Caçada para pegar mentor de atentados em Paris deixa mortos




Operação policial no norte de Paris provocou tiroteio.
Missão foi capturar terroristas escondidos em Saint-Denis.

A polícia e militares da França realizaram uma operação, na madrugada desta quarta-feira (18), no subúrbio de Saint-Denis, norte de Paris, que provocou um intenso tiroteio, deixou pelo menos dois mortos e sete presos. A ação foi uma caçada a suspeitos de terrorismo, em especial ao mentor dos ataques contra a capital francesa, Abdelhamid Abaaoud, que estaria escondido na região. O paradeiro dele segue desconhecido.
 
Segundo a Reuters, os alvos da operação planejavam realizar um ataque ao distrito financeiro parisiense de La Defense. A informação é de uma fonte próxima às investigações.
A operação começou por volta das 4h30 (horário de Brasília) e seu fim foi anunciado pelo governo francês às 9h.
As agências internacionais de notícias informaram, com base na polícia, que os dois mortos seriam terroristas, com envolvimento nos atentados da última sexta-feira (13): um homem teria sido morto a tiros e uma mulher teria se matado com uma bomba. Eles teriam sido encurralados em um prédio na região.
Em comunicado, a Promotoria de Paris, responsável pela investigação, indicou que a mulher "ativou seu colete de explosivos no início do assalto das forças de elite francesas (Raid)".
Os agentes conseguiram tirar do apartamento três pessoas, que estão detidas. No entanto, a identidade delas ainda não foi confirmada, acrescentou o comunicado.
A Promotoria, que não confirmou a presença de Abaaoud no local, afirmou que outras duas pessoas, um homem e uma mulher, relacionadas com o apartamento usado pelos suspeitos, também estão presos.
Segundo a AFP, um deles seria o homem que alugou o apartamento alvo da ação policial. Ele disse à agência antes de ser detido que um amigo pediu que ele abrigasse dois conhecidos por alguns dias. “Me pediram um favor, e eu fiz um favor. Não sabia que eles eram terroristas”, disse o homem, segundo a agência. Uma amiga que estava com ele seria a mulher detida.
A troca de tiros foi ouvida por moradores e pela imprensa. VEJA no vídeo abaixo:
As agências de notícias também informaram que mais duas pessoas foram detidas na operação, levando a sete o total de presos.
Montagem mostra suspeitos que estariam por trás dos ataques em Paris. Da esquerda para a direita: Bilal Hadfi (francês), um homem não identificado, Abdelhamid Abaaoud (o líder, 28 anos, belga), Salah Abdeslam e Samy Amimour (Foto: AFP)Montagem mostra suspeitos que estariam por trás dos ataques em Paris. Da esquerda para a direita: Bilal Hadfi (francês), um homem não identificado, Abdelhamid Abaaoud (o líder, 28 anos, belga), Salah Abdeslam e Samy Amimour (Foto: AFP)

Pelo menos cinco policiais ficaram feridos durante a operação antiterrorista em Saint-Denis, ao norte da capital, onde foram mobilizados militares, informaram fontes das forças de segurança. Um cão da força policial, um pastor belga de 7 anos, morreu no tiroteio.
Na região está localizado o Stade de France, alvo de um dos ataques terroristas de sexta. Os atentados deixaram ao menos 129 mortos e 352 feridos em Paris.
Após as buscas no apartamento, uma igreja em Saint-Denis também foi alvo da polícia. Imagens registradas no local mostram os policiais destruindo uma das portas do local para sua entrada. Não foram dados detalhes sobre o motivo da ação no local.
Polícia e ambulâncias durante caçada a mentor de atentados em Paris; operação foi realizada em Saint-Denis (Foto: AP Photo/Francois Mori)Polícia e ambulâncias durante caçada a mentor de atentados em Paris; operação foi realizada em Saint-Denis (Foto: AP Photo/Francois Mori)
Operação
A troca de tiros aconteceu nos arredores da Praça Jean Jaures, muito perto da histórica basílica gótica da cidade, onde estão enterrados vários dos reis da França.
O administrador de Saint-Denis, Didier Paillard, pediu aos cidadãos que vivem no centro da localidade que não saiam de suas casas.
O tráfego de trens entre as estações de Saint-Denis Université e Saint-Denis Porte de Paris foi interrompido, anunciou a companhia de transportes da região parisiense RATP.
O presidente da França, François Hollande, acompanhou toda a operação na madrugada desta quarta. Nas primeiras horas da manhã, ele iniciou uma reunião de emergência. É possível que o líder francês faça um pronunciamento ainda esta manhã.
Polícia francesa revista um rapaz durante operação no norte de Paris (Foto: Christian Hartmann / Reuters)Polícia francesa revista um rapaz durante operação no norte de Paris (Foto: Christian Hartmann / Reuters)
Procurados
Abdelhamid Abaaoud, um jihadista belga de 28 anos e integrante ativo do EI, é também conhecido como Abu Omar Susi ou Abu Omar al-Baljiki, ele é procurado desde janeiro como suspeito de também ter planejado atentados na Bélgica.
Salah Abdeslam, de 26 anos, suspeito de ser um dos terroristas que abriu fogo na sexta-feira contra vários cafés e restaurantes parisienses ao lado de seu irmão Brahim, que se matou ao detonar explosivos junto ao corpo, também está sendo procurado, sobretudo na Bélgica, onde, segundo as autoridades, os ataques foram planejados.
Com base em imagens de um vídeo, os investigadores acreditam que o Seat, um dos carros usados nos ataques, tinha uma pessoa a mais do que pensava até o momento.
Este suspeito pode estar foragido, a menos que se trate de um dos dois supostos cúmplices dos ataques detidos no sábado em Bruxelas e indiciados pela justiça belga por "atentado terrorista".
Os dois homens detidos, Mohammed Amri, 27 anos, e Hamza Attou, 20, teriam ajudado Salah Abdeslam a fugir de Paris após os ataques.
Desta maneira, nove homens teriam participado nos atentados de sexta-feira: três homens-bomba na área do Stade de France em Saint-Denis, três na casa de espetáculos Bataclan e três que abriram fogo de forma indiscriminada contra bares e restaurantes de Paris.
Ao menos três deles, Omar Ismail Mostefai, Samy Amimour e Bilal Hadfi, estiveram na Síria.
Imagem não datada disponibilizada na revista do Estado Islâmico Dabiq mostra belga Abdelhamid  (Foto: Militant photo via AP)Imagem não datada disponibilizada na revista do Estado Islâmico Dabiq mostra belga Abdelhamid (Foto: Militant photo via AP)

 

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