Chuva de panfleto comunista na Coreia do Sul








Sul-coreanos afirmam que em uma semana regime de Pyongyang jogou sobre seu território mais de um milhão de folhetos, usando balões de hélio. Guerra propagandística se intensificou após teste nuclear. 

 
 
A Coreia do Norte lançou sobre a Coreia do Sul um milhão de panfletos de propagada através da fronteira, revelou nesta segunda-feira (18/01) o governo em Seul. Os folhetos foram enviados por militares norte-coreanos na semana passada por meio de balões de hélio.
A ação é aparentemente uma resposta à difusão de propaganda sul-coreana por alto-falantes na fronteira com a Coreia do Norte. Os panfletos, enviados diariamente por Pyongyang, chegaram a um milhão em uma semana.
De acordo com o Ministério da Defesa, a maioria dos panfletos foi encontrada perto da fronteira, na província de Gyonggi, mas alguns chegaram a Seul. O país comunista teria usado balões com temporizadores para programar o local e o horário de sua explosão.
Aparentemente inofensivos, os balões também podem causar estragos. Um deles, que levava cerca de 10 mil panfletos, caiu sobre um carro. A explosão causou danos no teto do veículo.
Alguns dos folhetos tinham imagens de desenhos animados e mostravam a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, vestido biquíni e caindo em um balde de lixo. Essa não é a primeira vez que Pyongyang ataca Park de forma sexista e depreciativa.
A tensão entre as Coreias aumentou no início de janeiro, após Pyongyang realizar testes de bombas nucleares. Desde então, Seul reativou seu sistema de alto-falantes na fronteira entre os dois países e planeja construir painéis eletrônicos gigantes na região para enviar mensagens e vídeos.
No início de janeiro, a Coreia do Norte confirmou seu primeiro "teste bem-sucedido" de uma bomba de hidrogênio , que tem potência muito maior do que uma bomba nuclear comum. Especialistas, porém, duvidam que o país tenha realmente uma bomba H.
 

Batalha de ideologias¹

O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.

Fronteira da Guerra Fria

Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estavam sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.

Antecedentes

Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.

Reforço da ONU

Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.

Codinome Operação Chromite

Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.

Ajuda de Mao

Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.

Pró e contra a bomba atômica

Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.

Guerra de exaustão

Mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse, em meados de 1951. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.

Coreia do Norte em ruínas

Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.

Estimativas conflitantes

Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.

Troca de prisioneiros

Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.

Cessar-fogo

Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.

Terra de ninguém

O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.

Comentários