Em Hannover, presidente americano faz duro apelo para que líderes europeus colaborem mais com a Otan e façam mais pela segurança de seu próprio continente. Mais 250 soldados dos EUA serão enviados à Síria.
O presidente americano, Barack Obama,
afirmou nesta segunda-feira (25/04), em Hannover, que a Europa foi
condescendente em sua própria segurança, e fez um desafio direto aos
líderes europeus para que assumam mais responsabilidades para proteger o
continente.
"A Europa foi, em alguns momentos,
complacente em relação a sua própria defesa", disse Obama, ao fim de um
discurso de quase uma hora na maior feira de tecnologia industrial do
mundo, que tem este ano os EUA como país convidado.
Ao destacar que a Otan precisa reforçar
posições nas fronteiras de aliados como Polônia, Romênia e país
Bálticos, Obama fez um apelo aos aliados para que aumentem sua
contribuição com a Aliança Atlântica.
"É por isso que todo membro da Otan
deveria contribuir com sua parcela de 2% do PIB, com vistas a nossa
segurança comum. Isso é algo que não está acontecendo sempre", disse o
presidente americano, numa espécie de puxão de orelhas nos aliados que o
observavam em Hannover.
Obama anunciou o envio de mais 250
soldados para a Síria a fim de apoiar as milícias locais que combatem o
autodenominado "Estado Islâmico". Segundo ele, os militares contribuirão
em trabalhos de "treinamento e apoio" e não fazem parte de uma missão
de combate, mesmo que trabalhem perto dos frontes de batalha.
"Eles não vão liderar a luta em solo, mas ajudar as forças locais a fazer o 'Estado Islâmico' retroceder", destacou.
O presidente americano explicou que sua
principal tarefa na Síria será tentar juntar aos árabes sunitas as
unidades curdas que combatem os jihadistas do EI no nordeste do país. O
contingente anunciado por Obama deve se unir aos 50 membros das unidades
especiais do Exército dos EUA que já operam em solo sírio.
Reconstruindo relações
A Alemanha foi a última parada de uma
viagem de seis dias de Obama, que tem procurado reforçar alianças dos
EUA consideradas importantes para aumentar o comércio, derrotar o
"Estado Islâmico" e contrabalançar a presença russa na Síria e na
Ucrânia.
As relações entre Washington e Berlim
foram arranhadas em 2013 por revelações de vigilância generalizada dos
cidadãos alemães, incluindo o grampo do celular da chanceler federal
Angela Merkel, pela Agência de Segurança Nacional (NSA).
Mas, nos últimos anos, os dois aliados da
Guerra Fria têm corrigido as coisas, em estreita coordenação sobre a
crise na Ucrânia e para que saia do papel – antes de que Obama deixa a
Casa Branca – um acordo de livre-comércio entre os EUA e a União
Europeia
As negociações sobre o Acordo de Parceria
Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês)
têm sido difíceis, e o tempo está se esgotando.
Milhares de manifestantes segurando
cartazes com frases de ordem como "Parem o TTIP" marcharam no sábado
para expressar sua oposição ao acordo. Europeus e americanos temem que
ele poderia custar empregos e erodir as proteções ao consumidor.
Na reta final de seu mandato, Obama foi à
Alemanha depois de passar três dias em Londres, onde pediu aos
britânicos que votem para permanecer na União Europeia no referendo de
junho, cujo resultado, segundo frisou o presidente americano, poderia
ter consequências econômicas globais.
No início da semana, ele se reuniu com
líderes do Golfo, em Riad, para tentar acalmar os receios de que
Washington tenha se tornado menos comprometida com sua segurança,
especialmente após o acordo nuclear com o Irã, rival regional da Arábia
Saudita.
Antes de retornar a Washington na
segunda-feira, Obama tem uma reunião programada com Merkel, o
primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente francês,
François Hollande, e primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.
Entre as questões que são esperadas para
as discussões estará o maior compartilhamento de inteligência após os
ataques terroristas na França e na Bélgica.
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