O ataque mais sangrento, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), ocorreu perto de um mercado do grande bairro xiita de Sadr City, e deixou 64 mortos e 82 feridos.
O ataque é o mais violento desde o início do ano em Bagdá, onde o EI ataca frequentemente lugares públicos de bairros predominantemente xiitas.
O número de vítimas deste atentado ainda pode aumentar, uma vez que a explosão do carro-bomba também feriu 82 pessoas, de acordo com um balanço revisado divulgado por fontes médicas e das forças de segurança.
A explosão ocorreu em um horário de rush, às 10h00 (4h00 de Brasília), perto de um mercado do grande bairro xiita de Sadr City, ao norte da capital. O fogo se espalhou rapidamente para as lojas, cujas fachadas foram destruídas.
"Um caminhão tentou entrar no mercado, mas a polícia proibiu a aproximação e pediu ao motorista para recuar. Mas o caminhão encontrou uma outra entrada e explodiu. As pessoas e vendedores daqui são civis inocentes", relatou uma testemunha, Abu Ali.
Horas mais tarde, o EI anunciou, em um comunicado publicado na internet, que um suicida, identificado como Abu Suleiman al-Ansari, havia detonado o veículo.
Poucas horas depois, dois novos atentados com carro-bomba atingiram o bairro xiita de Kazimiyah e do sunita-xiita de Jamea em Bagdá, segundo a polícia.
Na entrada de Kazimiyah, um bairro no noroeste da capital, o ataque custou a vida de ao menos 14 pessoas, segundo fontes hospitalares. Vários membros das forças de segurança entre as vítimas.
No ataque de Jamea, no oeste de Bagdá, oito pessoas morreram e 21 ficaram feridos pela explosão do carro-bomba, de acordo com uma autoridade do ministério do Interior.
Esses dois atentados ainda não foram reivindicados.
Em Sadr City, dezenas de iraquianos expressavam sua raiva e frustração, denunciando a inação do governo e dos políticos contra o grupo ultrarradical sunita.
"Os políticos são responsáveis pela explosão e as pessoas são vítimas de suas brigas. Os políticos dizem que o exército e a polícia não estão fazendo seu trabalho bem o suficiente, mas na verdade eles são os líderes", criticou Abu Ali.
Crise política
O ataque acontece num momento em que o Iraque é abalado por uma grave crise política. Vários partidos se opõem aos planos do primeiro-ministro de estabelecer um governo de tecnocratas por medo de perder alguns dos seus privilégios.Esta crise é seguida com preocupação pelos Estados Unidos, que temem um "desvio" das atenções das autoridades da luta contra o EI.
Washington aumentou recentemente o seu apoio militar a Bagdá, para ajudar o exército iraquiano a reconquistar os vastos territórios que caíram nas mãos dos jihadistas desde 2014.
O EI perdeu terreno ao abandonar várias cidades, incluindo Ramadi e Tikrit, cujo controle foi recuperado pelas forças iraquianas apoiadas por ataques aéreos da coalizão internacional sob comando dos Estados Unidos.
Mas os jihadistas conservam importantes redutos, incluindo Mossul, a segunda maior cidade do país, e ainda têm a capacidade de atacar Bagdá e outras áreas predominantemente xiitas.
O último ataque reivindicado pelo EI foi na segunda-feira, quando um carro-bomba explodiu na cidade de Baquba (norte de Bagdá), matando pelo menos 10 pessoas.
Irritados com a situação política, milhares de iraquianos - partidários do clérigo xiita Moqtada Sadr - organizaram nas últimas semanas protestos contra o governo.
Uma manifestação culminou com a invasão da Zona Verde de Bagdá e a ocupação do Parlamento durante várias horas.
Há anos, posições-chave do governo estão divididas com base em quotas políticas e sectárias e Moqtada Sadr, assim como o primeiro-ministro Haider al-Abadi, quer um novo governo composto por tecnocratas, capaz de realizar de forma mais eficaz as reformas cruciais para a luta contra a corrupção.
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