Deputados venezuelanos pedem posição mais firme do Brasil

Em visita a Brasília, Luis Florido e Williams Dávila reúnem-se com ministro das Relações Exteriores e visitam Senado e STF. Políticos pedem apoio para solucionar "crise política e institucional" na Venezuela.

 

Deputados da oposição Williams Dávila (esq.) e Luis Florido diante do Itamaraty
Os deputados venezuelanos Luis Florido e Williams Dávila pediram ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nesta quinta-feira (25/02) uma postura mais firme do Brasil perante o governo do presidente Nicolás Maduro e o apoio à anistia de "presos políticos".
Após reunião com Vieira em Brasília, Florido – do partido de oposição Vontade Popular – disse à agência de notícia Efe que os dois tiveram um "diálogo muito franco". Os deputados venezuelanos pediram "uma posição mais firme e ativa" do Brasil devido ao "peso político" do país, afirmou.
Segundo Florido, ele e seu colega explicaram que a Venezuela está passando pela "pior crise de sua história", por causa da escassez de alimentos e medicamentos. O país também vive uma "crise política e institucional" que deve ser solucionada, disse.
"Esperamos do Brasil uma posição mais atuante diante de tudo que estamos passando, com deputados eleitos e outras lideranças da oposição presas", afirmou ao jornal O Globo.
Um dos pontos discutidos foi a Lei da Anistia, que tramita na Assembleia Nacional venezuelana e visa a libertação de dezenas de "presos políticos". A maioria deles foi detida após protestos contra o governo em 2014, incluindo o líder da oposição Leopoldo López. "É um problema humanitário que não se pode postergar", afirmou Florido.
Disposição do Brasil
Segundo fontes consultadas pela Efe, Vieira reafirmou a plena disposição do Brasil de "continuar buscando vias de diálogo" entre a oposição e o governo venezuelanos, "tal como fez em outras oportunidades".
Dávila, do partido de oposição Ação Democrática, afirmou que ele e Florido também indicaram ao ministro brasileiro que é necessário pressionar o governo venezuelano para que pague dívidas de 6 bilhões de dólares que tem com empresas brasileiras. O saldo é referente a obras de infraestrutura que empresas do Brasil executaram no país vizinho e também à importação de alimentos e medicamentos.
Após o encontro com Vieira, Florido e Dávila foram ao Senado, onde afirmaram que "muito em breve" estarão no governo, no lugar de Maduro. Eles defenderam uma saída do presidente "pela via constitucional, em paz, com democracia e sem traumas", segundo O Globo.
Senadores brasileiros apoiaram os colegas venezuelanos. O senador José Agripino (DEM), por exemplo, encorajou os deputados do país vizinho, sustentando que a luta deles "vale a pena" e que "o próximo passo tem que ser uma eleição presidencial para acabar com o regime atual".
"Chegou a hora de pôr fim à ditadura disfarçada de democracia que existe na Venezuela", disse o senador Valdir Raupp (PMDB).
Trata-se da primeira viagem oficial dos deputados venezuelanos ao exterior desde que a oposição conquistou a liderança da Assembleia Nacional. A última parada dos deputados foi o Supremo Tribunal Federal (STF), onde foram recebidos pelo ministro Gilmar Mendes.

 


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