A paciência
da Turquia com a crise na Síria pode estar acabando, o que forçaria o
país a agir, alertou o presidente turco, Tayyip Erdogan, nesta
quinta-feira, pedindo à Organização das Nações Unidas (ONU) que faça
mais para evitar o que chamou de "faxina étnica" na nação vizinha.
Erdogan
acusou a ONU de falta de sinceridade ao pedir à Turquia que ajude mais
os refugiados sírios ao invés de agir para deter o derramamento de
sangue na Síria.
Aviões de
guerra da Rússia vêm bombardeando os arredores da cidade síria de Aleppo
em apoio à ofensiva do governo de Damasco para retomar a localidade,
obrigando dezenas de milhares de pessoas a fugirem rumo à fronteira
turca.
"Existe a
possibilidade de a nova onda de refugiados chegar a 600 mil se os
ataques aéreos continuarem. Estamos fazendo preparativos para isso",
afirmou Erdogan em um fórum de negócios em Ancara.
"Mostraremos
paciência até certo ponto, e depois faremos o necessário. Nossos ônibus
e aviões não estão esperando lá à toa", declarou, acrescentando que a
Turquia tem informações de que forças sírias apoiadas pelo Irã estão
realizando "massacres impiedosos".
A Turquia,
que já abriga mais de 2,6 milhões de refugiados sírios, vem clamando há
tempos por uma zona de segurança no norte da Síria para proteger os
civis desabrigados, sem que eles cruzem a fronteira turca.
Até agora a
proposta teve pouco apoio de Washington e de aliados da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan), que temem que a manobra exija uma
zona de exclusão aérea patrulhada por vários países, o que poderia
colocá-los em confronto direto com o presidente sírio, Bashar Al-Assad, e
seus aliados.
Erdogan
disse que a crise síria não pode ser resolvida sem zonas de segurança e
que é preciso encontrar maneiras de manter os sírios em seu território.
Ele afirmou
ainda já ter dito às duas principais lideranças da União Europeia,
Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e Donald Tusk,
presidente do Conselho Europeu, que pode chegar o momento em que a
Turquia irá abrir seus portões para que os imigrantes sigam rumo à
Europa.
"'No passado
detivemos pessoas às portas da Europa, em Edirne detivemos seus
ônibus... depois iremos abrir os portões e lhes desejar boa viagem, foi o
que eu disse", afirmou o mandatário turco.
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