Federação internacional havia pedido providências contra balões. Espaço aéreo é tão perigoso quanto o dos países em guerra, diz Ifalpa.
A federação internacional que reúne
os pilotos de companhias aéreas rebaixou o espaço aéreo brasileiro ao
nível de risco de países em guerra.
Céu azul e nuvens inocentes à frente. Mas o perigo vem voando... E passa bem perto do avião.
“Não tem equipamento que mostre ele pra
você. É só na hora que você avista e não há outro jeito de você
evitá-lo, a não ser com uma manobra evasiva, visualizando o artefato”,
afirma o presidente nacional do Sindicato dos Aeronautas, Adriano
Castanho.
Enorme e cheio de fogos no chão. Um balão
grande pegando fogo causou pânico no aeroporto internacional de
Guarulhos no começo de 2016.
Aeronautas e aeroviários colecionam
gravações dos sustos frequentes provocados por balões. Um piloto diz:
“Aqui tem mais três balões”. E o controlador de voo responde: “Hoje está
complicado. Vamos rezar para que nada aconteça”.
Todas essas imagens e reclamações têm
chegado aos olhos e ouvidos de organizações internacionais que zelam
pela segurança de voo. Foi uma delas que, por falta de providências das
autoridades, rebaixou o nível do espaço aéreo brasileiro, considerado
agora tão perigoso quanto o dos países em guerra.
A Ifalpa, que é a Federação
Internacional das Associações dos Pilotos, em dezembro de 2015 já tinha
pedido que a Secretaria da Aviação Civil tomasse providências contra o
perigo dos balões.
Alegando que nada foi feito, a
entidade agora classificou o espaço aéreo brasileiro com uma estrela
negra, que significa “criticamente deficiente”. Um alerta que não tem
força de lei, mas que vem de entidade reconhecida internacionalmente.
“Se as autoridades não fizerem nada, o
espaço aéreo brasileiro pode sofrer uma recomendação para que as
aeronaves, as empresas internacionais evitem. E isso não é bom pra
ninguém”, alerta Adriano Castanho.
Soltar balões é crime no Brasil, mas cometido com frequência assustadora. Eles estão cada vez maiores e voando mais alto.
Gráficos do Cenipa, o Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, mostram que São
Paulo, Rio de Janeiro e Paraná são os estados que mais registram riscos
de acidentes com balões. Foram 307 notificações de perigo em 2015 e já
são 99 em 2016 nos três estados, o que assusta principalmente os pilotos
estrangeiros.
“Teve uma vez que algumas empresas
internacionais até pensaram em parar os voos ou diminuir a frequência de
voos para o Brasil. Na visão do estrangeiro, que não está acostumado
com isso, ele se assusta muitas vezes, porque não tem esse
conhecimento”, afirma o diretor de segurança da Associação Brasileira de
Empresas Aéreas, Ronaldo Jenkins.
Nesta terça-feira (26), um avião teve que
retornar pro aeroporto internacional de São Paulo porque uma turbina
foi danificada por um pássaro. Imagine se fosse um balão.
A Secretaria de Aviação Civil declarou
que a organização da aviação civil internacional qualifica o controle do
espaço aéreo brasileiro entre os quatro mais seguros do mundo. A
secretaria afirmou ainda que não recebeu a primeira carta da Ifalpa
enviada em dezembro de 2015.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo informou que desconhece os critérios da Ifalpa pra rebaixar o Brasil.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos declarou que realiza um programa de prevenção de balões.
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