O Regime de Utilização Máximo (RUM) e as alternativas para o adestramento












Com o Projeto Leopard, algumas mudanças na utilização das viaturas blindadas desta família passaram a ser aplicadas, para que houvesse o cumprimento do contrato de aquisição e de manutenção entre o Exército e a empresa alemã KMW.

Uma dessas alterações foi a implantação do Regime de Utilização Máximo, o chamado RUM(1), estabelece que cada viatura, por cláusulas contratuais, tem um limite de quilômetros a serem rodados e um número máximo de tiros a serem executados tudo dentro de um ano.

Assim, as OM que receberam as VBCCC Leopard 1A5 BR sentiram a necessidade de se adaptar ao chamado SLI (Suporte Logístico Integrado) para conseguir concluir o ano de instrução e realizar os períodos de adestramento, juntamente com os exercícios de tiro.

Os dados do contrato estipulam que o DA é de 200 Km (média) em diferentes tipos de terrenos e estradas para VBCCC Leopard 1A5 BR e veículos especiais. Já para as VBE Escola de Motorista, esse RUM é estendido para 800 Km(2).

Outro fator importante a ser levado em consideração é limite anual de desgaste do tubo, sendo contabilizados os tiros na VBC, afim de não ultrapassar o ECM de 1,6 por viatura. Para este cálculo, considera-se que as munições não cinética (HESH ou HEAT) provocam um desgaste no tubo de 0,1 ECM. Assim, cada VBCCC pode realizar até 16 disparos durante o ano com estas munições.

Já com munição cinética, esse número cai pela metade, pois o ECM desse tipo de munição é de 0,2. Desta forma, cada VBCCC só pode realizar 8 tiros por ano com este tipo de munição.

O CIBld possui 04 (quatro) VBCCC Leopard 1A5 BR, que foram  contempladas com o chamado RUM especial, que atribui valores de 800 km para os DA e 4.6 de ECM, para cada VBCCC. Esta diferença deve-se ao fato de que no Centro são ministrados os cursos de operação dessas viaturas.

Todo esse controle é feito por um sistema informatizado que apresenta as condições da frota nas unidades, bem como, quais as manutenções que foram ou serão realizadas.

Este novo paradigma de utilização do Produto de Defesa (PRODE) impôs aos Regimentos de Carros de Combate (RCC) uma nova perspectiva no que se refere à qualificação dos seus militares temporários, a manutenção de padrões dos seu efetivo profissional e o adestramento das suas frações singulares.

Como atender às obrigações previstas no Sistema de Instrução Militar do EB (SIMEB), com todas estas restrições?

Atualmente, os RCC estão trabalhando de forma bastante produtiva com a chamada diagonal de manutenção, que é “desenhada” por meio do trabalho conjunto entre o Oficial de Operações (S3), o Chefe da Seção de Instrução de Blindados (SIB), o Oficial de Logística (S4) e o Gerente de Frota(3).

O S3 e o Ch SIB planejam a instrução, estimam a quantidade de viaturas necessárias e quais os períodos a serem realizadas as atividades e o S4 e o Gerente da Frota organizam a mão de obra dos mecânicos para prover os meios necessários, no momento oportuno.

Na prática isto consiste em fazer um rodízio organizado entre as viaturas, de forma a não exceder os dados contratuais, principalmente na questão do desgaste do tubo, pois normalmente um exercício que envolve tiro real chega muito próximo ao ECM(4).

Contudo, esse rodízio, por vezes acaba se tornando mais caro, pois há a necessidade de levar para o campo um número maior de viaturas do que seria necessário, envolvendo maior consumo de combustível para o transporte.

Outra forma para que seja cumprido o contrato e não cause defasagem no adestramento da tropa, é a utilização dos simuladores, que fazem parte do pacote de aquisição das viaturas Leopard.

Os RCC possuem em suas SIB um Simulador de Procedimento de Torre (SPT), para a instrução do atirador, auxiliar do atirador e comandante do carro; um Simulador de Procedimento de Motorista (SPM) e um TSP (Treinador Sintético Portátil) e um conjunto de Treinadores Sintéticos Portáteis (TSP), para o treinamento do comandante, do motorista e do atirador em ambiente virtual.

Esses Simuladores cumprem bem a missão de qualificar e adestrar a guarnição, antes  da execução de manobras reais, sendo uma ferramenta essencial para que os militares pratiquem, quantas vezes for necessário, antes de executarem suas funções no CC.

Esse tipo de simulação permite a execução de indefinidos disparos, para formação do comandante de carro, do atirador e do auxiliar do atirador e permite o início da formação do motorista com muitas horas antes de realmente dirigir o CC.

Outro equipamento de suma importância como alternativa ao RUM é Dispositivo de Simulação e Engajamento Tático (DSET). Os RCC também possuem esse equipamento, que é instalado no CC e tem a possibilidade de executar disparos laser em vez de munição real, retornando o resultado dos engajamento para a guarnição e para Direção do Exercício (DIREx).

O DSET permite a economia do ECM, mas não do DA, pois é instalado no CC. Inicialmente, as restrições impostas pelo RUM foram vistas como uma barreira intransponível à instrução e ao adestramento da tropa. Com o passar do tempo, verificou-se que estas imposições de utilização trouxeram benefícios, em particular referentes à vida útil do CC.

Contudo, é senso comum que é necessário rever os valores do RUM, em particular no que diz respeito ao ECM, que restringe em muito a quantidade de tiros por CC, impondo, como relatado anteriormente, que os RCC conduzam um número excessivo de carros para a realização do tiro, o que impacta diretamente no consumo de combustível.

A respeito do DA, o histórico de utilização demonstra que as distâncias, no geral, estão adequadas, não havendo necessidade premente de aumento dos atuais 200 km por viatura.

Este texto procurou mostrar as alternativas de utilização dos CC sem ultrapassar o RUM, porém nada substitui o contato com a viatura e o tiro real, por isso a revisão dos índices de ECM são importantes.

É fato que o RUM, novo paradigma dos RCC é benéfico e já está sendo considerado para outras Viaturas Blindadas como a VBTP 6x6 MR Guarani. As alternativas registradas são, hoje, de grande importância no treinamento da guarnição e de pelotão.

Sendo bem planejadas nas OM, farão a tropa blindada chegar a um nível de adestramento muito alto, como já vem acontecendo, pois reúne material moderno, adequado e disponível com recursos humanos especializados e dedicados à atividade fim da OM





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