais séria ameaça não apenas à região, mas também à paz e segurança internacionais.
Apesar dessas ameaças, Kosovo permanece comprometido com a normalização das relações com a Sérvia, facilitada pela União Europeia e apoiada pelos Estados Unidos. Essa é a forma de promover a cooperação, dois países soberanos buscando a integração euroatlântica e melhorando as vidas de suas populações.
Porém a Sérvia continua buscando se expandir além de suas fronteiras e a comunidade internacional precisa estar preparada para tomar as medidas necessárias para a paz e estabilidade da região. A Rússia não apenas apoia as ambições da Sérvia, ela as garante. A Rússia nunca foi uma intermediária bem-vinda nos Bálcãs.
Os Estados Unidos e a União Europeia estão investidos na promoção da democracia, reconstrução e segurança humana, enquanto a Rússia investe na promoção do autoritarismo, destruição e insegurança humana. Cabe então aos Estados Unidos, à União Europeia e à Otan a implantação de todas as medidas necessárias pacíficas e preventivas para manutenção da segurança e da estabilidade nos Bálcãs. A contínua presença da Otan em Kosovo é fundamental não apenas para o Kosovo, mas também para toda a região.
O melhor da diplomacia preventiva do mundo democrático será necessário para permitir que os Bálcãs superem o último marco para a paz sustentada e para impedir a vitória das forças mais sombrias da região.
Assim, as políticas agressivas da Sérvia desviam fundamentalmente de qualquer compromisso genuíno de normalização das relações com Kosovo. Elas vão contra a integração europeia e representam uma nova ameaça à segurança de todos os países nos Bálcãs ocidentais.
Por que a Sérvia retornou aos seus velhos hábitos beligerantes? Além de sua colaboração com a Rússia, ela nunca lidou de forma apropriada com seu passado genocida. A Sérvia permanece não disposta a lidar com os crimes de guerra do regime de Milosevic, do qual muitos dos atuais líderes nacionalistas da Sérvia foram associados. As negações de responsabilidade pelos crimes de guerra no Kosovo apenas enraizam uma cultura de impunidade, que por sua vez encoraja a Sérvia a aumentar seu poderio militar, desafiar qualquer integração europeia e cumprir seu papel como guarda avançada da Rússia.
A segurança de nossa região não pode ser garantida pela ostentação do poderio militar e pelo apanhar dos países em armadilhas. Ela só pode ser garantida por um compromisso conjunto com a integração euroatlântica e a paz democrática.
Logo, é importante que todos vejam a Sérvia como ela é, não como finge ser. É importante ver o uso da Sérvia pela Rússia em seu grande esquema para retomada de poder. As provocações de ambos os países na região não podem ser minimizadas ou ignoradas. Esses atos representam a mais séria ameaça não apenas à região, mas também à paz e segurança internacionais.
Apesar dessas ameaças, Kosovo permanece comprometido com a normalização das relações com a Sérvia, facilitada pela União Europeia e apoiada pelos Estados Unidos. Essa é a forma de promover a cooperação, dois países soberanos buscando a integração euroatlântica e melhorando as vidas de suas populações.
Porém a Sérvia continua buscando se expandir além de suas fronteiras e a comunidade internacional precisa estar preparada para tomar as medidas necessárias para a paz e estabilidade da região. A Rússia não apenas apoia as ambições da Sérvia, ela as garante. A Rússia nunca foi uma intermediária bem-vinda nos Bálcãs.
Os Estados Unidos e a União Europeia estão investidos na promoção da democracia, reconstrução e segurança humana, enquanto a Rússia investe na promoção do autoritarismo, destruição e insegurança humana. Cabe então aos Estados Unidos, à União Europeia e à Otan a implantação de todas as medidas necessárias pacíficas e preventivas para manutenção da segurança e da estabilidade nos Bálcãs. A contínua presença da Otan em Kosovo é fundamental não apenas para o Kosovo, mas também para toda a região.
O melhor da diplomacia preventiva do mundo democrático será necessário para permitir que os Bálcãs superem o último marco para a paz sustentada e para impedir a vitória das forças mais sombrias da região.
Comentários
Postar um comentário