EUA impõem sanções a indivíduos e entidades da Venezuela acusados de integrar rede de fraude cambial



Os Estados Unidos impuseram sanções contra pessoas e entidades da Venezuela que participariam de um esquema de fraude cambial que desviou bilhões de dólares para pessoas corruptas ligadas ao governo de Nicolás Maduro, informou o Departamento do Tesouro norte-americano nesta terça-feira.
“As pessoas do regime venezuelano com informações privilegiadas saquearam bilhões de dólares da Venezuela, enquanto o povo do país está sofrendo. O Departamento do Tesouro quer atingir as pessoas que fazem parte dessa rede ilícita que o regime da Venezuela usou por muito tempo para roubar de seu povo”, disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em comunicado.

O Departamento mencionou sete pessoas e 23 grupos como parte do esquema, incluindo uma ex-autoridade do Departamento do Tesouro da Venezuela e o canal de televisão Globovision. Como resposta, a Venezuela lançou uma queixa na Organização Mundial do Comércio contestando as sanções e dizendo que a proibição de viagens a indivíduos e restrições comerciais violam as regras da OMC, mostrou um documento da entidade nesta terça-feira.

Na contestação, datada em 28 de dezembro, a Venezuela citou que as leis dos EUA sobre as vendas de ouro e tratamento discriminatório da dívida venezuelana e das transações em moeda digital também violam as regras da OMC.

Ex-juiz da Suprema Corte da Venezuela foge para os EUA e denuncia Maduro

Um ex-juiz da Suprema Corte da Venezuela que desertou e fugiu para os Estados Unidos pediu no domingo que o governate venezuelano, Nicolás Maduro, não assuma um novo mandato no dia 10 de janeiro, considerando que foi reeleito em uma votação que não foi livre e que não teve garantias legais.

Christian Zerpa, que foi membro da Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, abandonou o cargo em meio a uma crescente pressão internacional contra Maduro, dias antes do governate da Venezuela assumir novo mandato após processo eleitoral rejeitado por diversos países.

“Decidi junto com a minha família sair da Venezuela para negar, de uma forma ou de outra, o governo de Nicolás Maduro”, disse Zerpa em entrevista ao canal EVTV Miami, transmitido pela internet ou por TV a cabo. “Eu considero que o "presidente" Nicolás Maduro não merece uma segunda oportunidade uma vez que a eleição da qual ele supostamente saiu eleito não foi uma eleição livre, não foi uma eleição competitiva”, acrescentou.

O governo venezuelano ratificou na sexta-feira que Maduro assumirá seu segundo mandato e tomará posse em 10 de janeiro ante o Supremo Tribunal de Justiça, e não no Congresso. Zerpa deveria participar dessa cerimônia.

A principal corte do país afirmou no domingo, em comunicado publicado em redes sociais, que Zerpa, que chamou de ex-juiz, está sendo investigado desde 2018 por “assédio sexual, atos obscenos e violência psicológica”.

Zerpa disse que não denunciou as eleições de maio de 2018 antes pelo risco de ser perseguido e preso e, por isso, esperou para fazê-lo quando já havia deixado a Venezuela com sua família. Durante anos, Zerpa foi uma figura-chave do governo Maduro no Supremo Tribunal, que tem apoiado o governante Partido Socialista em todas as disputas legais desde que o sucessor de Hugo Chávez chegou ao poder.

O ex-juiz afirmou nos Estados Unidos que não há separação de poderes na Venezuela e que algumas decisões são ordenadas direto do palácio do governo. “O TSJ não atua com nenhum tipo de independência e, por isso, é um apêndice do Executivo”, disse Zerpa na entrevista.

O Ministério de Comunicação e Informação da Venezuela não respondeu de imediato a pedido de comentários sobre o assunto.

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