Chegada de Trump não muda compromisso dos EUA com OTAN, diz Kerry
O secretário de Estado americano, John Kerry, em coletiva de imprensa após reunião com os ministros das Relações Exteriores no escritório da Otan, em Bruxelas, no dia 6 de dezembro de 2016
A OTAN e a União Europeia superaram anos de rivalidade nesta terça-feira e acordaram um plano de sete pontos para se contrapor a táticas como ciberataques, guerra de informação e milícias irregulares da Rússia e outros potenciais agressores.
O pacto, que não tem vigência legal, permite que os seis países da UE fora da OTAN se beneficiem de parte do apoio militar dos Estados Unidos, apoio que o presidente eleito Donald Trump sugeriu que poderia ficar condicionado a um maior gasto europeu com defesa.
As propostas devem reassegurar a Europa que os EUA, principal potência da Organização do Tratado do Atlântico Norte, estão comprometidos com a região, apesar dos comentários de Trump durante a campanha que deixaram aliados inquietos, disseram autoridades da OTAN.
"Nós estamos fortalecendo os laços transatlânticos e a ligação vital entre a América do Norte e a Europa”, disse o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, à imprensa, junto com a responsável da UE por política externa, Federica Mogherini.
"O compromisso dos EUA com a OTAN transcende a política. Eu estou confiante que a maioria dos dois principais partidos (dos EUA) estão comprometidos com a OTAN”, disse John Kerry, secretário de Estado norte-americano de saída do cargo, a jornalistas.
Durante a campanha eleitoral dos EUA, Trump contestou a tradicional política externa norte-americana para a Europa, dizendo que Washington poderia não defender aliados da OTAN que não pagam mais pela sua própria segurança.
O acordo entre a UE e a OTAN ocorreu na sequência de um acordo sobre um fundo separado de defesa da Europa para pagar por helicópteros, aviões e outros equipamentos, em parte um sinal para Trump.
O plano da UE e da OTAN tem como objetivo assegurar que qualquer recurso dos 22 aliados da OTAN e da UE estejam disponíveis para operações tanto de um quanto do outro bloco.
"Com um cenário de segurança em transformação, é uma coisa boa para a OTAN e para a União Europeia a combinação de esforços”, declarou o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier.
Ciberataques russos, uma crise imigratória e estados em crise perto da Europa podem exigir tanto uma resposta militar da OTAN quanto uma abordagem mais suave que a UE poderia proporcionar para combater propaganda e dar treinamento para estabilizar governos, disseram autoridades.
Chegada de Trump não muda compromisso dos EUA com OTAN, diz Kerry
A chegada do republicano Donald Trump à Casa Branca não mudará o compromisso dos EUA com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) - declarou nesta terça (6) o secretário de Estado americano, John Kerry, tentando tranquilizar os sócios europeus em sua última viagem oficial ao continente.
"A mudança de governo nos Estados Unidos [em 20 de janeiro] não mudará o inquebrantável compromisso dos Estados Unidos com esses ideais, com nossas obrigações na OTAN", afirmou Kerry, em Bruxelas, onde se encontra para uma reunião de chanceleres da Aliança Atlântica.
As declarações de Trump durante a campanha eleitoral levantaram dúvidas na Europa sobre a continuidade do apoio americano a seus aliados da OTAN, caso não aumentem seu gasto militar na organização.
"O compromisso dos Estados Unidos com a OTAN e com o artigo 5 transcende a política", declarou Kerry, referindo-se ao artigo que determina o apoio dos membros da Aliança Atlântica a qualquer um de seus sócios em caso de ataque.
O artigo 5 foi invocado apenas uma vez: depois dos atentados do 11 de Setembro, em 2001, nos Estados Unidos.
"Confio em algumas pessoas que vi até agora", disse Kerry, em alusão ao futuro secretário da Defesa, o general reformado James Mattis, uma indicação bem acolhida por democratas e por republicanos.
"No fim das contas, o senso comum prevalecerá", insistiu John Kerry, que voltou a defender o acordo sobre o programa nuclear iraniano e o de Paris, sobre o Clima, ambos firmados em 2015, no governo de Barack Obama.
Reforço da cooperação OTAN-UE
A reunião de chanceleres foi dedicada às relações transatlânticas e ao reforço da cooperação entre UE e OTAN, frente à ameaça que a Rússia simbolizaria no flanco leste da aliança, assim com diante do perigo representado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), no sul.
A melhor maneira de dissipar as preocupações surgidas na Europa com a vitória de Donald Trump é "reforçar a cooperação entre a UE e a OTAN", considerou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.
Na presença da chefe da diplomacia do bloco, a italiana Federica Mogherini, os ministros das Relações Exteriores dos 28 países da OTAN aprovaram hoje cerca de 40 medidas sobre uma cooperação reforçada com a UE. Os princípios desse acordo foram estabelecidos na cúpula da Aliança Atlântica em Varsóvia, em julho.
Essas medidas cobrem um amplo leque, indo da luta contra o cibercrime ao terrorismo, passando por uma melhor coordenação das manobras militares e pelos meios compartilhados para lutar contra o tráfico de seres humanos no Mediterrâneo.
Membros da UE, mas não da OTAN, e vizinhos da Rússia, Finlândia e Suécia participaram da reunião por se considerarem mais vulneráveis desde a anexação por parte de Moscou, em 2014, da então península ucraniana da Crimeia.
Como exemplo de cooperação entre UE e OTAN, Stoltenberg destacou a criação oficial em 2017 em Helsinki de um centro europeu de luta contra as "ameaças híbridas". Com isso, uma rede de especialistas e de representantes dos países-membros de ambos os blocos poderão se informar sobre novos ataques, ou ameaças.
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