O ministro
da Justiça da Turquia, Bekir Bozdag, disse nesta terça-feira que 16 mil
pessoas estão presas e sendo mantidas sob custódia formalmente por
ligação com a tentativa fracassada de golpe de Estado do mês passado, e
que outros 6 mil detidos ainda estão sendo registrados.
Outras 7.668
pessoas estão sendo investigadas, mas não estão detidas atualmente,
relatou o ministro em uma entrevista à agência estatal de notícias
Anadolu transmitida ao vivo em canais de televisão turcos.
A Turquia
deteve, afastou ou suspendeu dezenas de milhares de pessoas no
Judiciário, nas Forças Armadas, na polícia, no funcionalismo público e
em outros setores em função de supostos laços com o golpe malfadado de
15 de julho, quando uma facção dos militares tentou depor o presidente
turco, Recep Tayyip Erdogan, e o governo.
Mais de 240
pessoas foram mortas e quase 2.200 ficaram feridas, já que a facção
utilizou caças, helicópteros militares e tanques e abriu fogo contra
civis, enquanto tentava derrubar o governo.
Desde a
tentativa de deposição, soldados, policiais, juízes, jornalistas,
médicos e funcionários civis foram afastados ou presos, despertando
entre aliados ocidentais o temor de que Erdogan esteja aproveitando os
acontecimentos para acumular mais poderes.
Ancara culpa
seguidores do clérigo muçulmano Fethullah Gulen, auto-exilado nos
Estados Unidos, pelo golpe frustrado. Gulen, cujos apoiadores nas forças
de segurança, no Judiciário e no funcionalismo público Erdogan acusa de
orquestrarem a tentativa de tomada de poder, nega qualquer conexão com o
complô.
As
autoridades turcas dizem que os seguidores de Gulen usaram vários
aplicativos de mensagens de smartphone para se comunicarem nos anos que
antecederam o golpe fracassado e que a agência de inteligência nacional
da Turquia decifrou o programa e conseguiu rastrear dezenas de milhares
de pessoas do grupo.
Um
funcionário turco de alto escalão disse que a agência de inteligência do
país identificou pelo menos 56 mil agentes da rede de Gulen graças à
decodificação de um aplicativo de mensagens pouco conhecido chamado
ByLock, que o grupo começou a usar em 2014. Este ano a inteligência
turca conseguiu mapear a rede.
O jornal
turco Haberturk noticiou que o Alto Conselho de Juízes e Promotores
(HSYK, na sigla em turco) realizou trabalhos para uma nova rodada de
expurgos de 1.500 juízes e promotores. Quase 3 mil deles foram suspensos
nos dias que se seguiram à tentativa de golpe.
Putin diz a Erdogan que espera que Ancara possa restaurar ordem após golpe fracassado
O presidente
da Rússia, Vladimir Putin, disse ao colega turco, Tayyip Erdogan, que
espera que Ancara possa restaurar completamente a ordem após o golpe
militar fracassado no mês passado, dizendo nesta terça-feira que Moscou
sempre se opôs a ações inconstitucionais.
A viagem de
Erdogan à Rússia acontece à medida que as relações da Turquia com Europa
e Estados Unidos se enfraquecem, pelo que Ancara vê como preocupação do
Ocidente sobre como lidou com a tentativa de golpe, na qual mais de 240
pessoas foram mortas.
Putin, um
dos primeiros a chamar o líder turco para oferecer seu apoio no
pós-golpe, se posicionou como aliado confiável mesmo que laços entre
Moscou e Ancara tenham ficado tensas após derrubada de jato militar
russo na fronteira da Síria no ano passado.
Recebendo
Erdogan em um palácio da era dos Czares, em São Petersburgo, Putin
destacou nesta terça-feira que está pronto para melhorar as relações com
a Turquia, que segundo ele, deixaram um ponto historicamente alto para
adentrar em um nível baixo.
"Sua visita
hoje, que você faz apesar da situação política interna complexa na
Turquia, mostra que todos nós queremos recomeçar nossos diálogos e
restaurar nossas relações", disse Putin, em comentários preliminares
antes das conversas privadas.
Putin disse
que os dois iriam conversar sobre como restaurar laços comerciais e
econômicos e sobre cooperação contra o terrorismo.
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