EUA rechaçam combate entre turcos e curdos na Síria. Pentágono classifica os recentes ataques da Turquia contra alvos curdos como "inaceitáveis" e pede que as forças se concentrem no combate ao "Estado Islâmico". Ministro turco rebate declarações.
Os Estados Unidos criticaram nesta
segunda-feira (29/08) os recentes combates entre o Exército turco, os
rebeldes sírios pró-Turquia e unidades da aliança curda na Síria. De
acordo com o Departamento de Defesa americano, essas operações são
"inaceitáveis" e devem chegar ao fim.
Em comunicado assinado pelo porta-voz
Peter Cook, o Pentágono destaca que as forças citadas deviam se
concentrar no combate ao grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). Além
disso, combates em áreas onde o EI não está presente são "fonte de
profunda preocupação" para os Estados Unidos.
"Estamos acompanhando de perto os relatos
de combates ao sul de Jarablus – onde o EI já não está – entre as
forças armadas turcas, alguns grupos da oposição e unidades que estão
ligadas às SDF [Forças Sírias Democráticas, lideradas pelos curdos]",
diz a nota, acrescentando que os EUA "não estão envolvidos nestas
atividades, e elas não foram coordenadas com forças americanas".
Nesta segunda-feira, o ministro turco de
Assuntos Europeus, Omer Celik, rechaçou as declarações do Pentágono.
"Ninguém tem o direito de nos dizer contra qual organização terrorista
devemos lutar e qual delas devemos ignorar", disse Celik a repórteres em
Bruxelas.
Washington apoia a milícia curda Unidades
de Defesa Popular (YPG), considerada uma organização terrorista pela
Turquia. Ancara diz que seguirá com os ataques a menos que as YPG se
retirem para leste do rio Eufrates, afastando-se assim de sua fronteira.
Ofensivas no norte da Síria
Na semana passada, as Forças armadas
turcas avançaram sobre o norte da Síria, juntamente com seus aliados
rebeldes, expulsando o EI da cidade fronteiriça de Jarablus, e assim se
antecipando aos rebeldes curdos, cuja função nas SDF é importante.
Com tais estratégias, Ancara procura
evitar a formação de um território curdo contínuo no norte da Síria, por
temer que assim o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK),
classificado como terrorista, venha a ganhar mais força em solo turco.
No domingo, dezenas de pessoas foram
mortas em bombardeios turcos. Ancara disse ter matado 25 "terroristas
curdos" e assegurou que as suas forças se esforçam para evitar vítimas
civis. No entanto, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos afirma que
pelo menos 40 civis morreram nas ofensivas.
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