Aviso é divulgado um dia após vitória da candidata oposicionista Tsai Ing-wen nas eleições presidenciais taiwanesas. Pequim alerta que as "alucinações de independência" do partido vencedor podem levar a um "desastre".
Em comunicado divulgado neste domingo
(17/01), o governo chinês advertiu ser "resolutamente contra qualquer
forma de atividade separatista visando a independência de Taiwan". O
anúncio foi feito um dia após a oposicionista Tsai Ing-wen se tornar a
primeira mulher a ser eleita presidente da ilha.
"Em importantes questões de princípio,
incluindo a salvaguarda da soberania nacional e da integridade
territorial, a nossa vontade é sólida e nossa atitude é consistente",
diz o comunicado emitido pelo departamento do governo chinês responsável
por assuntos de Taiwan. "Nossa política fundamental é clara e não vai
mudar por causa dos resultados das eleições em Taiwan. Vamos continuar a
aderir ao 'consenso de 1992'."
Segundo o 'consenso de 1992', as duas
partes reconhecem a existência de apenas uma China, mas cada lado faz a
sua própria interpretação desse princípio.
Após o anúncio dos resultados das
eleições, Tsai Ing-wen, que é líder do Partido Democrático Progressista
(PDP), disse que sua vitória foi mais um exemplo da democracia enraizada
em Taiwan e do desejo de seu povo por um governo que seja "firme em
proteger a soberania da nação."
"Alucinações de independência"
Por meio da mídia oficial, como o jornal Global Times,
e a agência de notícias Xinhua, Pequim insistiu para que Taiwan
abandone suas "alucinações de independência", já que defender o
separatismo acabaria em "desastre". A China frisou, ainda, que a vitória
eleitoral do independentista PDP "não significa que a maioria dos
taiwaneses apoie a independência" e destacou que o cenário de Taiwan
como estado soberano "é completamente impossível".
Em um editorial, o Global Times
recomendou à presidente eleita de Taiwan que não atravesse a "linha
vermelha" com a China, pois isso a levaria a "um beco sem saída".
"Esperamos que Tsai possa fazer com que o
partido reconsidere suas alucinações sobre a independência de Taiwan e
contribua para o desenvolvimento comum e pacífico entre Taiwan e o
continente", sublinha o texto.
China protesta por visita de enviado americano a Taiwan após eleições
O governo da China protestou nesta
segunda-feira pela visita de William Burns, ex-subsecretário de Estado
dos EUA, a Taiwan, o primeiro enviado de um país estrangeiro a se reunir
com a nova presidente eleita do país, Tsai Ing-wen, de orientação
independentista e líder da oposição a Pequim.
O porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores da China, Hong Lei, disse em entrevista coletiva que o
governo do país expressou sua preocupação pela viagem e pediu aos
Estados Unidos que "vigiem suas palavras e ações".
"Os EUA devem evitar interferir nos assuntos internos da China e trabalhar mais para relações bilaterais", destacou o porta-voz.
Burns, que chegou a Taiwan no domingo,
se reuniu hoje com Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista
(PDP), em um encontro qualificado como rotineiro por Washington.
"Como se fez em eleições presidenciais
anteriores, o governo dos EUA pediu a ex-funcionários do alto escalão
que viajem para Taiwan a título privado", expressou o Instituto
Americano em Taiwan em nota.
A presidente eleita de Taiwan disse que
seu governo espera manter estreitas relações com os EUA, impulsionando a
cooperação bilateral, especialmente nos campos econômicos e industrial.
Burns parabenizou Tsai por sua vitória
nas eleições do último sábado e também ao PDP, por conseguir maioria
absoluta no parlamento. Além disso, o enviado disse que os "EUA esperam
uma transição sem problemas ao novo governo, com maior cooperação e
intercâmbios", acrescentou no comunicado.
A viagem de Burns quase coincide com a
que será realizada pelo atual subsecretário de Estado, Antony Blinken,
que estará em Pequim nas próximas quarta e quinta-feira. Já o titular da
pasta, John Kerry, ira à China no dia 27 de janeiro.
O porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores da China reiterou hoje que a postura do país com relação a
Taiwan não muda com os resultados das eleições e que Pequim segue "se
opondo a qualquer atividade independentista". "Só há uma China no mundo,
e Taiwan pertence a essa China", frisou Hong.
Tsai e o PDP ganharam por grande maioria
o pleito presidencial e legislativo do último sábado, pondo fim a oito
anos de presidência de Ma Jing-yeou, do Partido Kuomintang, e a mais de
seis décadas de controle desse grupo político no parlamento.
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