EXCLUSIVO - Detalhes da Operação Russa na Síria








O jornalista Pedro Paulo Rezende traz informações exclusivas sobre as ações russas na Síria

Caça Sukhoi Su-24M usado para ataque a alvos táticos. Foto tirada durante a Operação Center-2015. Foto - MOD Rússia


Pedro Paulo Rezende
Especial para o DefesaNet

 
O presidente Vladimir Putin ordenou o deslocamento de forças terrestres para apoiar as ações da Força Aérea na Síria. A informação foi repassada com exclusividade para Defesanet por uma autoridade ligada a Moscou. Os grupamentos irão atuar na proteção das instalações da Base Naval de Tartous e da Base Aérea de Bashel-al-Assad, repassada oficialmente pela República da Síria ao governo da Federação Russa.
 
Nota DefesaNet

Acompanhe notas emitidas pelo Ministério da Defesa da Rússia.

A emitida no dia 03 OUT 2015 já está disponível, em inglês:

Russia Declaration on Syria Actions Link

Inclusive vídeo da ação da bomba BETAB-500, especial para destruir alvos endureciddos com concreto (detalhe da foto)



 


Segundo a fonte, as unidades, constituídas por determinação do Parlamento, serão formadas integralmente por soldados, graduados e oficiais profissionais e atuarão apenas na defesa das instalações. Está previsto o envio de carros de combate T-90, blindados de transporte de tropas BMP-3, peças de artilharia e unidades adicionais de mísseis antiaéreos PANTSIR S1.

A Força Aérea Russa já deslocou, para proteger a instalação de eventuais ataques aéreos, quatro caças multifunção Sukhoi Su-30. O dispositivo se completa com 28 aviões de ataque. São quatro aviões Sukhoi Su-34, 12 Su-24M e 12 Su-25, além de um número não determinado de helicópteros de ataque Mil Mi-24.

Os especialistas europeus e norte-americanos, corretamente, entendem que os PANTSIR S1 e os Su-30 servem para dissuadir os aliados ocidentais e Israel de realizarem novas ações aéreas sobre território sírio.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, montou uma coalizão com a França e o Reino Unido, países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), para executar ataques aéreos nos territórios ocupados pelo Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria e pretendia que a Rússia participasse do processo, mas havia um ponto de discordância que impedia a realização do processo: Washington e seus aliados europeus pretendiam derrubar o presidente sírio, Bashar-al-Assad, aliado do chefe de Estado russo, Vladimir Putin.

Segundo o entendimento da Federação Russa, as operações da coalizão são ilegais. Estados Unidos, França e Reino Unido não receberam qualquer mandato da Organização das Nações Unidas nem foram convidados pelo governo sírio para atuar contra o EI. A atuação da aviação russa está garantida por um pedido formal do presidente Bashar-al-Assad. De maneira a evitar mal-entendidos, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Federação Russa, Sergei Lavrov, estabeleceram mecanismos de consulta entre militares dos quatro países e de Israel.

Primavera sangrenta

Para Putin, Assad é a única alternativa capaz de dar um fim à Guerra Civil Síria, que causou cerca de 200 mil mortes e deslocou mais de 2 milhões de refugiados, que começam a chegar aos países da União Europeia, causando uma enorme crise humanitária. A Federação Russa entende que a derrubada de Assad traria efeitos desastrosos ao Oriente Médio, já comprovados com o fracasso da Primavera Árabe — revoltas populares organizadas com apoio estadunidense e europeu que derrubaram governos na Tunísia, no Egito e na Líbia. Em lugar de surgirem novas democracias, os países foram envoltos pelo caos político, servindo de caldo de cultura para o surgimento de grupos extremistas.

De início, China e Rússia se abstiveram e deram carta branca a europeus e norte-americanos. O assassinato do líder líbio Muammar-al-Kadafi e a consequente desintegração da Líbia pôs um ponto final neste processo. Milícias fundamentalistas islâmicas substituíram o governo central e começaram a exportar armas e expertise para o surgimento de mais grupos radicais. A partir desse momento, Moscou e Pequim decidiram não mais permitir que o ocidente apoiasse o que se convencionou chamar de “revoluções coloridas”.

Para não sofrer o mesmo processo, Egito e Tunísia sofreram golpes militares. Na Síria, no entanto, um processo de protestos legítimos e pacíficos contra o governo desandou em conflito armado com o fornecimento de armas norte-americanas e europeias aos grupos opositores mais radicais. Foi um erro estratégico de grandes consequências que ampliou a ação do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL, na sigla em inglês).

