EUA pedem reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Venezuela




Os Estados Unidos requisitaram uma reunião pública do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas sobre a Venezuela no sábado e diplomatas disseram que esperam que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, discurse no encontro.

Na quarta-feira, Washington reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela e pediu que outros países façam o mesmo. O autocrata da Venezuela, Nicolás Maduro, respondeu rompendo relações diplomáticas com os EUA e ordenando que os diplomatas norte-americanos deixem o país.

Os Estados Unidos alegaram que a situação cada vez mais volátil na Venezuela e a crescente crise humanitária no país “poderia levar a mais conflitos regionais e instabilidade”, segundo o pedido para a reunião do Conselho de 15 membros visto pela Reuters.

O pedido enfrenta oposição da Rússia, que diz não considerar a situação da Venezuela uma ameaça à paz e à segurança internacional. Quando questionado nesta quinta-feira se o conselho deveria se reunir para discutir a Venezuela, o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse: “Eu não acho, isso é assunto interno deles.”

Qualquer membro do Conselho de Segurança pode pedir uma votação para bloquear a reunião. É necessário um mínimo de nove votos para ganhar tal votação e China, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido e França não podem exercer seus vetos. No entanto, diplomatas da ONU disseram que qualquer tentativa de impedir a reunião sobre a Venezuela seria derrotada.

Cortar receitas do governo Maduro e direcioná-las para oposição venezuelana

Os Estados Unidos trabalham para cortar as fontes de receita do governo venezuelano de Nicolás Maduro, para que seja o líder Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino, o responsável por intermediar o recebimento das receitas com o petróleo do país, disse nesta quinta-feira um funcionário de alto escalão em Washington.
O anúncio, sem maiores detalhes, mostrou que a Casa Branca está disposta a ir além das medidas diplomáticas tradicionais para drenar os recursos de Maduro, que já precisa lidar com uma recessão de cinco anos e uma hiperinflação anual de mais de um milhão por cento.
Caso vá adiante, a manobra fortalece Guaidó, presidente da Assembleia Nacional dominada por opositores, que na quarta-feira prestou juramento como presidente interino em um ato improvisado nas ruas de Caracas, recebendo em seguida o apoio de Washington e de países vizinhos, como o Brasil, e europeus.
“Nós estamos focando hoje em desconectar o regime ilegítimo de Maduro de suas fontes de receita”, disse John Bolton, assessor de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Acreditamos que isso seja coerente com nosso reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino constitucional da Venezuela, que essas receitas deveriam ir para o governo legítimo. É muito complicado”, afirmou Bolton a jornalistas na Casa Branca, acrescentando que a medida ainda está em estudo.
 
Os EUA são um dos principais compradores do petróleo venezuelano, que gera mais de 90 por cento das receitas em moeda estrangeira da Venezuela.
O Ministério da Informação venezuelano não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Guaidó também não respondeu a uma mensagem sobre o assunto.
O apoio a Guaidó cresceu nesta quinta, com seu reconhecimento por Reino Unido e Espanha, mas em Caracas a cúpula militar do país continua respaldando Maduro.
Maduro indicou que os governos de México e Uruguai tomaram a iniciativa diplomática para buscar um acordo de paz na Venezuela. “Eu apoio essa iniciativa pelo diálogo”, disse.
Não será fácil, contudo, implementar a transição almejada por Guaidó sem que haja um controle claro sobre as principais instituições estatais e sem as Forças Armadas, que seguem fiéis a Maduro.
O ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino, disse em um pronunciamento televisionado, nesta quinta-feira, que o ato de Guaidó foi “aberrante” e que os militares jamais reconheceriam como comandante-em-chefe alguém que não foi eleito.  
“Uma pessoa, não sei por qual motivo... levantou a mão e se autoproclamou presidente”, disse Padrino. “Tudo que se faz sem sustentação jurídica, legal, constitucional, não tem destino feliz, está destinado ao fracasso”, acrescentou.

Ministro da Defesa da Venezuela diz que Maduro é "presidente legítimo"


O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse nesta quinta-feira que Nicolás Maduro é o “presidente legítimo” do país e que a oposição estava realizando um golpe depois que Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional do país, se declarou presidente.
Padrino disse que os Estados Unidos e outros governos estão promovendo uma guerra econômica contra a Venezuela, país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) com as maiores reservas de petróleo do mundo.

Kremlin acusa EUA de tentarem usurpar poder na Venezuela; China se opõe a interferência externa

A Rússia acusou os Estados Unidos de tentarem usurpar o poder na Venezuela e advertiu contra uma intervenção militar norte-americana no país, assumindo posição contrária à de Washington e da União Europeia, que apoiaram protestos contra um dos principais aliados de Moscou.
O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó se autodeclarou presidente interino do país na quarta-feira, ganhando o apoio de Washington e da maioria da América Latina e fazendo com que o presidente socialista Nicolás Maduro, que lidera o país rico em petróleo desde 2013, rompesse os laços diplomáticos com os Estados Unidos.
A perspectiva da deposição de Maduro representa uma dor de cabeça geopolítica e econômica para Moscou que, junto com a China, tem se tornado um credor de Caracas, emprestando bilhões de dólares ao país. Moscou também tem fornecido apoio às Forças Armadas e à indústria petrolífera venezuelana.
Nesta quinta-feira, a Rússia acusou Washington estimular protestos de rua na Venezuela e de tentar derrubar Maduro, que chamou de presidente legítimo do país.
“Nós consideramos que a tentativa de usurpar a autoridade soberana na Venezuela contradiz e viola a base e os princípios da lei internacional”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Peskov disse que a Rússia não recebeu um pedido de ajuda militar por parte da Venezuela e se recusou a dizer como o país responderia se recebesse. Maduro, que se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou em dezembro, é o presidente legítimo da Venezuela, disse Peskov.
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia também se pronunciou, afirmando que Washington está tentando determinar o destino de outros países utilizando a conhecida estratégia de derrubar governos que o desagradam.
A chancelaria também disse para Estados Unidos não intervirem militarmente, advertindo que uma interferência externa pode levar a um massacre. “Nós alertamos contra um aventureirismo do tipo que é carregado de consequências catastróficas”,
O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, também ofereceu apoio a Maduro.
“Meu irmão Maduro! Mantenha a cabeça erguida, nós estamos com você”, disse Erdogan, segundo publicação do porta-voz presidencial Ibrahim Kalin no Twitter.
A China, grande credora de Caracas, também expressou apoio a Maduro, dizendo se opor a qualquer interferência externa na Venezuela e apoiar esforços para proteger a independência e estabilidade do país.
“A China apoia os esforços feitos pelo governo venezuelano para proteger a soberania, a independência e a estabilidade do país”, disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês Hua Chunying em um entrevista coletiva de rotina em Pequim.
“Quero enfatizar que as sanções externas ou interferências geralmente tornam a situação mais complicada e não ajudam a resolver os problemas reais”, acrescentou.

APOIO DA UE À OPOSIÇÃO

A União Europeia, que impôs sanções contra a Venezuela e boicotou a cerimônia de posse de Maduro no início deste mês, assumiu posicionamento diferente.
Embora tenha evitado acompanhar Washington no reconhecimento de Guaidó como presidente interino da Venezuela, o bloco pediu que autoridades respeitem os seus “direitos civis, liberdade e segurança” e pareceu apoiar pedidos por uma transição pacífica de poder no país.
“O povo da Venezuela clamou em massa pela democracia e pela possibilidade de determinar livremente seu próprio destino. Essas vozes não podem ser ignoradas”, disse o bloco em comunicado.

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