O ministro russo do Exterior, Serguei
Lavrov, afirmou neste sábado (18/02) que a OTAN continua sendo "uma
instituição da Guerra Fria" e defendeu o que chamou de "ordem mundial
pós-Ocidental", na qual cada país, "com base na sua soberania e dentro
das regras da lei internacional, busque um equilíbrio entre seus
próprios interesse nacionais e os interesses nacionais de parceiros".
Em discurso na Conferência de Segurança
de Munique, Lavrov afirmou que a Rússia deseja uma relação com os
Estados Unidos baseada no "pragmatismo, respeito mútuo e
responsabilidade global compartilhada", para em seguir acrescentar que
Moscou está aberta, se Washington também estiver, a explorar o "imenso
potencial" da cooperação política e econômica entre os dois países.
"Nós não concordamos com aqueles que
acusam a Rússia de tentar destruir a ordem mundial liberal. A crise
desse modelo estava programada porque o conceito de globalização
política e econômica foi construído por uma elite de Estados para
dominar todos os outros", afirmou Lavrov. "Os líderes responsáveis devem
fazer uma escolha. Eu espero que essa escolha seja por uma ordem
democrática mundial e justa. Podem chamá-la de ordem mundial
pós-Ocidental", se quiserem.
O ministro afirmou que a declaração que
fixou as relações entre Rússia e OTAN se baseava no interesse comum de
evitar conflitos e ameaças na área euro-atlântica, respeitando os
interesses da outra parte, e não tinha por objetivo criar "linhas de
demarcação". Segundo sua opinião, o objetivo não foi
atingido "fundamentalmente porque a OTAN continua sendo uma instituição
da Guerra Fria".
Lavrov afirmou ainda que o objetivo de
Moscou é cumprir os acordos de Minsk para pôr fim ao conflito no leste
da Ucrânia e acusou Kiev de não ter avançado, garantindo que as sanções
russas não serão levantadas enquanto os compromissos alcançados não
forem completamente aplicados.
Lavrov apresentou a Rússia como um país
euroasiático que deseja boas relações de vizinhança e lembrou que
milhões de soldados soviéticos deram sua vida por uma Europa livre.
"Queremos ver uma Europa livre, independente em relações externas",
sublinhou. Ele também exigiu provas dos governos ocidentais que acusam
Moscou de espionagem cibernética e ciberataques.
Vice de Trump diz que compromisso com OTAN é inabalável
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence,
reiterou neste sábado (18/02) o compromisso do presidente Donald Trump
com a OTAN e Europa, mas advertiu que seus aliados também devem cumprir
com a palavra e que "chegou o momento de fazer mais".
Pence se expressou desta forma na
Conferência de Segurança de Munique (CSM), onde destacou que os destinos
dos países de ambos os lados do Atlântico Norte estão "entrelaçados",
unidos por "ideais nobres", como a "liberdade, a democracia, a justiça e
o estado de Direito".
"Hoje, em nome do presidente Trump, trago
esta garantia: os EUA apoiam decididamente a OTAN e será inabalável
nosso compromisso com esta aliança transatlântica", afirmou Pence
perante o auditório, no qual estavam o secretário-geral da OTAN, Jens
Stoltenberg, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel.
A segunda mensagem do governo Trump
também foi clara: há a expectativa de que os aliados na OTAN cumpram com
seus compromissos e aumentem os investimentos em defesa para chegar ao
equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB), fato só alcançado por
EUA e mais quatro países.
Pence destacou que os EUA vão aumentar
"de forma significativa" sua despesa militar, mas insistiu que a defesa
coletiva exige também que os europeus respeitem seus compromissos,
"descumpridos por muitos e por tempo demais". Neste contexto citou de
novo Trump ao assegurar que não se pode dar a paz por certa e que ela só
é assegurada com a força.
"EUA serão sempre o maior aliado da Europa"
Diante das dúvidas e incertezas, Pence
insistiu que os EUA seguirão ao lado da Europa, como sempre fizeram,
durante gerações, em defesa dos princípios da democracia, soberania e
integridade territorial. "Tenham certeza, os EUA são hoje e serão sempre
vosso maior aliado", manifestou o vice-presidente, que lembrou o
deslocamento de tropas no flanco oriental da OTAN perante a ameaça
russa.
Diante do presidente da Ucrânia, Petro
Poroshenko, afirmou que serão cobradas, de Moscou, responsabilidades e o
cumprimento dos acordos de Minsk, começando pelo fim da violência no
leste ucraniano.
Pence afirmou, ainda, que os EUA
continuarão cobrando responsabilidades da Rússia, apesar de
acreditar que podem ser encontradas novas bases para uma relação. "Nossa
liderança do mundo livre não desfalecerá. Nem sequer por um momento.
Nossa força e a desta aliança não se origina apenas da força de nosso
armamento, mas de nossos valores comuns", afirmou.