O Estado Islâmico

O grupo, liderado por Abu Bakr-al-Baghdadi, empreendeu um ambicioso e sofisticado plano que vai muito além da derrubada de Bashar-al-Assad. O Estado Islâmico (EI) pretende agregar todos os países islâmicos em um grande califado, da África à fronteira com a Índia.

Ao exportar suas ações do Iraque para interferir na Guerra Civil Síria, congregou diversas facções que recebiam amplo fornecimento de armas da Europa, dos Estados Unidos e dos países do Golfo Pérsico. Apesar de suas táticas sangrentas, que incluem a divulgação de vídeos de degolamento de reféns e prisioneiros, o ocidente só passou a dirigir seus esforços para combatê-lo depois que o exército iraquiano quase entrou em colapso.

Nos últimos dois anos, a facção sofreu cerca de dez mil ataques por aviões estadunidenses, britânicos e franceses. Apesar de toda esta campanha, o grupo está mais forte do que no início. Os países ocidentais oferecem treinamento e equipam rebeldes sírios que consideram moderados para combater, simultaneamente, Assad e o EI.

O fracasso desta estratégia ficou claro na semana passada, quando um grupo de 72 rebeldes sírios, treinado pelos Estados Unidos, entregou ao Estado Islâmico caminhões pesados, artilharia, sistemas de mísseis antitanques, sistemas de mísseis antiaéreos, um prejuízo superior a US$ 20 milhões.

Inteligência coordenada

Ao contrário dos ataques realizados pela coalizão ocidental, feitos com pouco ou nenhum dado obtido sobre o terreno, a aviação russa irá atuar em coordenação com forças terrestres deslocadas pelo Irã, pela Síria e pelo Hezbollah. O Iraque também fornece informações sobre o inimigo, em um esforço concertado de inteligência, complementado pelo uso de satélites militares e drones russos. Com isto, a intervenção pode ser extremamente bem sucedida.

Como operam próximos as linhas de frente, os aviões de ataque podem operar com sua capacidade máxima de carga que, no caso do Su-34, pode chegar a 9 toneladas de armas. O Su-25 é altamente blindado, feito para combater formações blindadas da OTAN; altamente protegido, tem elevada capacidade de sobrevivência e é um aparelho de ataque muito efetivo. Apesar de relativamente antigos, os Su-24 possuem alta capacidade de carga e aviônica sofisticada. Todos têm capacidade de utilizar mísseis e bombas guiadas não só por laser como por GPS.

Com apoio terrestre adequado, a aviação russa pode ser fundamental na resolução do conflito, porque o objetivo do ataque aéreo é abrir frente para a ofensiva militar em terra. Ele não se basta em si. É exatamente esse problema que tem acontecido até agora com os ataques que a coalizão liderada pelos EUA no Iraque e na Síria. Além das forças pró-Assad, que incluem todas as minorias religiosas do país, inclusive cristãos e xiitas, contingentes de primeira linha iranianos estão chegando para reforçar o combate aos extremistas.

Objetivos russos

A estratégia do presidente Vladimir Putin não se limita à Síria. Estabeleceu fortes laços comerciais com a Turquia, rota de um gasoduto para a Europa, e pretende fazer valer as regras da Convenção de Montreux. Firmado em 1936, o documento estabelece que apenas navios de guerras dos países que costeiam o Mar Negro podem ultrapassar o Estreito de Dardanelos, controlado por Ancara. Segundo o entendimento de Moscou, a presença de navios da OTAN, que se tornou constante depois da reanexação da Península da Crimeia à Federação Russa, viola o acordo.

Ao saber que o Parlamento russo autorizara o envio de forças militares ao exterior, o governo da Ucrânia, que combate separatistas de origem russa no leste do país, enviou um pedido de esclarecimento a Moscou. Queria saber se o documento legal especificava a atuação das forças ao território sírio. Até agora, a consulta não foi respondida.



 

Dados Ministério da Defesa da Rússia

Vídeo liberado na noite do dia 1º de Outubro em Moscou. Mostra ataques com aeronaves Su-24M e Su-25, que realizaram 8 ataques eliminando postos de comando dos terroristas, segundo Moscou, e um edifíicio de três andares perto de  Hamah.
Todos os ataques aéreos são coordenados com o comando do Exército Sírio .
Para previnir o ataque à população civil,os alvos  são designados para a aviação russa somente em áraes inabitadas e com dados de reconecimento de várias fontes
Para a correta localização dos alvos dos teroristas foram usados Drones e informações de satélites de reconhecimento.

 Defesanet

 

 

Comentários