Ex-secretários da OTAN e dos EUA advertem para riscos do "Brexit"










Blindados britânicos em exercício da OTAN
Cinco ex-secretários gerais da OTAN e 13 antigos secretários de Estado e assessores de Segurança dos Estados Unidos advertiram para os riscos do "Brexit" em artigos publicados nesta terça-feira na imprensa britânica.

Os antigos dirigentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) afirmaram no "Daily Telegraph" que seria "muito preocupante" se os britânicos votassem por abandonar a União Europeia no referendo marcado para 23 de junho.

Eles argumentaram que a UE é "um parceiro-chave" do bloco transatlântico, e a cooperação entre eles blocos ajuda a "afastar a instabilidade na região".

"Levando em conta a escala e o alcance das ameaças à paz e à estabilidade que enfrentamos coletivamente, a comunidade euroatlântica precisa de um Reino Unido forte e envolvido", defenderam.

O "Brexit" levaria "a uma perda de influência do Reino Unido, enfraqueceria a OTAN e ajudaria os inimigos do Ocidente", exatamente quando se deve cooperar para enfrentar ameaças comuns, assinalaram.

Assinaram a carta Peter Carington, George Robertson, Jaap de Hoop Scheffer, Federico Solana e Anders Fogh Rasmussen, secretários-gerais da Aliança Atlântica entre 1984 e 2014.

O atual secretário-geral, Jens Stoltenberg, também defendeu a permanência do país na UE durante uma recente visita a Londres, quando declarou que "um Reino Unido forte na Europa é algo bom para a segurança".

Em outra carta, publicada no "Times", 13 ex-secretários de Defesa dos Estados Unidos, entre eles Madeleine Albright e o ex-chefe da CIA Leon Panetta, avisaram que o Reino Unido não deve confiar que "a relação especial" que os une aos EUA compensará uma eventual saída da União Europeia.

"A relação especial entre nossos países não compensaria a perda de influência que o Reino Unido sofreria se saísse da UE, uma união de 28 nações com 500 milhões de habitantes, no que é o maior bloco econômico do mundo", escreveram.

Eles advertiram ainda que "a posição de influência (do país) e seu lugar no mundo seriam prejudicados, e Europa se veria perigosamente debilitada".

"Em nosso entorno globalizado, é estratégico ter tamanho e peso para ser ouvido", afirmaram os responsáveis de segurança no artigo, assinada também pelo secretário de Estado durante o governo do presidente Ronald Reagan, George Shultz.

A questão da segurança tem centrado o debate sobre as consequências da saída ou da permanência do Reino Unido na UE.

O primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, alertou ontem que o "Brexit" poria o país em perigo, o que foi rebatido pelo ex-prefeito de Londres e líder da campanha pela saída, o também "tory" Boris Johnson, que alegou que o único fiador da segurança é a Otan.

Formação de um exército único¹

A proposta já é antiga, mas agora pode sair do papel. Em 2012, representantes de Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Polônia, Luxemburgo, Holanda, Portugal e Espanha defenderam a necessidade um presidente eleito da União Europeia (UE).
Pediram também uma nova política de defesa, sob o controle de um ministério pan-exterior da União Europeia, que resultaria na formação de um exército europeu único.
A resistência britânica à formação desse exército único da Europa está diminuindo após a Alemanha voltar a fazer força para que a ideia se consolide. A União Europeia já possui uma moeda única e um parlamento com representantes de todos os seus 28 países membros. O surgimento de um líder único que teria domínio político e militar é considerada inevitável por muitos analistas.
O projeto alemão, divulgado pelo jornal Financial Times esta semana, põe mais pressão no referendo da UE, previsto para 23 de junho.  Caso aprovado, resultaria na força militar mais potente do mundo.
Segundo o documento, a formação do exército seria “gradual”, reunindo forças militares nacionais europeias em “uma cooperação permanente”, debaixo de estruturas de comando compartilhadas pelos Estados membros.
A proposta inclui a formação de uma área dedicada à defesa em uma “guerra cibernética”, que já é uma realidade em algumas nações. Também estão previstas ações para conter o terrorismo em solo europeu.
“A Alemanha está disposta a trabalhar de forma decisiva e substancial como uma força motriz nos debates internacionais… assumindo a responsabilidade e a liderança”, afirma ainda o documento.
O espanhol Jorge Domecq, diretor executivo da Agência Europeia de Defesa, considera que ameaças terroristas na Europa geraram a necessidade de “uma maior integração na política de Defesa” do continente.
Explica que até o final de 2016 terá início um Programa de Ação de Defesa e a Estratégia Europeia para o Espaço. Eles servirão para cumprir os objetivos da Estratégia Global para a Segurança e Relações Externas preparada pela União Europeia.
Sempre que a Europa moderna dá passos para uma reunificação, aos moldes do antigo Império Romano, estudiosos das profecias lembram de trechos do livro de Apocalipse que remetem ao cenário descrito em algumas passagens, onde essa força mundial possui um único líder e um grande poder bélico.

Israel quer proximidade

O surgimento de um exército europeu único interferiria nos acordos militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que reúne forças norte-americanas, europeias e asiáticas. No momento, a OTAN está em conflito com a Rússia, que sente-se ameaçada pela expansão bélica próximas as suas fronteiras.
Outra nação que está seria atingida por mudanças na OTAN é Israel, que recebeu este mês o convite para “abrir um escritório junto à sede da Aliança e terminar o procedimento de acreditação do seu representante”.
Há anos o Estado judeu esperava por isso. O fato foi comemorado pelo premiê Benjamin Netanyahu: “É uma prova importante da posição de Israel no palco internacional. Os países buscam cooperar conosco devido ao nosso combate intransigente ao terror, potencial tecnológico e potencial da inteligência do país, entre outros”.

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