Para comandante, Exército ‘acredita nas instituições'







Tânia Monteiro

Na mensagem do Dia do Exército, comemorado ontem, o comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, disse acreditar no funcionamento das instituições.

Segundo ele, o Exército, "na condição de instituição de Estado, em meio à crise que assola o País, norteia-se pela preservação da estabilidade e da paz social, pela crença de serem condições essenciais para que as instituições, no exercício legítimo de suas competências, delineiem os rumos a seguir".

O general destacou que "nos dias de hoje", o Exército "não se deixa abater pelas dificuldades materiais impostas por restrições orçamentárias e salários defasados, que não condizem com a nobreza da profissão".

Ele disse ainda que as Forças Armadas possuem altos "índices de confiabilidade e credibilidade" conferidos pela população do País e que o Exército é feito "de brasileiros portadores da simplicidade própria dos que têm a vocação de servir e da grandeza dos que se orgulham da profissão de soldado".

Apesar de ser a principal data do Exército, nem a presidente Dilma Rousseff, nem o vice Michel Temer compareceram à solenidade, que foi comandada pelo ministro da Defesa, Aldo Rebelo. Em seu discurso, Rebelo, ressaltou que esta era a celebração "da data magna de uma instituição que, assim como a Marinha e a Aeronáutica, é desprovida de qualquer busca por protagonismo fácil no cenário político institucional".

Dilma encaminhou uma mensagem destacando que "as brasileiras e brasileiros sabem que podem contar com o Exército brasileiro". "Saibam que o País é extremamente grato a vocês pela permanente demonstração de abnegação, de confiabilidade e de eficiência no cumprimento do seu dever constitucional."

 
Mensagem na integra do Comandante do Exército, General Villas Boas, por ocasião do aniversário da Primeira Batalha dos Guararapes e do Dia do Exército Brasileiro

- A segurança coletiva dos agrupamentos humanos evoluiu com o tempo, da tarefa de proteger a vida e a liberdade para incorporar a guarda dos laços psicológicos coletivos, sínteses do sentimento de nacionalidade, semente sagrada que faz germinar, simultaneamente, a nação e o seu exército.

Em nossa história, o episódio de Guararapes reflete emblematicamente esse processo. Em 1645, os líderes luso-brasileiros da Insurreição Pernambucana, inconformados com a presença holandesa na costa nordestina, haviam firmado o compromisso de lutar pela expulsão dos invasores e lançaram um manifesto:

“Nós, abaixo assinados, nos conjuramos, e prometemos, em serviço da liberdade, não faltar a todo o tempo que for necessário, com toda a ajuda de fazendas e pessoas, contra qualquer inimigo, em restauração da nossa pátria (...)”

Pela primeira vez, o termo Pátria era utilizado na então colônia, expressando a identidade de propósito que os unia.

Pátria, que no dizer de Rui Barbosa “é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados”. Pátria, vocábulo encontrado uma única vez na Constituição Federal, significativamente associado à existência e à destinação das Forças Armadas.

Pátria, cujo  significado vê-se frequentemente esquecido na dinâmica dos processos em que se debate o país.

A epopeia dos Guararapes, que hoje celebramos, amalgamou negros, brancos e índios, grupos étnicos matrizes de nosso povo, em torno do nascente sentimento de nacionalidade que os lançou, de armas em punho, a defender aquela terra que já identificavam e amavam como a sua pátria.

Produzia-se, naquele longínquo 1648, o fato seminal da brasilidade, e com ele surgia o jeito brasileiro de fazer a guerra, as chamadas Guerras Brasílicas, que foi capaz de superar, com denodo e engenho, uma das maiores potências militares do Século XVII.

Ali nascia o Exército Brasileiro.

De que é feito esse exército?

É feito da têmpera de seus heróis, desde João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias, em Guararapes, passando pelos que derramaram o sangue na Guerra da Independência, nas revoluções do período regencial, nas lutas no Prata, em Caiena, em Tuiuti, em Monte Castelo, em Canudos e Contestado, no Acre, no Haiti, na pacificação de comunidades carentes das grandes cidades e na disposição de fazê-lo novamente, sempre que a Pátria o exigir.

É feito do protagonismo nos episódios delineadores da trajetória histórica do país.

É feito do espírito democrático com que combateu os totalitarismos do Século XX.

É feito dos exemplos de seus patronos e da têmpera de estadista e soldado de Caxias.

É feito do suor dos que, desde sempre, contribuem para o desenvolvimento do país.

É feito do espírito humanitário dos que, desde os tristes episódios das endemias do início do século passado, arriscam suas saúdes, e mesmo a vida, no combate aos vetores de propagação.

É feito da solidariedade que o anima a distribuir água a quatro milhões de compatriotas afligidos pela seca no Nordeste e dos que proporcionam o atendimento de necessidades básicas aos moradores de áreas remotas da Amazônia.

É feito do sentimento de responsabilidade dos que protegem o meio ambiente e os irmãos indígenas.

É feito dos que vigiam os 17 mil quilômetros de fronteiras, garantindo a integridade territorial e que, ao mesmo tempo, coíbem os ilícitos que afligem a população dos grandes centros.

É feito do processo de modernização e transformação, em que ciência e tecnologia são agregadas como multiplicadores das capacidades necessárias ao Exército de um Brasil potência.

É feito dos que se preparam para atuar nos jogos olímpicos, motivados pelo mesmo entusiasmo e esmero com que garantiram o sucesso dos grandes eventos anteriores.

É feito dos valores essenciais da nacionalidade brasileira, guardados zelosa e tenazmente como chama sagrada.

É feito de brasileiros portadores da simplicidade própria dos que têm a vocação de servir e da grandeza dos que se orgulham da profissão de soldado.

É feito dos índices de confiabilidade e credibilidade com que a Nação o identifica, junto com a Marinha e a Força Aérea.

Esse é o Exército Brasileiro, que nos dias de hoje não se deixa abater pelas dificuldades materiais impostas por restrições orçamentárias e salários defasados, que não condizem com a nobreza da profissão.

Exército que, na condição de instituição de Estado, em meio à crise que assola o país, norteia-se pela preservação da estabilidade e da paz social, pela crença de serem condições essenciais para que as instituições, no exercício legítimo de suas competências, delineiem os rumos a seguir.

Exército único e invicto, “O Exército da Nação Brasileira.”

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