O Estado do Crime Organizado é pior que o Estado Islâmico






A estrutura de Defesa e Segurança montada para atuar no Rio de Janeiro, durante os Jogos Olímpicos RIO2016, é única na História Mundial. Os acontecimentos são analisados detalhe a detalhe pelas principais Forças Armadas do Mundo.

 



Soldados controlam a entrada de acesso à Comunidade Vila João onde membros da Força Nacional foram atingidos com um membro morto. Foto - Agência Brasil
   
Os Jogos Olímpicos estão sendo o maior laboratório de experimento, e não só teórico, para as Forças de Defesa e Segurança do Brasil a operarem em ambientes urbanos combatendo gangues criminais e verdadeiros grupos guerrilheiros urbanos. Oficiais de várias Forças Armadas têm acompanhado cuidadosamente o desenrolar dos acontecimentos, que trazem uma realidade confusa, movediça e aterrorizante.

Não apenas contra a ameaça supostos de terroristas, mas contra um estado paralelo, que domina o Rio de Janeiro, grande parte de São Paulo e avança para outras capitais e grandes cidades do interior do país.  A observação foi feita pelos militares que estão atuando na capital fluminense, sob uma certeza: há um estado paralelo criado pelo crime organizado que ameaça, inclusive, a supremacia do estado oficial.

A situação ficou para os militares ainda mais translúcida, quando o ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que os militares da Força Nacional cometera “um erro ao entrar na comunidade da Maré”. Com isso ele justificava o ataque no último dia 10 aos integrantes da Força Nacional, que foram vítimas de um ataque a tiros, que acabou na morte de um dos soldados.

O ambiente Urbano e as Forças Armadas

Até o momento o Planejamento Militar na maioria das Forças Armadas, para as áreas Urbanas, era de evitá-las. Caso fosse necessário enfrentar uma área urbana a estratégia do Pacto de Varsóvia (União Soviética) era empregar artefatos nucleares.

Porém, como dominar uma Megacidade, dar um mínimo de controle do Estado sobre a área? Não destruí-la e garantir que os serviços públicos funcionem e proteger a população tendo ao mesmo tempo gangues usando os cidadãos como escudos. Além de uma ampla série de limitações operacionais impostas devido ao "politicamente correto".

O US Army, continuando o suas análises sobre Operações em Megacidades (1), publicou, em um estudo, de Abril de 2016, que não por acaso tem a foto da Favela da Rocinha (Rio de Janeiro), na capa:
Currently, however, the US Army is incapable of operating within the megacity. The US Army must think and learn through leveraging partnerships, which enhance institutional understanding. Historical experiences and lessons learned should assist in refining concepts and capabilities needed for the megacity.” (2)

 
ANALYSIS OF US ARMY PREPARATION FOR MEGACITY OPERATIONS - COL. PATRICK N. KAUNE US ARMY WAR COLLEGE - APRIL 2016 - A Foto da Capa é da Favela da Rocinha, considerada a maior do Rio de Janeiro Foto - DefesaNet

Os Atores Urbanos

Como já adiantado pelo DefesaNet, os Governos Federal e principalmente do Rio de Janeiro, tanto do Estado como do Município, procuraram estabelecer um frente de diálogo com o narcotráfico e milícias para estabelecer uma negociação de paz provisória e para impedir o alojamento de terroristas estrangeiros. E o ministro Jungmann não fez questão nenhuma de esconder o trato assim que os traficantes crivaram de balas a viatura da Força Nacional.

Divulgação


Viatura da Foprça Nacional atingida em 10 de Agosto na Comunidade Vila João. Devido aos ferimentos o soldado Helio Vieira veio a falacer. Foto - UOL

“É bom lembrar que o comandante disse que seguissem sempre dentro roteiro estabelecido, eles foram insistentes na recomendação de que os comboios não deveriam jamais entrar em comunidade, deveriam permanecer nas vias expressas, as chamadas vias olímpicas”, disse o ministro numa amostra que o acerto ainda está sob validade.