Merkel defende OTAN e diz que agir sozinho não é solução
Chanceler federal alemã afirma que
estruturas multilaterais internacionais, como Aliança Atlântica, Nações
Unidas e G20, são necessárias para enfrentar grandes desafios globais.A
chanceler federal alemã, Angela Merkel, defendeu neste sábado (18/02) a
necessidade de estruturas multilaterais internacionais, como OTAN, ONU e
G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), para enfrentar os
desafios globais.
Em discurso durante a Conferência de
Segurança de Munique, ela pediu que os Estados Unidos apoiem e
fortaleçam essas organizações como instrumentos para resolver "os
desafios de hoje", que "não podem ser resolvidos por um só país".
"Tenho a convicção profunda de que a
atuação conjunta nos faz mais fortes", disse Merkel. No entanto, a
chanceler reconheceu que as estruturas multilaterais existentes não são
"suficientemente eficientes" e advogou por reforçá-las e melhorá-las, em
vez de cair no "protecionismo e no isolamento".
"Estou convencida de que vale a pena
lutar pelas estruturas multilaterais na comunidade internacional, mas em
muitos âmbitos devemos melhorá-las", declarou.
Com o vice-presidente americano, Mike
Pence, sentado a poucos metros de distância, Merkel afirmou, ainda, que a
OTAN não é de interesse apenas da Europa, mas também dos Estados
Unidos.
A fala de Merkel foi seguida do discurso
de Pence, que assegurou à Europa o compromisso contínuo de Washington
com a OTAN, mas também apelou para que todos os membros da aliança
contribuam com 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
A chanceler ressaltou que a Alemanha se
comprometeu em 2014 com seus parceiros a elevar, em uma década, seu
orçamento militar até 2% do PIB, em vez dos atuais 1,3%, e garantiu que
seu governo está comprometido com esse objetivo.
Preocupação com a Rússia
Entre as instituições que precisam de
reformas, Merkel se centrou na União Europeia e reconheceu problemas na
construção da moeda única, que provocaram a crise da dívida, e na área
de livre circulação de pessoas, evidenciados com a crise dos refugiados.
Além disso, destacou a "grande
preocupação" que representa o fato de a Rússia ter violado o princípio
da integridade territorial, na opinião dela um dos pilares sobre os
quais foram construídas a segurança e a paz na Europa nas últimas
décadas.
Neste sentido, reconheceu que gostaria
ter "relações razoáveis" com Moscou, mas que isso é impossível depois
que a Rússia anexou a Crimeia. Apesar de suas reservas ao país, a
chanceler advogou por se aferrar ao acordo de paz de Minsk, já que "é o
único que temos, por enquanto".
Cooperação na luta contra terrorismo
A chanceler federa alemã advertiu também
que o islã não é a causa do terrorismo, mas uma interpretação errônea do
islã, e pediu às autoridades religiosas de países de maioria muçulmana
que destaquem essa diferença e se distanciem do jihadismo.
Por isso, pediu que "as autoridades
religiosas do islã" se posicionem com "palavras claras" sobre "a
diferenciação entre islã pacífico e o terrorismo em nome do islã", já
que "isso os não muçulmanos não pode fazer tão bem como as autoridades
islâmicas".
A chanceler federal alemã defendeu a
necessidade da cooperação "internacional e multilateral" para lutar
contra a "ameaça assimétrica" do terrorismo islâmico.
Merkel e o vice-presidente americano
tiveram uma conversa a portas fechadas por 45 minutos. O porta-voz de
Merkel, Steffen Seibert, afirmou que o foco do encontro foram as
"relações bilaterais estreita e amistosas" entre Alemanha e EUA. Ele
declarou ainda que Merkel e Pence abordaram os conflitos na Ucrânia e na
Síria, além da situação no Afeganistão e Líbia.
Trump diz que é um "fã da OTAN", mas muitos países não pagam sua parte¹
O presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, se declarou neste sábado "um fã da OTAN", mas criticou que
"muitos países" da aliança não pagam sua parte apesar de serem "muito
ricos".
"Sou um fã da OTAN, mas muitos dos países
da OTAN, muitos dos países que protegemos, muitos desses países, são
muito ricos e não estão pagando suas contas, nos têm que ajudar", disse
Trump em um comício no hangar do aeroporto internacional de
Orlando-Melbourne (Flórida).
O presidente americano fez este breve
comentário sobre a OTAN em discurso que lembrou muito sua campanha
eleitoral e no qual defendeu sua gestão no primeiro mês na Casa Branca
perante seus correligionários.
As críticas à Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) eram uma mensagem habitual em seus comícios de
campanha, onde chegou a afirmar que a aliança está "obsoleta".
Com este precedente, seu vice-presidente,
Mike Pence, teve que reafirmar neste sábado, horas antes do comício de
Trump, na Conferência de Segurança de Munique (Alemanha), que os EUA
continuam apoiando a OTAN.
Comentários
Postar um comentário