A Embraer pode recorrer à Organização
Mundial do Comércio (OMC) contra subsídios canadenses concedidos à rival
Bombardier, afirmou um executivo sênior da fabricante brasileira de
aeronaves nesta segunda-feira.
Paulo Cesar Silva, presidente da divisão
de aviação comercial da Embraer, afirmou em entrevista telefônica que o
financiamento do governo canadense dá à Bombardier uma vantagem injusta
nas campanhas de vendas em que o modelo C Series, da Bombardier, compete
contra os E-Jets, da Embraer.
"A OMC eventualmente é uma alternativa,
mas claro que isso a gente tem que avaliar bem, conhecer mais detalhes
das operações e da estrutura que está sendo montada. Não existe uma
decisão, mas teoricamente seria uma das opções", afirmou o executivo.
"Um outro canal poderia ser conversas de
governo a governo. Isso seria talvez até o ideal para evitar uma
disputa", acrescentou o executivo.
Brasil e Canadá se envolveram em disputas
na OMC ao longo das últimas duas décadas sobre o apoio governamental
para a Embraer e a Bombardier.
A Bombardier garantiu 1 bilhão de dólares
para o programa de desenvolvimento do C Series junto ao governo de
Quebec no ano passado e pediu ao governo federal do Canadá a mesma
quantia.
As preocupações da Embraer sobre o
financiamento cresceram ao longo do mês passado, quando a Bombardier
venceu com uma proposta agressiva contrato para venda de 75 aviões para a
companhia aérea norte-americana Delta Air Lines.
"Em função dos apoios dados à Bombardier,
ela tem sido bastante agressiva nas campanhas ao ponto de oferecer os
aviões a um preço inferior ao de custo. É o que os números indicam",
disse Silva.
"Isso causa uma distorção grande no
mercado. Não estamos mais competindo com uma empresa privada, estamos
competindo com o governo do Canadá", acrescentou o executivo. "
O governo canadense está fazendo um resgate da Bombardier. E quem está pagando isso é o contribuinte canadense."
Procurados, representantes da Bombardier
disseram que o acordo acertado com a Delta está dentro das regras da OMC
e que a companhia ainda não recebeu qualquer recurso da província de
Quebec porque a transação ainda não foi finalizada.
"Estes comentários (da Embraer) não são
baseados em fatos. A seleção da Delta foi baseada na performance provada
da aeronave", afirmou a Bombardier.
Comentários
Postar um comentário