O crime comum no Rio de Janeiro não afetou apenas a percepção que há no Brasil uma guerra civil declarada, inclusive com atividades terroristas. Isso foi percebido também por centenas de turistas roubados, jornalistas com equipamentos furtados por gente bem vestida e em lugares bem frequentados, diplomatas russos e autoridades portuguesas enfrentando bandidos nas ruas, atletas que experimentaram a perda seus pertences dentro da Vila Olimpica, num arrastão generalizado, ônibus de voluntários e jornalistas atacados por gangues ou a equipe de jornalistas chineses que ficou sob o fogo cerrado entre as linhas vermelha e amarela.

“Nós viemos com a proposta de combater o terrorismo internacional, temos aqui o apoio da inteligência de quase 100 países, mas todos já viram e presenciaram que o Rio de Janeiro é uma cidade sitiada pelo terror, pelo banditismo e por um Estado paralelo que não só submeteu como corrompeu o Estado oficial. Foi como um agente de Israel comentou comigo, “vocês já tem sua Faixa de Gaza, não precisam aprender nada com mais ninguém e sim nos ensinar como conseguem viver com isso”.

O centro de inteligência tem sido abarrotado por informações sobre pacotes, mochilas e suspeitos de portarem artefatos para atentados terroristas diariamente. O volume é tamanho que no rastreio das ligações se observou que a maior parte vem das favelas e outra parte dos locais onde a movimentação de turistas é esporádica. A conclusão é que o crime organizado criou um sistema de contra informação para desmobilizar as forças de segurança e de inteligência.

“Está muito difícil trabalhar nesta situação, você passa nas vias e vê a poucos metros da viatura diversos garotos e homens de rostos cobertos e fortemente armados, como podemos adivinhar se aquilo é um núcleo do terror ou do tráfico? Perdemos os parâmetros, não nos deixaram fazer a faxina necessária e agora o percentual de risco é extremamente grande, muito maior que nos dias que antecederam aos jogos e na primeira semana, quando esperávamos ter alguma atividade anormal.

Estamos correndo atrás de gente de central sindical, de militantes com cartazes “Fora Temer” e nem conseguimos saber se isso não é uma estratégia de ataque. Estamos administrando o inferno, essa é a verdade”, comentou o militar que participa das operações de grandes eventos deste seu começo, há seis anos.

Os militares conseguiram controlar a grande manifestação política que o PT e outros partidos de esquerda queriam promover durante os JO e chegou a deter algumas dezenas de militantes, vários deles portando arma de fogo e armas improvisadas com madeiras cravadas de pregos, bolas de aço e atiradeiras e duas caixas de “coquetéis molotov”.  “O que encontramos com essas pessoas não era artefatos para uma manifestação de paz, mas algo preparado para o confronto sangrento, para uma ataque de guerra, exatamente como o slogan que gritavam: não vai ter golpe, vai ter guerra. Imaginávamos que teríamos algo agressivo, mas nada além do que já estamos acostumados em manifestações políticas com as de 2013”.

O militar contou que neste conflito políticos pelo menos 20 estrangeiros entre bolivianos, nigerianos, colombianos, haitianos e venezuelanos foram detidos e investigados para serem deportados. Esse número pode ter sido maior, pois esses foram os apreendidos apenas por sua unidade.  Mas depois não soube mais do paradeiro dessas pessoas, que o caso ficou na custódia do Ministério da Justiça.

“Espero que a situação continue controlável dentro que se viu até o momento.  A imprensa nacional tem praticamente um pacto de não mostrar a realidade dos JO 2016 no Rio de Janeiro, os barbarismos e as situações de altíssimo risco são camufladas, escondidas da opinião pública e até mesmo de nós. Os 350 mil estrangeiros que estão aqui já começaram a se dispersar, muitos deles estão voltando para seus países apenas com a roupa do corpo. Infelizmente não podemos agir em várias situações... é complicado vivenciar isso tudo”, desabafou:


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