Míssil balístico submarino é lançado de um local não divulgado da Coreia do Norte (AFP_Tickers)
O Japão lançou nesta terça-feira (23), na
ONU, um duro apelo para que a Coreia do Norte "se abstenha de novas
provocações", no momento em que Pyongyang ameaça responder às manobras
militares americanas e da Coreia do Sul.
Dirigindo-se ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas, o vice-ministro dos Assuntos Exteriores do Japão,
Kiyoshi Odawara, denunciou os testes nucleares e balísticos realizados
por Pyongyang - em particular de um míssil caído em 3 de agosto em águas
japonesas.
"Essas violações flagrantes das
resoluções da ONU constituem um evidente desafio aos esforços
internacionais contra a proliferação (de armas) e não são justificáveis
de modo algum", afirmou o vice-ministro japonês.
O Japão - acrescentou - "demanda à Coreia
do Norte, de maneira firme, que se abstenha de novas provocações" e
respeite seus compromissos internacionais.
Odawara também convidou os países-membros
da ONU a "redobrar esforços para aplicar plenamente as resoluções" da
ONU, que proíbem Pyongyang de manter qualquer atividade nuclear, ou
balística, sob pena de sanções.
Em março, o Conselho de Segurança adotou
as mais severas sanções já impostas a Pyongyang, depois que esse país
fez em janeiro seu quarto teste nuclear, assim como lançamentos de
mísseis. A eficácia dessas medidas depende, sobretudo, da China, aliado e
principal sócio comercial da Coreia do Norte.
Nesta terça (23), o Conselho de Segurança
se encontrava reunido para um debate sobre a proliferação de armas de
destruição em massa e, em particular, sobre os riscos de que essas armas
caiam nas mãos de grupos extremistas.
Coreia do Norte dispara míssil balístico de submarino
A Coreia do Norte lançou a partir de um
submarino um míssil balístico que entrou nesta quarta-feira na zona de
identificação de defesa aérea do Japão, no momento em que dezenas de
militares sul-coreanos e americanos realizam manobras conjuntas.
O alto comando militar sul-coreano
informou em um comunicado que o míssil, lançado ao amanhecer de um
submarino, percorreu quase 500 km, o que representa um alcance pelo
menos 15 vezes maior que o de testes anteriores.
Além disso, esta é a primeira vez que um
projétil deste tipo "entra na zona de identificação de defesa aérea" do
Japão, afirmou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Para o chefe de Governo japonês, o
disparo constitui "uma grave ameaça à segurança do Japão". Abe também
afirmou que é "um ato irresponsável que não pode ser tolerado", de
acordo com a agência de notícias Jiji.
O míssil, provavelmente do tipo KN-11,
sobrevoou o Mar do Japão, onde caiu a pouco menos de 500 km de distância
da costa norte-coreana, informou o exército dos Estados Unidos, que
denunciou uma "provocação".
O lançamento do míssil ocorre no momento
em que a Coreia do Sul e os Estados Unidos realizam amplas manobras
militares conjuntas.
As manobras, que simulam a reação a uma
invasão de tropas norte-coreanas, mobilizam 50 mil soldados sul-coreanos
e 25 mil americanos.
O teste foi considerado pelos militares
sul-coreanos como um "sério desafio" à segurança da região e uma
violação às resoluções da ONU.
"Responderemos com firmeza e severidade a qualquer provocação", destacou o exército da Coreia do Sul em um comunicado.
Washington e por Seul afirmam que suas manobras são puramente defensivas, mas Pyongyang as considera uma provocação.
O ministério das Relações Exteriores da
Coreia do Norte chamou os exercícios de "ato imperdoável" e advertiu
que, em caso de violação da soberania do país, poderia realizar ataques
nucleares em represália.
O Exército Popular da Coreia (EPC)
afirmou que estava "completamente preparado para executar ataques
preventivos de represália contra qualquer força ofensiva inimiga
envolvida".
Depois de meses de disparos de mísseis
norte-coreanos, após o quarto este nuclear de Pyongyang em janeiro,
alguns especialistas consideram que as relações entre as duas Coreias
passam pelo momento de maior tensão desde a década de 1970.
As ameaças de Pyongyang são comuns, mas o
risco de um erro ou de um incidente involuntário - que poderia ter
consequências militares catastróficas - é maior, pelo fechamento nos
últimos meses de todos os canais de comunicação entre as Coreias,
advertem os analistas.
"Estamos prontos para nos defendermos, a
nós e aos nossos aliados, contra qualquer ataque ou provocação", disse
Gary Ross, porta-voz do Centro de Comando Estratégico dos Estados
Unidos.
O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, que está no Japão, também expressou preocupação.
Além disso, manifestou oposição ao programa nuclear de Pyongyang.
"A China se opõe ao desenvolvimento nuclear da Coreia do Norte e a qualquer ação que possa provocar tensões", disse Wang.
Japão e Coreia do Sul condenam com
frequência o programa nuclear de Pyongyang e consideram que a China não
faz o suficiente para convencer o aliado de cessar as provocações.
Várias resoluções da ONU proíbem a Coreia
do Norte desenvolver programas nucleares ou balísticos, mas o país
reivindicou avanços no campo nos últimos meses.
Especialistas acreditam que Pyongyang
realizou avanços no desenvolvimento de um míssil intercontinental (ICBM)
capaz de alcançar o continente americano.
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