OTAN acusa Rússia de violar tratado de armas nucleares

EUA dão à Rússia 60 dias para se adequar a tratado nuclear

Secretário de Estado dos EUA participa de reunião de ministro das Relações Exteriores da OTAN, em Bruxelas 04/12/2018 REUTERS/Yves Herman


A OTAN acusou formalmente a Rússia, nesta terça-feira, de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), de 1987, que livrou a Europa de mísseis nucleares baseados em terra, e emitiu um comunicado em que apoia as acusações dos Estados Unidos sobre violações russas.

“Os aliados concluíram que a Rússia desenvolveu e implantou um sistema de mísseis, o 9M729, que viola o Tratado INF e representa riscos significativos para a segurança euro-atlântica”, disseram ministros das Relações Exteriores de países da OTAN em um comunicado após reunião.

“Apoiamos firmemente a constatação dos Estados Unidos de que a Rússia está em violação material de suas obrigações sob o Tratado INF”, acrescentou o comunicado.

 
EUA dão à Rússia 60 dias para se adequar a tratado nuclear
Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Bruxelas 04/12/2018 REUTERS/Yves Herman
Os Estados Unidos deram à Rússia um ultimato de 60 dias nesta terça-feira para esclarecer o que Washington considera uma violação de um tratado de controle de armas nucleares que mantém a Europa livre de mísseis.
Aliados da OTAN liderados pela Alemanha pressionaram o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em uma reunião em Bruxelas para dar à diplomacia uma última chance antes que Washington se retire do Tratado de Forças Nucleares de de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), de 1987, temendo uma nova corrida armamentista na Europa.
Por sua vez, os ministros de Relações Exteriores da OTAN concordaram em declarar formalmente a Rússia em “violação material” do tratado INF, em um comunicado em apoio aos Estados Unidos.
A Rússia nega qualquer desenvolvimento deste tipo de mísseis terrestres de cruzeiro, de alcance intermediário, capazes de transportar ogivas nucleares e atingir rapidamente cidades europeias.
Embora o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, tenha dito que agora haverá uma intensa mobilização diplomática para tentar convencer a Rússia a desistir do que Pompeo disse serem “múltiplos batalhões dos mísseis SSC-8”, Washington deve se retirar em fevereiro.
“Seu alcance os torna uma ameaça direta à Europa”, disse Pompeo sobre os mísseis, que também são chamados de Novator 9M729, depois de uma reunião com seus colegas da OTAN. Ele acrescentou que as ações da Rússia “prejudicam muito a segurança nacional dos EUA e de nossos aliados”.
Pompeo afirmou que o governo norte-americano levantou a questão pelo menos 30 vezes desde 2013 com Moscou, mas encarou, segundo ele, negações e contra-ações.
“À luz destes fatos, os Estados Unidos declaram a Rússia em violação material do tratado e suspenderemos nossas obrigações ... em 60 dias, a menos que a Rússia retorne ao cumprimento total e verificável”, declarou Pompeo.
Ele sinalizou que Washington será forçado a restaurar o equilíbrio militar na Europa depois desse período, mas se recusou a dar mais detalhes, dizendo apenas que os testes e implantações de novos mísseis estão suspensos até então.
Alemanha, Holanda e Bélgica estão preocupadas com a instalação de mísseis norte-americanos na Europa, como aconteceu nos anos 1980.
O tratado INF, negociado pelo então presidente Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev e ratificado pelo Senado dos EUA, eliminou os arsenais de mísseis de médio alcance das duas maiores potências nucleares do mundo e reduziu suas capacidades de lançarem um ataque nuclear a curto prazo.
Os mísseis US Cruise e Pershing implantados no Reino Unido e na Alemanha Ocidental foram removidos como resultado do tratado, enquanto a União Soviética retirou seus SS-20s de alcance europeu.

 

 

Statement on the Intermediate-Range Nuclear Forces (INF) Treaty

Issued by the NATO Foreign Ministers
Brussels, 4 December 2018




  1. The Intermediate-Range Nuclear Forces (INF) Treaty has been crucial in upholding NATO's security for over 30 years.
  2. Allies have concluded that Russia has developed and fielded a missile system, the 9M729, which violates the INF Treaty and poses significant risks to Euro-Atlantic security. We strongly support the finding of the United States that Russia is in material breach of its obligations under the INF Treaty.
  3. For over five years, Allies and the United States in particular, have repeatedly raised their concerns with the Russian Federation, both bilaterally and multilaterally. As we stated in the Brussels Summit Declaration in July, Russia has responded to our concerns with denials and obfuscation. Russia only recently acknowledged the existence of the missile system, but without providing the necessary transparency or explanation.
  4. The United States has remained in full compliance with its obligations under the INF Treaty since it entered into force. Allies have emphasized that the situation whereby the United States and other parties fully abide by the Treaty and Russia does not, is not sustainable.
  5. Russia's violation of the INF Treaty erodes the foundations of effective arms control and undermines Allied security. This is part of Russia's broader pattern of behaviour that is intended to weaken the overall Euro-Atlantic security architecture.
  6. Allies are committed to preserving strategic stability and Euro-Atlantic security. NATO will continue to ensure the credibility and effectiveness of the Alliance's overall deterrence and defence posture.
  7. We will continue to consult each other regularly with a view to ensuring our collective security. We will continue to keep the fielding of Russian intermediate-range missiles under close review.
  8. Allies are firmly committed to the preservation of effective international arms control, disarmament and non-proliferation. Therefore, we will continue to uphold, support, and further strengthen arms control, disarmament and non-proliferation, as a key element of Euro-Atlantic security, taking into account the prevailing security environment.
  9. We continue to aspire to a constructive relationship with Russia, when Russia's actions make that possible. As most recently confirmed at the Brussels Summit, we remain open to dialogue with Russia, including in the NATO-Russia Council.
  10. We call on Russia to return urgently to full and verifiable compliance. It is now up to Russia to preserve the INF Treaty.

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